Após deboche, Band promete demitir repórter do “Brasil Urgente”
Por Keila Jimenez*
Outro Canal Folhablog
23 mai 2012
Após repercussão negativa nas redes sociais e ação de autoridades, a Band pretende demitir a repórter Mirella Cunha, do programa “Brasil Urgente Bahia”.
O vídeo de uma reportagem feita por Mirella, dias atrás, com um rapaz suspeito de crime sexual, causou indignação geral. Durante a matéria “Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência”, feita dentro da 12ª Delegacia de Itapoã, em Salvador (BA), a jornalista faz piadas com o fato de o detido ter confundido exame de corpo delito com exame de próstata, além de debochar dos erros de português do acusado.
O vídeo da reportagem com os deboches caiu internet e já foi muito acessado.
A coordenação do Núcleo Criminal do Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA) apresentou na quarta-feira (23) representação pedindo a adoção de medidas cabíveis contra a repórter da Band. O órgão pretende apurar se houve violação dos direitos constitucionais do entrevistado.
O blog apurou que a Band suspendeu a funcionária por tempo indeterminado e pretende demiti-la. O mesmo deverá ocorrer com outros eventuais responsáveis pela reportagem ter sido levada ao ar na afiliada baiana da emissora.
A rede diz repudiar a atitude da jornalista.
* A jornalista Keila Jimenez é colunista de TV do caderno "Ilustrada"
Reproduzido de Outro Canal Folha Blog
23 mai 2012
Leia também:
"Programas noticiosos na TV brasileira que as crianças assistem: a ridicularização e humilhação dos “entrevistados” como entretenimento", em Filosomídia (23/05/12) clicando aqui.
"Teles, Band e Rede TV! decidem permanecer na CONFECOM", em Observatório do Direito à Comunicação (06/08/2009) clicando aqui.
Comentários de Filosomídia:
Muito apropriado que a Band TV aplique os mesmos critérios para suspender ou demitir seus funcionários envolvidos na produção daquele "quadro" do programa. Que esse mea culpa se faça também na revisão de sua grade de programação, especialmente sobre seus programas noticiosos e telejornalismo que já deram mostra de repercussão nacional, como Boris Casoy e Datena.
E, Band TV e companhia não querem saber de nada sobre a auto-regulação, ou da regulação dos meios de comunicação, discussões que ganharam força com a realização da I CONFECOM (dezembro de 2009) e suas resoluções.
Um comentário:
O preocupante é dizer para que programas jornalísticos como o do Datena (que nada mais é do que a versão televisiva do caderno policial de jornais impressos) sejam cortados. Há programas de todos os tipos. Talvez seja necessária a mudança do apresentador, mas exterminar programas assim é privar a sociedade de algo que está falho, que é a ausência do estado na sociedade. E aí o erro não está na mensagem, mas no receptor. Dar de ombros para programas policiais que "só passam violência" é matar uma comunicação que poderia mudar nossa sociedade.
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