Rede Globo lidera o ranking dos
devedores dos veículos de comunicação
Via Mundo
A mídia
nacional brasileira acumula atualmente uma dívida de R$10 bilhões, na qual 56%
pertencem à Globopar (Globo Comunicações e Participações, holding das
Organizações Globo), segundo relatório apresentado pelo setor ao Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Só no ano de 2002, estima-se que
o prejuízo nas empresas de comunicação no Brasil tenha alcançado a casa dos R$7
bilhões. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, rádios, tevês, jornais,
revistas e agências de notícias foram obrigadas a demitir pelo menos 17 mil
empregados.
O diretor de
Planejamento das Organizações Globo, Jorge Nóbrega, afirmou que a Globopar tem
uma dívida total de US$1,9 bilhão desde 2002, quando deixou de pagar
parcialmente os débitos. Com o atraso nos pagamentos, todas as dívidas ficaram
sujeitas ao resgate imediato.
Além das
dívidas acumuladas pela Globo no Brasil, o grupo tem enfrentado semelhante
situação nos Estados Unidos. O fundo de investimento norte-americano Huff,
credor da companhia, moveu processo contra a Rede Globo solicitando
renegociação judicial de uma dívida vencida da Globopar no valor de US$94,3
milhões. Devido à dívida, o Huff decidiu entrar na Corte de Falências do
Distrito Sul de Nova York em dezembro de 2003.
O fundo de
investimento Huff (o Foundations For Research, credor de US$175 mil) é apenas
um grupo dos três credores que entraram com um pedido de falência involuntária
da Globopar (Globo Comunicações e Participações). Os outros fundos são o GMAM
Investment Funds Trust I (que se diz credor de US$30,5 milhões da Globo), o WRH
Global Securities Pooled Trust (US$63,6 milhões).
Além da Globo,
outras mídias também enfrentam momentos difíceis, como é o caso da mídia
impressa, também afetada pela crise entre 2000 e 2002. Enquanto a circulação de
revistas caiu de 17,1 milhões para 16,2 milhões de exemplares/ano, a de jornais
caiu de 7,9 milhões de exemplares/dia para 7 milhões. Os investimentos
publicitários – divididos entre todas as empresas de mídia – diminuíram de
R$9,8 bilhões em 2000 para R$9,6 bilhões em 2002 (em valores sem correção).
A maior parte
das dívidas das empresas de comunicação se deve ao fato de as empresas
apostarem no crescimento da economia e na estabilidade do câmbio, na segunda
metade dos anos de 1990. Com isso, acabaram se endividando em dólar para tentar
aumentar a capacidade de produção.
De acordo com
relatório apresentado pelo setor ao BNDES em outubro de 2003, 80% das dívidas
são em dólar, e 83,5% têm vencimento em curto prazo.
Choveram
denúncias e mais denúncias contra a participação do BNDES na operação para
salvar a Globo da falência, e em meio a uma seara desordenada de denúncias e
oposições à questão BNDES, o jornalista Hélio Fernandes, em 14/3/2002, na
Tribuna de Imprensa foi categórico: “Deveriam ouvir Romero Machado, que
publicou o imperdível ‘Afundação Roberto Marinho’. Ali está contada de forma
irrespondível, a força que a Organização sempre teve na Justiça”.
E, de fato,
numa sequência de denúncias sérias e fundamentadas foi colocado nos meios de
comunicação a impossibilidade e a ilegalidade da associação Globo/BNDES. E com
isso a operação salvação da Globo foi parcialmente abortada. Mas é bom manter
os olhos permanentemente abertos, pois a Globo continua com uma dívida
impagável e o governo (federal, principalmente) vive sempre debaixo de muitos
escândalos.
Reproduzido de Folha de Minas
02 jan 2015
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