quarta-feira, 27 de junho de 2012

Muniz Sodré no Roda Viva: a regulação das comunicações no País


Palavras de um Oba Aressá sobre as comunicações no Brasil

Por Pedro Caribé

O baiano Muniz Sodré concedeu uma entrevista histórica no Roda Viva. Autodeclarado um “pessimista ativo”, ao ser instado a falar sobre a regulação das comunicações no País, ele colocou quatro pontos:

I) A distribuição de canais de radiodifusão no Brasil tem a mesma lógica de concentração da fundiária e se reproduz no “minifúndio” dos canais a cabo;

II) “Mais vozes” precisam ter espaço para escoar e acessar a produção, mesmo que tenham deficiências estéticas;

III) Disse não ver debate público no País: “Que consulta pública é essa?”;

IV) O governo federal persegue as rádios comunitárias como se fossem marginais: “O comunitarismo é algo essencial, mas não creio que o Estado faça isso”.

Muniz também foi perguntado o que achavas dos projetos de grupos editoriais Abril e Globo em investirem em educação e plataforma digitais… Respondeu que não é possível ética quando o objetivo é “evitar o vermelho ao final do mês”. Ética para Sodré tem relação com valores sociais e políticos, e o jornalismo corporativo patrimonial está sendo transposto para algo sem compromisso algum.

O jornalismo para ele é tão importante quanto o discurso da democracia. Já a televisão sempre foi espaço de “lixo reciclado”, inapto para promover educação, por não ter iniciação, afeto, tutor.  Sodré teve o ‘despeito’ até de mencionar no ar a crise da Tv Cultura.

O professor titular de comunicação na UFRJ também falou sobre o racismo brasileiro que se mantém devido as relações patrimonialistas pigmentocráticas. Falou muito sobre o sistema educacional, e quanto a greve das universidades federais, se disse favorável, não só pela arrogância do Governo Federal, mas por estar em curso um retrocesso na Educação e na Cultura.

Os novos intelectuais brasileiros estão emergindo da “periferia” segundo Sodré, que se intitula publicamente um “negro moderno”. Seguidor de filosofias “orientais” e também Oba Aressá, no Axé Opô Afonjá. Oba é título outorgado, depois de confirmação ritualística, a filhos de Xangô que tenham alguma relevância para a comunidade litúrgica.

Reproduzido de Vozes Baianas
26 jun 2012

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