domingo, 29 de junho de 2014

Luis Nassif: A disputa mídia x política e o poder libertador do voto


A disputa mídia x política e o poder libertador do voto

Luis Nassif

Historicamente políticos e jornais sempre disputaram quem era mais autorizado a falar pela opinião pública.  É essa competição que explica os conflitos reiterados entre ambos.

Ambos têm interesses próprios – legítimos ou ilegítimos – e lutam com garras e dentes para preservá-los. Ambos dependem de financiadores privados; ambos disputam recursos públicos.

Mas existem diferenças.

Os grupos de mídia buscam o público escolarizado, bancarizado e consumidor, que garante os patrocínios comerciais – porque consumidores – e a influência política – porque abarcando setores influentes da sociedade.

Já para os políticos, cada cidadão é um voto. Portanto, seu público é universal, distribuído por todos os cantos do país.

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Tem mais.

A governança de grupos de mídia é autocrática, anacrônica, pré-mercado de capitais.

As grandes sociedades anônimas, embora sob comando de grupos de controle, são obrigadas a prestar contas de seus atos a acionistas minoritários, a autoridades reguladoras do mercado de capitais, do direito econômico. Independentemente do tamanho, os grupos de mídia são fundamentalmente familiares. O processo de decisão é solitário, monárquico.

No Congresso, a governança é negociada. São deputados de todas as partes do país, precisando prestar contas aos seus eleitores (em alguns casos, aos seus financiadores), mas tendo de convencer seus pares. Mesmo os lobistas têm que legitimar publicamente seus argumentos.

***

No parlamento prevalece a democracia (cada voto um voto) e a ampla discussão; nos grupos de mídia, as decisões individuais e o cuidado de não chocar os leitores – o que os torna agentes do status quo.

Esta semana, o presidente da Câmara Federal, deputado Henrique Alves, ocupou rede nacional para uma prestação de contas. Mereceu notas pequenas nos jornais.

No balanço do ano, Alves divulgou as seguintes votações que representaram avanços civilizatórios importantes:

1. Criação do Plano Nacional de Educação, obrigando o governo federal a destinar 10% do orçamento para a área.

2. Votação do Marco Civil da Internet, assegurando a neutralidade da rede, dificultando a formação de novos monopólios, como existe hoje em dia na radiodifusão.

3. Prorrogação por quinze anos dos incentivos para a indústria de informática.

4. Aprovação das cotas raciais nos concursos para o serviço público.

5. Instituição do piso de R$ 1.014,00 para agentes comunitários de saúde e endemias.

6. Aprovação da Lei Menino Bernardo, para coibir violência doméstica contra crianças.

7. Votação de emenda constitucional que obriga a União, estados e Distrito Federal a garantir a presença de defensores públicos em todas as comarcas.

8. Aprovação do Código de Processo Civil.

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Em relação a esses temas, dentre os quatro grandes grupos de mídia, prevalece o entendimento de que qualquer gasto aplicado na melhoria das condições de vida da população subverte as contas fiscais. E que qualquer política que melhore a vida dos excluídos é eleitoreira.

Aí acertaram. Não fosse o interesse eleitoral pelo voto, não fosse o papel libertador do voto, não fosse o direito de voto estendido a analfabetos, esse país ainda seria uma grande fazenda.


29 jun 2014

sábado, 28 de junho de 2014

Outro legado da copa

Foto: Manifestantes contra a Imprensa (21/06/2013 . Blog do Saraiva

Outro legado da copa

Por Laurindo Lalo Leal Filho
26 jun 2014

Além de estádios, aeroportos e alguns novos serviços de transporte, a Copa do Mundo no Brasil deixa um outro grande legado: a certeza de que precisamos ampliar a liberdade de expressão no país.

Restrita a alguns jornalões diários, a revistas semanais monocórdicas (com exceção da Carta Capital) e a um conjunto oligopolizado de emissoras de rádio e TV, a informação homogênea, já denunciada há muito tempo pela mídia alternativa, tornou-se cristalina nesta Copa.

A revista semanal de maior tiragem chegou a anunciar que devido ao ritmo das obras dos estádios o Brasil só teria condições de realizar a Copa em 2038. Mas não foi só ela que vendeu essa mentira ao brasileiros. Foi a mais descarada, sem dúvida, não contando no entanto com o privilégio da exclusividade.

Basta consultar os jornais ou conseguir acesso aos telejornais dos últimos anos para constatar que todos rezaram pela mesma cartilha. O objetivo era desacreditar da capacidade do governo brasileiro em oferecer as condições necessárias para a realização de um evento desse porte.

A expressão “imagina na Copa” foi uma das mais ouvidas em aeroportos, rodoviárias, avenidas e estradas congestionadas e até em filas de bares e restaurantes, nos últimos tempos. Refletia a expectativa negativa criada pela mídia em torno do evento.

O clima ruim propagado dessa forma se alastrou mundo afora. Equipes estrangeiras de jornalistas baseadas no Brasil são raras. Na maioria dos casos a cobertura do pais é realizada por apenas um correspondente que se pauta, invariavelmente, pela mídia nativa.

Deu no que deu. Até uma Brazuca (bola oficial desta Copa) incandescente se aproximando como um meteoro mortal sobre o Rio de Janeiro ilustrou a capa de uma revista alemã. O Brasil era um perigo para quem por aqui se aventurasse neste 2014. Governos de alguns países alertaram seus cidadãos para esses riscos.

Tentava-se destruir em pouco tempo todo o esforço empreendido pelo governo brasileiro, a partir de 2002, para fazer dos país um ator respeitado, não apenas pelas transformações que operava internamente, mas também por sua seriedade e capacidade de ação política no cenário internacional.

Basta lembrar o protagonismo de Brasília, ao lado do governo turco, ao alinhavar com o Irã um acordo nuclear estimulado e depois boicotado pelos Estados Unidos.

Há uma cena impagável no filme “Habemus Papam”, do diretor italiano Nanni Moretti, quando após a morte do Papa o seu sucessor (representado pelo excelente Michel Piccoli) reluta em assumir o posto. Um dos cardeais, desesperado com a demora, alerta que daquele jeito logo o presidente do Brasil estaria por lá para ajudar a encontrar uma solução.

Ao que tudo indica, no entanto, lá como cá, a população não foi na onda da mídia. Estádios, ruas e praças estão lotadas, nunca houve tantos turistas circulando pelo Brasil ao mesmo tempo como nestes dias. Talvez pudessem ter vindo mais, não fossem os fantasmas plantados pela mídia.

Até a critica de que o ex-presidente Lula exagerou ao propor à FIFA um número maior de cidades-sede para a Copa foi por água abaixo. Todas estão dando conta do recado. Só é lamentável que cidades como Belém ou Florianópolis tenham ficado de fora. Em vez de 12 poderiam ter sido 14 ou quem sabe 16.

Diante de tudo isso os meios de comunicação farão auto-crítica ou serão responsabilizados pelas perdas causadas ao país? Claro que não. Basta ver que a torcida contra não desapareceu. Pequenos incidentes, comuns a qualquer grande evento, seguem tendo destaque. Para não falar da mesma revista, antes mencionada, que soltou a manchete: “Só alegria até agora”. O “até agora” é revelador da intenção.

Ao transitar das questões estritamente políticas para as político-esportivas a mídia tradicional deu uma contribuição importante para a revelação a um público mais amplo do seu papel disseminador de um pensamento único, antagônico aos interesses da ampla maioria da população brasileira.

Tiragens de jornais e revistas em queda, audiências de telejornais despencando são as respostas do público, cada vez mais consciente de que, por esses meios, não escapa do pensamento único.

Como através do mercado não há solução para o problema, ao contrário, ele só joga a favor da concentração da propriedade dos meios, resta a saída única da presença do Estado, regulando a comunicação para ampliar a liberdade de expressão.

A consciência dessa necessidade por camadas cada vez mais amplas da população é, sem dúvida, um dos maiores legados da Copa das Copas.

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Laurindo Lalo Leal Filho é sociólogo, jornalista e professor de Jornalismo da ECA-USP. Twitter: @lalolealfilho.

Reproduzido do Blog do Zé Dirceu

26 jun 2014

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Rede Gloebbels e você: tudo a ver!

Perda de credibilidade e de negócios: Globo é a grande derrotada da Copa

Era para ser uma janela de oportunidades para as empresas de mídia, mas a visão estreita e o partidarismo que assumiram se voltaram contra elas mesmas

Por Helena Sthephanowitz
Rede Brasil Atual
27 jun 2014

A Copa do Mundo de Futebol no Brasil deveria ter sido vista como uma oportunidade rara para as empresas de mídia fazerem bons negócios. Poderiam aproveitar a visibilidade e o interesse no Brasil pelo evento esportivo de maior popularidade do planeta para vender ao mundo reportagens, documentários sobre cada região no entorno das cidades-sede e ampliar os canais de exportação para produtos jornalísticos e obras audiovisuais.

Mas estas empresas, quase todas "filhotes da ditadura", perderam esta oportunidade histórica por visão pequena, provinciana, e pelo vício de tratar seu próprio negócio como se fosse um partido político, daqueles obrigados a contestar qualquer ação de um governo o qual querem derrubar nas urnas ou sabe-se lá como.

Até o início do Mundial, as tevês, jornalões, revistas e portais alinhados ao pensamento demotucano detonavam a Copa no Brasil. Óbvio que essa corrente de pensamento do contra influiu na imprensa estrangeira. Mesmo empresas de comunicação que tenham correspondentes no Brasil acabam contaminadas pelo que ouvem e veem nas telas de TV, nas capas de revistas e nas páginas dos jornais de maior circulação.

Com a chegada da Copa, cerca de 19 mil profissionais de mídia de diversos países do mundo desembarcaram no Brasil. Por si só, esse número já mostra o fracasso da imprensa tradicional brasileira. Quase ninguém quis comprar suas reportagens e matérias por falta de confiança na narrativa. Todos quiseram ver com seus próprios olhos, fazendo suas próprias reportagens, tanto esportivas como sobre outros acontecimentos.

E o aconteceu é que essa multidão de jornalistas estrangeiros passou a produzir matérias de todos os tipos com uma visão positiva, sem deixarem de ser realistas, sobre o Brasil – e suas narrativas foram muito diferentes do que havia sido propagado até antes da Copa.

As minorais barulhentas, que protestavam com quebra-quebras localizados e ganhavam grande destaque na pauta do principal telejornal brasileiro, passaram a ser retratadas com sua verdadeira dimensão no exterior: sem serem desprezadas, mereceram notas na imprensa internacional proporcionais à sua relevância.

E a maioria do povo brasileiro, até então silencioso, explodiu em festa com a chegada da Copa.

Prejuízo à própria imagem: JN tenta atribuir à imprensa estrangeira pessimismo contra a Copa no Brasil

Pois bem. Na quinta-feira (27), o Jornal Nacional da TV Globo fez uma longa matéria mea culpa, mas disfarçada, com o título "Clima festivo e sucesso da Copa conquistam manchetes internacionais".

O apresentador William Bonner abriu dizendo "Durante meses, os atrasos e os problemas de organização da Copa do Mundo foram assunto de muitas reportagens no Brasil e no exterior. Existia no ar uma preocupação generalizada com as consequências dos atrasos, das obras não concluídas. E os jornais estrangeiros eram especialmente ácidos nas críticas. Mas o fato é que, aos poucos, desde o início desse Mundial, isso tem mudado." Em seguida, citou algumas reportagens de revistas e jornais europeus e estadunidenses, comparando o conteúdo antes da Copa, que era negativo, e agora, francamente positivo.

O que o telejornal fez foi jogar no colo da imprensa estrangeira o que a própria TV Globo, junto com revistas como Veja e Época, e jornais como Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo propagaram incessantemente e que acabou repercutindo no exterior.

É a inversão das coisas. É como dizer: "Caros e ingênuos telespectadores, nada do que nós falamos durante meses sobre um suposto fracasso da Copa era verdade, como vocês estão percebendo, mas 'existia no ar uma preocupação generalizada' de que o seria, respaldada na imprensa estrangeira."

Como se vê, o 'tucanismo' da  Globo está levando-a à decadência.

Reproduzido de Rede Brasil Atual

27 jun 2014

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Ignacio Ramonet: Devemos ser ativos em nossa própria informação


Devemos ser ativos em nossa própria informação

Informar-se não pode ser uma atitude passiva. Os meios de comunicação não são confiáveis: o cidadão tem que aprender a verificar, ele mesmo, que fonte usar


No blog L’Ombelico de Mondo, o fundador do Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet, analisou o papel da mídia no panorama internacional e as novas formas de informação da era digital.

Em uma sociedade “hipermidiatizada”, o papel ativo de quem consome a informação é preponderante. Esta é a conclusão que o escritor e jornalista Ignacio Ramonet traz sobre as práticas dos grandes meios de informação aos quais estamos diariamente exposto.

“Informar-se não pode ser uma atitude passiva”, explicou Ramonet, em uma nova entrevista da série que o L’Ombelico del Mondo leva adiante com os principais protagonistas do jornalismo internacional em espanhol.

- Como o senhor analisa o panorama midiático latino-americano diante da aparição desta grande quantidade de meios alternativos, populares e comunitários?

Por um lado, é normal que os governos democráticos e progressistas que estão dirigindo a maioria dos países do continente abram espaço para este tipo de mídia. Estamos vendo muitos países da latino-americanos indo em busca de uma configuração desejada por muitos teóricos, onde o espectro midiático se divide em três partes de igual importância: meios privados, financiados pela publicidade; meios públicos, financiados pelo Estado (não pelos governos); e em meios comunitários, cujo objetivo é colocar em cena os movimentos sociais de uma maneira muito mais precisa e mostrar as questões locais, para que a cidadania possa se expressar.

O novo momento tecnológico que estamos vivendo, onde se desenvolveram tecnologias de comunicação muito rápidas e muito baratas e de alcance planetário, está permitindo que, ao lado do setor privado quase hegemônico faz alguns anos e o setor público em desenvolvimento atualmente, haja uma infinidade de meios que estejam se desenvolvendo. Porque hoje, para se ter um meio planetário, basta abrir um blog: qualquer um pode lê-lo, tanto na Argentina, quanto no México ou na Ásia, em qualquer lugar onde haja alguém que fale espanhol. E há gente assim por toda parte do mundo. Isto deu a possibilidade, junto com as redes sociais, que cada pessoa tenha a capacidade de se expressar. Estas duas razões, a política democrática e a tecnologia de rede, permitiram que haja uma emergência da expressão da cidadania no sentido mais amplo da palavra.

- E como reage a mídia hegemônica em relação a isto?

As duas razões que demos na primeira resposta criam uma atmosfera de inquietude entre os meios de comunicação dominantes. Até pouco tempo, eles eram privados e hegemônicos, não tinham rivais. Eram os únicos que tinham a possibilidade de se dirigir a todo mundo sem que tivessemos a possibilidade de responder. Por conseguinte, tinham o monopólio da informação e o monopólio da ideologia da mensagem.

Nos últimos 10 ou 15 anos, sobretudo desde a chegada da internet e na América Latina desde a expansão dos novos governos progressistas e democráticos, isto mudou. Então esta inquietude faz com que os meios dominantes de antes enfrentem três grandes problemas neste momento: estes dois que acabo de nomear mais a crise econômica, que faz com que tenham menos publicidade, o que faz com que fiquem muito "ansiosos". Então quando eles acreditam que têm uma informação e que são os únicos que dispõem dela, se precipitam. Com esta precipitação, creem que vão ser mais rápidos que os meios digitais e cometem erros que não podem prever. Porque essa manipulação corresponde ao que eles querem dizer.

Por exemplo, no caso célebre da foto falsa do presidente Chávez na mesa de cirurgia, evidentemente, a informação ali contida não era a de que o presidente havia sido operado, disso todos sabem. Eles queriam mostrar um Chávez debilitado, que é o que eles sonharam durante muito tempo. Então, ao invés de dar tempo para verificar se a foto era real ou não, apesar da origem extremamente estranha e labiríntica da foto, imediatamente decidiram publicá-la. O que ocorreu nas redes sociais? Em 20 minutos, demonstraram que a foto era falsa, que nem sequer era uma foto, e sim parte de um vídeo.

Isso demonstrou várias coisas. Por um lado, que os grandes meios de comunicação hegemônicos já não são confiáveis. O que já sabíamos, mas esta foi uma grande mostra disso. Não são confiáveis. Não é porque são grandes, poderosos, tenham muito dinheiro ou sejam difundidos em muitos países que têm de ser confiáveis. E por outro lado, que um enxame de internautas pode em algum momento preciso ser uma fonte de fiscalização e verificação da realidade de uma informação muito mais importante que todas as salvaguardas que os grandes meios de comunicação podem fazer.

- Ainda assim, há muito debate a respeito da confiabilidade das redes sociais. Existem relações de poder, informações mal intencionadas...

As redes sociais não são confiáveis. Mas assim como podemos afirmar tranquilamente que os grandes meios como El País, o New York Times, El Universal tampouco o são. Hoje em dia, a questão da confiabilidade dos meios é muito importante porque efetivamente não está garantida em nenhum lugar. E o cidadão tem de aprender a verificar ele mesmo que fonte vai usar.

As que se pretendem objetivas não o são e se pode demonstrar isso facilmente. Em certa medida, eu acredito que se tratam de fontes subjetivas, porque sei o que está a me ser dito, que vá no sentido do que creio ou na direção contrária. Porque em relação a isso posso ajustar meu ponto de vista. É daí que se faz cada vez mais importante ter acesso aos fatos, aos dados, para com isso fazer minha própria interpretação.

Hoje as redes sociais procuram novas ferramentas, que não nos deixam a sós diante dos meios de comunicação hegemônicos. Antes eu estava a sós ao me deparar com eles. Quando me passavam uma informação, eu não sabia se era verdadeira ou falsa, devia confiar neles. Agora não. Posso ir a internet e ver o que fulano disse. E talvez eles também se equivoquem, mas eu posso construir minha ideia. Em suma, informar-se é uma atividade.


Isto quer dizer que ninguém pode se informar passivamente. A pessoa não pode se sentar em frente ao televisor e esperar que lhe digam a verdade. Hoje isso já não pode ser, porque temos ferramentas, dispositivos, que estão permitindo que nos armemos. Por conseguinte, se dizemos que somos manipulados, isso não pode ser uma desculpa. É normal que queiram nos manipular. Mas hoje em dia dispomos de ferramentas que nos permitem que nos defendamos contra essa manipulação. E nós devemos ter um papel ativos em nossa própria informação.

Tradução: Roberto Brilhante

Reproduzido de Carta Maior

07 jun 2014 de L’Ombelico del Mondo 15 mai 2014

domingo, 22 de junho de 2014

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Preconceito e ignorância têm cura: vá se educar!


Preconceito e ignorância têm cura: vá se educar!

BRASIL

Título I
Dos Princípios Fundamentais

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO.


SANTA CATARINA

Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais

Art. 4º O Estado, por suas leis e pelos atos de seus agentes, assegurará, em seu território e nos limites de sua competência, os direitos e garantias individuais e coletivos, sociais e políticos previstos na Constituição Federal e nesta Constituição, ou decorrentes dos princípios e do regime por elas adotados, bem como os constantes de tratados internacionais em que o Brasil seja parte, observado o seguinte:

IV - a lei cominará sanções de natureza administrativa, econômica e financeira a entidades que incorrerem em discriminação por motivo de origem, raça, cor, sexo, idade, estado civil, crença religiosa, ORIENTAÇÃO SEXUAL ou de convicção política ou filosófica, e de outras quaisquer formas, independentemente das medidas judiciais previstas em lei;”


FLORIANÓPOLIS

Capítulo II
Dos Direitos Sociais

Artigo 5º. O Município assegurará, em cooperação com a União e o Estado, os direitos fundamentais do cidadão, observando:

I - proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e ao deficiente;

II - a promoção e integração no mercado de trabalho;

III - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção à vida comunitária.

IV - A igualdade absoluta entre os cidadãos, coibindo a discriminação por motivo de origem, raça, cor, sexo, idade, estado civil, crença religiosa, ORIENTAÇÃO SEXUAL, convicção política e filosófica ou outras quaisquer formas.


terça-feira, 17 de junho de 2014

Leonardo Boff: Quem envergonhou o Brasil aqui e lá fora?


Quem envergonhou o Brasil aqui e lá fora?

Leonardo Boff

Pertence à cultura popular do futebol a vaia a certos jogadores, a juízes e eventualmente a alguma autoridade presente. Insultos e xingamentos com linguagem de baixo calão que sequer crianças podem ouvir é coisa inaudita no futebol do Brasil. Foram dirigidos à mais alta autoridade do país, à Presidenta Dilma Rousseff, retraída nos fundos da arquibancada oficial.

Esses insultos vergonhosos só podiam vir de um tipo de gente que ainda têm visibilidade do país, “gente branquíssima e de classe A, com falta de educação e sexista” como comentou a socióloga do Centro Feminista de Estudos, Ana Thurler.

Quem conhece um pouco a história do Brasil ou quem leu Gilberto Freyre, José Honório Rodrigues ou Sérgio Buarque de Hollanda sabe logo identificar tais grupos. São setores de nossa elite, dos mais conservadores do mundo e retardatários no processo civilizatório mundial, como costumava enfatizar Darcy Ribeiro, setores que por 500 anos ocuparam o espaço do Estado e dele se beneficiaram a mais não poder, negando direitos cidadãos para garantir privilégios corporativos. Estes grupos não conseguiram ainda se livrar da Casa Grande que a tem entrenhada na cabeça e nunca esqueceram o pelourinho onde eram flagelados escravos negros. Não apenas a boca é suja; esta é suja porque sua mente é suja. São velhistas e pensam ainda dentro dos velhos paradigmas do passado quando viviam no luxo e no consumo conspícuo como no tempo dos príncipes renascentistas.

Na linguagem dura de nosso maior historiador mulato Capistrano de Abreu, grande parte da elite sempre “capou e recapou, sangrou e ressangrou” o povo brasileiro. E continua fazendo. Sem qualquer senso de limite e por isso, arrogante, pensa que pode dizer os palavrões que quiser e desrespeitar qualquer autoridade.

O que ocorreu revelou aos demais brasileiros e ao mundo que tipo de tipo de lideranças temos ainda no Brasil. Envergonharam-nos aqui e lá fora. Ignorante, sem educação e descarado não é o povo, como costumam pensar e dizer. Descarado, sem educação e ignorante é o grupo que pensa e diz isso do povo. São setores em sua grande maioria rentistas que vivem da especulação financeira e que mantém milhões e milhões de dólares fora do país, em bancos estrangeiros ou em paraísos fiscais.

Bem disse a Presidenta Dilma: “o povo não reage assim; é civilizado e extremamente generoso e educado”. Ele pode vaiar e muito. Mas não insulta com linguagem xula e machista a uma mulher, exatamente aquela que ocupa a mais alta representação do país. Com serenidade e senso de soberania pessoal deu a estes incivilizados uma resposta de cunho pessoal: ”Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do rumo”. Referia-se às suas torturas sofridas dos agentes do Estado de terror que se havia instalado no Brasil a partir de 1968. O pronunciamento que fez posteriormente na TV mostrou que nada a tira do rumo nem a abala porque vive de outros valores e pretende estar à altura da grandeza de nosso país.

Esse fato vergonhoso recebeu a repulsa da maioria dos analistas e dos que saíram a público para se manifestar. Lamentável, entretanto, foi a reação dos dois candidatos a substitui-la no cargo de Presidente. Praticamente usaram as mesmas expressões, na linha dos grupos embrutecidos: ”Ela colhe o que plantou”. Ou o outro deu a entender que fez por merecer os insultos que recebeu. Só espíritos tacanhos e faltos de senso de dignidade podiam reagir desta forma. E estes se apresentam como aqueles que querem definir os destinos do país. E logo com este espírito! Estamos fartos de lideranças medíocres que quais galinhas continuam ciscando o chão, incapazes de erguer o voo alto das águias que merecemos e que tenham a grandeza proporcional ao tamanho de nosso país.

Um amigo de Munique que sabe bem o português, perplexo com os insultos comentou: ”nem no tempo do nazismo se insultavam desta forma as autoridades”. É que ele talvez não sabe de que pré-história nós viemos e que tipo de setores elitistas ainda dominam e que de forma prepotente se mostram e se fazem ouvir. São eles os principais agentes que nos mantém no subdesenvolvimento social, cultural e ético. Fazem-nos passar uma vergonha que, realmente, não merecemos.

Leonardo Boff professor emérito de Ética e escritor

Reproduzido de Leonardo Boff

17 jun 2014

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Guia publicado pelo Intervozes sobre Mídia e Direitos Humanos


Guia publicado pelo Intervozes sobre Mídia e Direitos Humanos

O material é uma das ações do Ciclo de Formação em Mídia e Educação em Direitos Humanos, projeto do Intervozes em conveniamento com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que culminou na realização de formações em cinco capitais brasileiras com comunicadores e/ou jornalistas e na produção de um Seminário Nacional, realizado em Brasília, em março deste ano.

O Guia Mídia e Direitos Humanos apresenta questões gerais sobre direitos de negros e negras, população LGBT, mulheres, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes e população idosa e está estruturado em oito seções: “situando a pauta”, “marcos legais”; “calendário de pautas”; “em pauta”; “fique atento”; “boas práticas”; “glossário” e “guia de fontes”.

O Guia pode ser acessado e baixado gratuitamente aqui.

Reproduzido de Intervozes
04 jun 2014

quarta-feira, 11 de junho de 2014

I CONFECOM: os interesses em jogo


I CONFECOM: os interesses em jogo

A participação da sociedade civil no processo de democratização da comunicação está no centro dos debates do novo livro do professor Itamar Aguiar, do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina. A obra “1ª Confecom: os interesses em jogo” será lançada nesta quarta-feira, 11 de junho, às 14h, no SESC Cacupé, em Florianópolis, durante a abertura da plenária estadual da Federação dos Trabalhadores no Comércio do Estado de Santa Catarina (Fecesc).

Itamar Aguiar discute a importância histórica da primeira Conferência Nacional deComunicação (Confecom) para a consolidação da democracia no país, denuncia os interesses que movem a indústria midiática e aponta caminhos para a superação do modelo vigente.

Além de documentos, depoimentos e análises, o autor apresenta dados sobre os gastos com publicidade oficial pelos governos federal e dos estados de São Paulo e Santa Catarina, interpretando os interesses políticos e econômicos na distribuição das verbas aos veículos de comunicação. Revela-se, por exemplo, que, em Santa Catarina, os gastos com propaganda foram superiores aos investimentos em áreas sociais, e que, apesar do discurso da descentralização, a verba publicitária continuou concentrada nos grandes meios de comunicação.

Edição do autor, o livro é fruto de projeto de pesquisa aprovado pelo Departamento de Sociologia e Ciência Política em 2009.  ”São três anos de pesquisa militante”, sublinha o autor, que defende políticas públicas para o setor.

Mais informações:
Professor Itamar Aguiar
itamar@cfh.ufsc.br
Fone do autor na UFSC: (48) 3721-9250

Reproduzido de Divulga UFSC

11 jun 2014