sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Jornalismo para o público infantil é tema de novo programa da Rede Vida


Jornalismo para o público infantil é tema de novo programa da Rede Vida


Mariana Carvalho


Produzido pela Federação Paulista de Futebol, o ‘Futebol e Criança’ é o novo programa a ser transmitido pela Rede Vida de Televisão. Com estreia marcada para domingo, às 14h, a atração tem o objetivo de levar ao público infantil notícias sobre o esporte, além de demonstrar como a atividade física colabora para a saúde.


Apresentado pela jornalista Carolina Galan, o programa também vai ter game show, que sempre será disputado por escolas de Ensino Fundamental.  Com uma hora de duração, o ‘Futebol e Música’ também terá entrevistas com os principais atletas do momento e ex-jogadores que marcaram história no esporte.



De acordo com a produtora responsável pelo projeto, a Federação Paulista de Futebol, o principal objetivo do programa é valorizar a importância do futebol para a vida pessoal e cultural das crianças. Porém, os idealizadores afirmam que a atração não vai deixar de lado o teor de disciplina que marca a modalidade.


“A ideia principal será levar às crianças e adolescentes um programa de TV diferente dos oferecidos a esse público atualmente, com disputa, cultura, informação e orientação para a fase mais importante da vida dos telespectadores, sempre ligados e direcionados através do futebol, que além de criar craques, profissionais de sucesso, também tem como objetivo fortalecer a cidadania entre os jovens”, afirma a direção do ‘Futebol e Criança’.

Reproduzido de Portal Comunique-se
19 jan 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Televisão: fábrica de mais-valia ideológica



Televisão: fábrica de mais-valia ideológica



Elaine Tavares
A televisão é uma usina ideológica. Gera milhares de megawatts de ideologia a cada programa, por mais inocente que pareça ser. E ideologia como definiu Marx: encobrimento da realidade, engano, ilusão, falsa consciência. Então, se considerarmos que a maioria da população latino-americana, aí incluída a brasileira, se informa e se forma através desse veículo, pensá-la e analisá-la deveria ser tarefa intelectual de todo aquele que pensa o mundo. Afinal, como bem afirma Chomsky, no seu clássico “Os Guardiões da Liberdade”, os meios atuam como sistema de transmissão de mensagens e símbolos para o cidadão médio. “Sua função é de divertir, entreter e informar, assim como inculcar nos indivíduos os valores, crenças e códigos de comportamento que lhes farão integrar-se nas estruturas institucionais da sociedade”. Não é sem razão que bordões, modas e gírias penetram nas gentes de tal forma que a reprodução é imediata e sistemática.
Um termômetro dessa usina é a famosa “novela das oito”, que consolidou um lugar no imaginário popular desde os anos 60, com a extinta Tupi, foi recuperado com maestria pela Globo e vem se repetindo nos demais canais. O horário nobre é usado pela teledramaturgia para repassar os valores que interessam à classe dominante, funcionando como uma sistemática propaganda que visa a manutenção do estado de coisas. É clássica, nos folhetins, a eterna disputa entre o bem e o mal, o pobre e o rico, com clara vinculação entre o bem e o rico. Sempre há um empresário bondoso, uma empresária generosa, um fazendeiro de grande coração, que são os protagonistas. E, se a figura principal começa a novela como pobre é certo que, por sua natural bondade, chegará ao final como uma pessoa rica e bem sucedida, porque o que fica implícito que o bem está colado à riqueza, vide a Griselda de Fina Estampa, a novela da vez.
Outro elemento bastante comum nas novelas é o da beleza da submissão. Como os protagonistas são sempre pessoas ricas, eles estão obviamente cercados dos serviçais, que, no mais das vezes os amam e são muito “bem-tratados” pelos patrões. Logo, por conta disso, agem como fiéis cães de guarda. Um desses exemplos pode ser visto atualmente na novela global. É o empregado-amigo (?) da vilã Tereza Cristina. Ele atua na casa da milionária como um mordomo, cúmplice, saco de pancadas, dependendo do humor da mulher. Ora ela lhe conta os dramas, ora lhe bate na cara, ora lhe ameaça tirar tudo o que já lhe deu. E ele, premido pela necessidade, suporta tudo, lambendo-lhe as mãos como um cachorrinho amestrado. Tudo é tão sutil que não há quem não se sinta encantado pelo personagem. Ele provoca o riso e a condescendência, até porque ainda é retratado de forma caricata como um homossexual cheio de maneios, trejeitos e extremamente servil.
Mas, se o servilismo de Crô pode ser questionado pela profunda afetação, outros há que aparecem ainda mais sutis. É o caso da turma da praia que, na pobreza, hostilizava Griselda e, agora, depois que ela ficou rica, passou para o seu lado, vindo inclusive trabalhar com a faz-tudo, assumindo de imediato a postura de defensores e amigos fiéis. Ou ainda a relação dos demais trabalhadores com os patrões “bonzinhos”, como é o caso do Paulo, o Juan, o homem da barraquinha de sucos, e o Renê. Todos são “amigos” e fazem os maiores sacrifícios pelos patrões, reforçando a ideia de que é possível existir essa linda conciliação de classe na vida real. O grupo que atua com o cozinheiro Renê, por exemplo, foi demitido pela vilã, não recebeu os salários, viveu de brisa por um tempo e retomou o trabalho com o antigo chefe por pura bem-querença. Coisa de chorar.
Nesses folhetins também os preconceitos que interessam aos dominantes acabam reforçados sob a faceta de “promoção da democracia”. O negro já não aparece apenas como bandido, mas segue sendo subalterno. No geral faz parte do núcleo pobre, mas é generoso e sabe qual é o “seu lugar”. É o caso do ético funcionário da loja de motos. Um bom rapaz, que, no máximo, pode chegar a gerente da loja. As pessoas que discutem uma forma alternativa de viver aparecem como gente “sem-noção”, no mais das vezes caricaturada, como é o caso da garota que prevê o futuro, a mulher negra que era bruxa, o rapaz que brinca com fogo ou os donos da pousada que em nada se diferem de empresários comuns, a não ser nas roupas exotéricas. Ou o personagem do Zé Mayer, numa antiga novela, que via discos voadores, não aceitava vender suas terras e, no final, “fica bom”, entregando sua propriedade para a empresária boazinha que era dona de uma papeleira. Os homossexuais também encontram espaço nas novelas, dentro da lógica da “democratização”, mas continuam sendo retratados de forma folclórica, como é o caso do Crô, na novela das oito, ou do transexual da novela das sete. Já o índio, como é invisível na vida real, tampouco tem vez nas tramas novelistas e quando tem, como a novela protagonizada por Cléo Pires, vem de forma folclórica e desconectada da vida real. E assim vai...
Gente há que fica indignada com os modelos que as telenovelas reproduzem ano após ano, mas essa é realidade real. Os folhetins nada mais fazem do que reforçar as relações de produção consolidadas pelo sistema capitalista. Até porque são financiados pelo capital, fazendo acontecer aquilo que Ludovico Silva chama de “mais-valia ideológica”. Ou seja, a pessoa que está em casa a desfrutar de uma novela, na verdade segue muito bem atada ao sistema de produção dessa sociedade, consumindo não só os produtos que desfilam sob seu olhar atento, enquanto aguardam o programa favorito, mas também os valores que confirmam e afirmam a sociedade atual. Prisioneira, a pessoa permanece em estado de “produção”, sempre a serviço da classe dominante. Assim, diante da TV – e sem um olhar crítico - as pessoas não descansam, nem desfrutam.
É certo que a televisão e os grandes meios não definem as coisas de forma automática. Como bem já explicou Adelmo Genro, na sua teoria marxista do jornalismo, os meios de comunicação também carregam dentro deles a contradição e vez ou outra isso se explicita, abrindo chance para a visão crítica. Momentos há em que os estereótipos aparecem de maneira tão ridícula que provocam o contrário do que se pretendia ou personagens adquirem tanta força que provocam um explodir da consciência. E, nesses lampejos, as pessoas vão fazendo as análises e podem refletir criticamente. Mas, de qualquer forma, esses momentos não são frequentes nem sistemáticos, o que só confirma a função de fabricação de consenso que é reservada aos meios. Um caso interessante é o do transexual que está sendo retratado na novela da Record, que passa às dez horas. “Dona Augusta” é nascida homem e se faz mulher, sem a folclorização do que é retratado na Globo. É “descoberta” pelo filho que a interna como louca. Toda a discussão do tema é muito bem feita pelos autores, sem estereótipos, sem falsa moral. Mas, é a TV dos bispos evangélicos, que, por sua vez, na vida real pregam a homossexualidade como “doença”. São as contradições.
De qualquer sorte, a teledramaturgia brasileira deveria ser bem melhor acompanhada pelos sindicatos e movimentos sociais. E cada um dos personagens deveria ser analisado naquilo que carrega de ideologia. Não para ensinar aos que “não sabem”, mas para dialogar com aqueles que acabam capturados pelo véu do engano. Assim como se deve falar do que silencia nos meios, o que não aparece, o que não se explicita, também é necessário discutir sobre o que é inculcado, dia após dia, como a melhor maneira de se viver. Pois é nesse entremeio de coisas ditas, malditas e não ditas, que o sistema segue fabricando o consenso, sempre a favor da classe dominante.
Reproduzido de Palavras Insurgentes . 18 jan 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

“Hoje, aqui, ser índio é uma escolha”: Eu Sou Índio de Abya Yala!


Faz algum tempo, estive com um amauta, que na língua kichwa quer dizer sábio. Seu nome é Luis Fernando Sarango Macas. Ele é reitor da Universidade Intercultural de Amawtay Wasi, no Equador, uma escola que atua em outra lógica, a dos povos originários, a gente indígena, autóctone. Falávamos sobre essa questão de ser ou não ser indígena, já que na América Latina somos essa mistura de etnias. E Sarango pôs fim ao tema com a seguinte máxima: “hoje, aqui, ser índio é uma escolha”. E assim é.

Basta que a gente volte no tempo e em algum lugar da nossa árvore ali está, o índio. Indelével. Tiro por mim. Tenho descendência italiana, portuguesa, espanhola e indígena. Poderia ser a “raça cósmica”, de Vasconcelos, ou seja, uma coisa nova, a mistura, o mestiço. Poderia ser portuguesa, ou espanhola, ou italiana. E poderia ser índia. Mas, toda nossa cultura nos carrega para uma identidade dúbia. Ao mesmo tempo em que se tenta criar a idéia de uma original “brasilidade”, a mente dos brasileiros é formatada, desde pequena – via família, escola, igreja - para ser “europeia”. Talvez nessa contradição resida a “esquizofrenia racial” que se explicita não só aqui, mas em todo o continente.

Uma recente pesquisa feita com crianças no México (http://youtu.be/XAuYtpI3Cq8  ) mostra o quanto meninos e meninas indígenas, brancas e negras trazem marcado em ferro e fogo a ideia de que o branco é o belo, e tudo o que não se identifica com isso é feio, sujo, ruim. Causa profunda comoção ver aqueles rostinhos marcadamente indígenas apontarem para o boneco negro e dizer, timidamente: é feio, é mau, não me passa confiança. Daí que ser índio ou negro passa a ser o limbo.

Uma passada pelos livros de história e pela imprensa brasileira e ali estão os estereótipos muito claros e bem demarcados. Desde a invasão européia o índio é o selvagem, o preguiçoso, o que atrapalha a civilização, o inútil. Por isso foi completamente dizimado em grandes áreas do país. Mesmo as almas mais altruístas, como Rondon, acreditavam que era preciso integrar o índio à civilização, como se ele não fosse capaz de viver segundo a sua maneira e, desde o início do século XX, iniciou-se essa “humanitária” integração. Na prática, integrar-se seria esquecer sua cultura, esquecer seus traços físicos, sua língua, seus deuses. Integrar-se seria sumir no universo branco, cristão, eurocêntrico. Integrar-se seria deixar de ser quem é em nome de uma “brasilidade” falsa. Os que não aceitaram esse perder-se no mundo branco foram confinados em reservas, que vez ou outra lhes são tiradas ou diminuídas em nome do lucro e dos desejos do mundo invasor.

E, com o passar do tempo a prática também mostrou que, mesmo com a integração, há coisas que não se pode mudar. A cor da pele, o rasgo do olho, o cabelo liso, a atávica sede de horizontes. Um índio não pode se “integrar”, misturando-se a malta branca, porque não o é. Um índio, assim como o negro, tem, como diz Milton Nascimento, a marca da cor e da cultura. E uma sociedade, na qual as crianças aprendem desde a família que o bom é ser branco e cristão não tem como gerar outros seres que não esses que vemos por aí, cheios de ódio racial, discriminação e preconceito. Daí que ser índio nesse país segue sendo algo ruim, sujo, feio, anacrônico.

Então, se a sociedade é formada assim, para ver o índio como um ser menor, como esperar que as pessoas entendam a necessidade da demarcação das terras indígenas? Como querer que as maiorias entendam que as comunidades indígenas precisam de espaço para vivenciar sua cultura, que é rica, que é bela, que é singular? Como vão entender que esse povo que vive nos caminhos, nos barracos, na luta cotidiana por território tem os mesmos direitos que os brancos? A identidade dos indígenas como um ser de “segunda categoria” segue sendo difundida, sem parar. E o máximo a que se chega é a uma musculação da consciência, com o sentimento de pena ou a doação de um saco de arroz, o que reforça ainda mais a ideia original.

No que diz respeito a mim faz tempo que decidi assumir a parte indígena que vive em mim. Minha trisavó era índia, charrua. Nascida e criada na Banda Oriental, filha de um povo valente, arranchado em toldos nas sesmarias do sul. Conhecedora das ervas, exímia na boleadeira, amazona de primeira. O povo charrua foi o que melhor se adaptou ao cavalo trazido pelos espanhóis, chegando a quase se tornar um só ser, charrua/cavalo, centauro da guerra de independência junto com o grande José Artigas. Minha trisavó talvez tenha sido uma daquelas charruas guerreiras, das poucas que sobraram do massacre perpetrado pelas tropas de Fructuoso Rivera, então presidente do recém criado Uruguay, ao povo charrua. Fugida pelo campo afora foi bater em Itaquy, hoje Rio Grande do Sul, e lá foi tomada por um português que a tornou sua mulher. Desse tronco vim...

Essa é uma decisão pessoal, mas que tem importância para o tema em questão. Porque a compreensão do ser indígena precisa passar, em cada família, em cada pessoa, por um longo processo de conhecimento ou re-conhecimento de quem somos e de onde viemos, nós todos, como povo. É necessário compreender as raízes deste imenso espaço geográfico que hoje ocupamos com a cultura ocidental/cristã. Não dá para fingir que estas eram pradarias e montanhas vazias quando aqui chegaram os portugueses e espanhóis. Havia povos e culturas. E isso segue vivo, a despeito de tudo. Vive nos nomes das coisas, dos lugares, na lembrança atávica, nos costumes, nos hábitos. É coisa viva!

Então, não dá para aceitar que não se reconheçam os índios como seres capazes de tomar suas próprias decisões – seguem sendo tutelados no Brasil. Não dá para aceitar que não sejam levados em conta nos seus desejos e vontades, como a não construção de Belo Monte e demais represas que impactam nas suas terras. Não dá para achar natural que uma mulher branca tenha indiazinhas em sua casa trabalhando como escravas. Não dá para aceitar que se queimem índios nas paradas de ônibus em Brasília, ou nos fundões do país. Não dá para reproduzir idéias estúpidas como a de que são preguiçosos, ladrões, sujos. Desse tipo há, é certo. Mas tanto quanto há entre os brancos, os negros, os amarelos e os azuis. Não é a etnia que define o caráter.

Assim como para com os negros, trazidos à força, como escravos, há uma grande dívida a ser resgatada com os povos indígenas desta terra. E isso tem de começar já, desde as famílias, as escolas e até as igrejas, que tanto forjam a mente das pessoas. É preciso contar as histórias, os mitos, ensinar das culturas, das canções, do modo de organizar a vida. É preciso fazer entender que cada povo tem a sua “linha da vida” como essa que se vê hoje no facebook. E que ela começa bem lá atrás. Há que desfazer os preconceitos e isso só se consegue com conhecimento. Há que se assumir essa herança Jê, Tupi, Guarani. É o que somos! E não dá para fugir.

É certo que esse é um longo caminho, mas a larga jornada se inicia com o primeiro passo. Ruben Alves tem um texto no qual fala do humano, comparando-o a uma hospedaria. E que vez ou outra assoma na janela um desses hóspedes que moram em nós: o alegre, o triste, o raivoso, o doente, o malvado, o generoso, enfim. Pois uso a mesma metáfora para o que somos, no Brasil, como povo. Também somos uma hospedaria, na qual, a cada tanto, assoma na janela o negro, o índio, o branco, o amarelo, o azul. Eles existem todos dentro de nós, porque somos um, como raça. E temos de conhecê-los, aceitá-los e amá-los. Cada um pode escolher qual o que ficará à janela mais tempo. Mas, fatalmente, os demais assomarão. E devem fazê-lo, principalmente quando forem discriminados ou oprimidos. Eu, por exemplo, sou charrua, mas posso ser negra quando meus irmãos forem atacados, e posso ser branca se precisar.

O que, talvez, devesse nos unir, sempre, seja nossa consciência de classe. Quem somos no cenário da vida: os que oprimem ou os que farejam a liberdade? E isso é coisa que tem de ser ensinada, todos os dias, em todos os lugares. O racismo é uma construção das forças que sempre estiveram no poder. Diminuir para dominar. O grande segredo da luta de classes é não aceitar essa premissa. Ninguém é menor que ninguém por conta da cor ou do rasgo dos olhos. Ninguém é menor que ninguém por conta da conta bancária. Como diz o poeta: menores que nosso sonho, não podemos ser. Então, a luta contra o racismo é sempre a luta contra esse poder que aí está.

Os índios não são contra o a construção de uma vida melhor para todos, eles apenas querem que a deles também seja respeitada, querem suas terras, seus direitos, querem viver em paz na sua forma de ser, autônoma, criadora, original. Entender isso é o tal do primeiro passo da larga jornada que haveremos de empreender rumo à outra forma de organizar a existência que não seja predadora, escravizante ou de opressão do homem pelo homem. Ser índio é bonito e é bom. Essa é uma verdade abissal!

Reproduzido do blog “PovosOriginários” por Elaine Tavares

domingo, 15 de janeiro de 2012

Sumak Kawsay - Bem Viver - Bem Conviver: Agenda Latino-Americana Mundial 2012


A Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, em parceria com diversas instituições e movimentos pastorais e sociais, lançou a Agenda Latino Americana Mundial, além de um apoio para registro de compromissos, é um instrumento de formação e reflexão, com textos selecionados de acordo com a temática de cada ano. Em 2012, o tema da agenda é “Bem Viver – Bem Conviver: Sumak Kawsay”. A Casa da Juventude Pe. Burnier integra a rede de parcerias da agenda.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (62) 3229-3014 ou pelo e-mail: justpaz@dominicanos.org.br

Leia mais sobre a agenda, prefácio de Pedro Casaldáliga, índice e faça seu pedido, clicando aqui.

A Agenda Latino-Americana Mundial, com a edição de 2012, faz 21 anos. Desde seu primeiro número, "esta obra tem assumido o desafio de contribuir, modestamente, mas com muita paixão, na análise e no compromisso das grandes causas de nossa América. Mas, alargando horizontes veio a assumir uma perspectiva latino-americana mundial. As grandes causas são inevitavelmente mundiais, sobretudo agora em tempos de globalização. E são causas grandes porque abraçam nossas vidas, a Sociedade, o Planeta, o Universo... As nossas causas ‘valem’ mais que a nossa vida, porque são elas as que à vida dão sentido. Somos o que amamos, o que fazemos, o que sonhamos" (Pedro Casaldáliga. Latino-americana 2012, p. 10).

A "Agenda Latino-americana Mundial" foi e continua sendo: "Sinal de comunhão continental e mundial entre as pessoas e as comunidades que vibram e se comprometem com as grandes causas da Pátria Grande, como resposta aos desafios da Pátria Maior. Um anuário da esperança dos pobres do mundo a partir da perspectiva latino-americana. Um manual companheiro para ir criando a ‘outra mundialidade’. Uma síntese da memória histórica da militância e do martírio da Nossa América. Uma antologia de solidariedade e criatividade. Uma ferramenta pedagógica para a educação, a comunicação, a ação social ou a pastoral popular" (Latino-americana 2012, 1ª página).

A "Latino-americana 2012" dedica suas páginas à utopia indígena do Bem Viver (em quéchua: Sumak Kawsay). "Não se trata de um tema realmente novo, mas sim de uma riqueza de sabedoria que só nos últimos anos os povos indígenas estão trazendo à luz e oferecendo-a ao mundo como sua contribuição à aventura humana. Ouvir esta proposta, acolhê-la, levá-la a conhecer no nosso Continente e fora dele, meditá-la, é o que queremos fazer nesta Agenda, somando-nos na reflexão coletiva que está se realizando dentro e fora do Continente sobre este Bem Viver" (José Maria Vigil. Ib., p. 8).

A palavra libertadora, o Bem Viver, "nos sai ao encontro como um evangelho de vida possível, digna e para todas as pessoas e todos os povos. Boa nova do Bem Viver frente ao mau viver da imensa maioria e contra ‘a boa vida’, insultante, blasfema, de uma minoria que pretende ser e estar ela sozinha na casa comum da Humanidade" (Pedro Casaldáliga. Ib.).

O Bem Viver é, pois, o Bem Conviver e o Bem Conviver é o Bem viver. Não há uma boa vida humana que não seja uma boa convivência humana e vice-versa. "Somos relação, sociabilidade, comunhão, amor. Já se subentenderia que uma boa vida pessoal tem que ser também comunitária; mas é melhor destacar isso explicitamente para não cairmos em subentendidos que ignoram o que se deve entender e assumir, vitalmente, radicalmente. Eu sou eu e a Humanidade inteira. Dois são os problemas e duas as soluções: as demais pessoas e eu. Isto não se pode ‘subentender’ apenas; deve-se gritar" (Ib., p. 11).

O Bem Viver - Bem Conviver é o "Sonho Real", que era o nome da ex-Ocupação do Parque Oeste Industrial em Goiânia (cujos moradores foram barbaramente despejados por causa da ganância dos donos das imobiliárias e da conivência criminosa do Poder Público, Estadual e Municipal).

Jesus de Nazaré, profeta do maior Sonho Real ou "profeta da maior Utopia (‘que sejamos bons como Deus é bom, que nos amemos como Ele nos amou, que demos a vida pelas pessoas que amamos’) promulgou, com sua vida e sua morte e sua vitória sobre a morte, o Bem Viver do Reino de Deus. Ele é pessoalmente um paradigma, perene e universal, do Bem Viver, do Bem Conviver" (Ib., p. 11).

Nós da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil - empenhados em lançamentos da obra país afora - queremos espalhar a Agenda e sua causa. Como diz Pedro Casaldáliga, queremos aumentar a "Tribo dos lançadores da Agenda" (Cf. Ib., página inicial).

Reproduzido de Adital
15 jan 2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Defensoria/SP pede que Cereser tire "espumante" para crianças do mercado


Defensoria pede que Cereser tire "espumante" para crianças do mercado

Marília Miragaia . Folha de São Paulo
De São Paulo

A DefensoriaPública do Estado de São Paulo enviou uma recomendação à Cereser para que retirasse do mercado uma bebida gaseificada sem álcool, destinada a crianças, que reproduz o formato de espumantes tradicionais --inclusive com rolha.

Lançada em 2011 para as festas de fim de ano, a embalagem colorida do Disney Spunch traz personagens da Disney, como a Cinderela, a Branca de Neve e o Mickey.

De acordo com Diego Vale de Medeiros, coordenador do Núcleo do Infância e Juventude da Defensoria, a estratégia da empresa foi "irresponsável, por se relacionar com produto direcionado ao adulto e fazer analogia a espumantes".

Para ele, a bebida fere tanto o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao induzir o consumo de álcool, quanto o Código de Defesa do Consumidor -- seria considerada publicidade abusiva.

A recomendação não é uma decisão judicial, mas a intenção da defensoria é levar o caso à Justiça, caso o pedido de retirada da bebida das lojas não seja seguido.

Reproduzido de Folha de São Paulo . 10/01/2012

YouTube quer se tornar o centro da internet


YouTube quer se tornar o centro da internet

Redação . Adnews
10/01/2012

O investimento do YouTube na criação de canais com conteúdo próprio tinha um foco específico: o site quer se tornar a parte central na vida dos internautas.

"O que queremos é que os usuários passem mais tempo no YouTube", explicou Robert Kyncl, vice-presidente de parcerias do site de vídeos do Google, em entrevista à Reuters durante a CES (Consumer Electronics Show), em Las Vegas (10-13 jan 2012).

O YouTube já conta com 800 milhões de espectadores mensais, responsáveis pelo consumo de 500 milhões de vídeos por dia apenas via celular. Mas isso ainda é pouco para a empresa, que quer se tornar mais popular.

Para isso, conta com a colaboração da indústria de tecnologia, que precisa desenvolver produtos compatíveis com o YouTube, como as TVs conectadas.

"Nós nos beneficiamos muito do que os fabricantes de bens eletrônicos de consumo fazem com seus aparelhos, ou seja, integrar acesso à internet", afirmou Kyncl. "Isso nos permite atingir mais consumidores."

Hoje o site já funciona em cerca de 350 milhões de dispositivos, incluindo televisores, smartphones e tablets. A quantidade de vídeos consumidos via mobile dobrou no prazo de um ano, segundo Kyncl, que se recusou a revelar a quais taxas o YouTube deve crescer em 2012.

"Erramos em nossas projeções do ano passado. Fomos conservadores demais", afirmou. "Não é só o YouTube. Há também a Netflix e o Hulu. Seja em tablets, celulares ou televisores. A tendência continuará."

Reproduzido de Adnews via Cliping FNDC

É feio porque é preto...


Qual boneco é feio? Campanha com crianças alerta contra o racismo

Dois bonecos, um branco e outro negro, são colocados em frente a crianças de diferente raças. Em seguida, uma entrevistadora questiona um por um: "Qual boneco é bonito? E qual é feio?". As respostas dadas para essas e outras perguntas feitas no vídeo evidenciam o motivo de uma campanha lançada no México pelo Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação.

Segundo o organismo, logo após o experimento, foi realizada uma oficina para discutir o racismo com as crianças participantes e suas famílias. A intenção era criar um espaço de “reflexão e contenção das emoções geradas". A Enquete Nacional sobre Discriminação no México, realizada em 2010, indicou que as mulheres tendem a identificar-se com tons de pele mais claros. O mesmo ocorreria com os homens, mas de maneira menos evidente.

Para produzir o vídeo, o Conselho precisou pintar um boneco negro com um tom de marrom e mudar os olhos azuis para outros na tonalidade café. Isso foi necessário porque não possível encontrar um boneco com essas características nas lojas de brinquedo da Cidade do México.

Em cadeia nacional de televisão desde dezembro, o projeto foi desenvolvido a partir de um sistema elaborado na década de 1940 nos Estados Unidos pelo casal de psicólogos Kenneth e Mamie Clark. Os norte-americanos desenvolveram uma pesquisa, também com bonecos negros e brancos, envolvendo crianças e puderam evidenciar o racismo presente na sociedade norte-americana à época. A ação mexicana faz parte de uma campanha chamada “Racismo no México”.

Reproduzido do Portal Vermelho
10/01/2012


Conheça o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/Brasil) clicando aqui.


Conheça a Campanha Infância sem racismo (Brasil) clicando aqui.


Leia "Ser índio", por Elaine tavares no blog "Povos originários" clicando aqui.

Mecanismo permitirá que crianças denunciem violações de seus direitos


Mecanismo permitirá que crianças denunciem violações de seus direitos

Redação
Andi - Agência de Notícias dos Direitos da Infância
10/01/2012

Após cinco anos de debate e trabalho, foi aprovado na Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 19 de dezembro de 2011, o projeto final do protocolo facultativorelativo a comunicações da Convenção Internacional sobre os Direitos daCriança. O instrumento permitirá que menores de 18 anos ou seus representantes denunciem abusos ou violações de direitos humanos perante uma comissão internacional formada por especialistas.

"Com este novo Protocolo Facultativo da Convenção sobre os direitos da Criança relativo a ‘comunicações’ ou a um procedimento de reclamação, a comunidade internacional colocou efetivamente os direitos das crianças em igualdade de condições com os demais direitos humanos e reconheceu que crianças e adolescentes também têm o direito a apelar a um mecanismo internacional, assim como os adultos”, manifestou a coalizão de ONGs que lutou pela concretização do Protocolo.

A partir de agora, a batalha é para que os Estados ratifiquem o novo Protocolo o mais rápido possível. A coalizão de ONGs agora prometer iniciar campanha para que os Estados membros comecem de imediato as discussões e processos nacionais com vistas à ratificação. Para demonstrar comprometimento com a garantia dos direitos de crianças e adolescentes, os Estados serão estimulados a aderir ao Protocolo durante a cerimônia oficial de assinatura, que se realizará em 2012.

A pressa das ONGs para a adesão ao mecanismo jurídico se deve ao fato de que este instrumento internacional só poderá entrar em vigor três meses depois da ratificação e adesão de dez Estados membros.

Quando estiver em funcionamento, o Protocolo Facultativo de comunicações permitirá que o Comitê Internacional sobre os Direitos da Criança receba queixas ou comunicações de crianças, adolescentes ou de seus representantes sobre abusos ou violações de direitos dos menores de 18 anos cometidos por Estados membros da Convenção.

Enquanto analisa a denúncia, o Comitê poderá pedir que o Estado adote medidas provisórias para evitar qualquer dano irreparável a meninas e meninos. Também poderá ser solicitada proteção com a intenção de resguardar a integridade da criança ou adolescente e evitar que seja alvo de represálias, maus-tratos ou intimidação em virtude da denúncia.

Contexto

Uma coalizão internacional constituída por cerca de 80 ONGs, com o apoio de mais de 600 organizações de todo o mundo e coordenada pelo Grupo de ONG para a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDN, por sua sigla em espanhol) vem trabalhando e pressionando desde 2006 para a aprovação do Protocolo Facultativo da Convenção sobre os Direitos da Criança relativo a comunicações. O trabalho foi encabeçado por Sara Austin (Visão Mundial) e Peter Newell (Iniciativa Global para Acabar com Todo Castigo Corporal contra as Crianças).


Este Protocolo é o terceiro da Convenção, que já contempla mecanismos jurídicos contra o tráfico de crianças, a exploração sexual infantil e a pornografia infantil. É comum que após a aprovação de uma Convenção sejam adicionados protocolos facultativos para complementar e acrescentar provisões à Convenção, assim como para ampliar os instrumentos de direitos humanos.

Fonte: Adital
Reproduzido de Clipping FNDC

Conheça o documento clicando aqui.

Pesquisa Nielsen: TV se mantém como meio mais popular nos Estados Unidos


TV se mantém como meio mais popular nos Estados Unidos

Nielsen indica que 288 milhões de americanos assistem à mídia, enquanto 211 mi usam internet

A televisão se mantém como a mídia mais popular dos Estados Unidos, mesmo com o aumento acelerado dos canais digitais via computadores e dispositivos móveis, segundo estudo da Nielsen. O levantamento apontou que 114,7 milhões de americanos tem ao menos um televisor, sendo que, entre eles, 28,3 milhões possuem três e 35,9 milhões pelo menos quatro aparelhos.

Em números gerais, 288 milhões de americanos assistem TV, 232 milhões possuem celular, 211 milhões usam a internet e 113 milhões acessam a web via smartphones. “Analisando o panorama de mídia dos Estados Unidos, em constante mudança, a TV se mantém como a mais popular”, ressalta o estudo.

Segundo a pesquisa, o típico consumidor americano gasta cerca de 33 horas por semana assistindo TV, enquanto dedica cerca de quatro horas do seu tempo para utilizar a internet via PC. A TV sob demanda, conceito já maduro no mercado americano, registra acesso médio de duas horas e 21 minutos por semana, enquanto o os vídeos online atraem 27 minutos de atenção em média durante o mesmo período, além de sete minutos via dispositivos móveis.

Em geral, 143 milhões de pessoas acessam conteúdo e vídeos transmitidos via web, 111 milhões utilizam a tecnologias sob demanda para o mesmo propósito e 30 milhões usam seus celulares para tal. A média para cada usuário de internet é acessar 2,905 páginas web por mês e 830 no Facebook, além de visitar 94 domínios diferentes.

10/1/2012
Via E-mail Instituto Alana . Projeto Criança e Consumo

Leia mais "Television Measurement" na página de Nielsen, clicando aqui.

COEB 2012: Congresso de Educação Básica . Aprendizagem e Currículo


Em 2011 a Secretaria de Educação do Município de Florianópolis realizou a primeira edição do Congresso de Educação Básica – COEB 2011, tendo como eixo a temática “Aprendizagem em Contexto”. As discussões estabelecidas movimentaram as práticas político-pedagógicas, tanto no âmbito da formação continuada, quanto na atuação dos profissionais da educação nas unidades educativas. Em decorrência, percebeu-se a necessidade de ampliar os debates sobre a aprendizagem na interface com o currículo, compreendendo que a Educação é, na contemporaneidade, um objeto de estudo fundamental para a edificação da cidadania e a construção de uma sociedade socioambientalmente sustentável.

O Município de Florianópolis tem apoiado e sido parceiro das políticas educacionais nacionais, corroborando o regime de colaboração entre os entes federados. Destacamos aqui, a atuação da CAPES no fomento à formação dos profissionais da educação básica. A segunda edição do COEB marca uma estreita sintonia com as discussões fomentadas pelo Ministério da Educação sobre aprendizagem e currículo. É necessário um amplo processo de estudo e formação, com o objetivo de discutir os princípios e diretrizes de uma educação integral de qualidade social, no esforço de construirmos as diretrizes pedagógicas e matrizes curriculares do município de Florianópolis.

Faz-se necessário continuar investindo na formação continuada dos profissionais da educação, com o intuito de garantir uma avaliação e um aperfeiçoamento contínuos do trabalho educativo.

Finalidadades do Evento

1. Ampliar o espectro de abrangência da reflexão e do envolvimento dos processos educativos, visando à qualificação da prática pedagógica no cotidiano escolar e à integração entre as diferentes etapas e modalidades de ensino, que compõem a Educação Básica, no município de Florianópolis.

2. Promover o aperfeiçoamento contínuo dos profissionais da educação, no intuito de refletir sobre diferentes temáticas relacionadas com a aprendizagem e currículo, para consolidação das diretrizes municipais e nacionais da educação básica, destacando-se: O professor na sociedade contemporânea: contradições e desafios; Docência e Mediação da Aprendizagem; Aprendizagem nas Diferentes Dimensões; Currículo e Infância; Aprendizagem e Linguagens; Currículo em Rede; Docência e Alteridade; Educação, Ética e Sustentabilidade; Gestão e Aprendizagem; Resiliência na Educação.

Público Alvo

Profissionais das Redes Públicas de Ensino da Educação Básica.

Mais informações na página do evento, clicando aqui.

"As esquerdas são hoje a grande garantia do resgate da democracia..."


Quarta carta às esquerdas

A direita só se interessa pela democracia na medida em que esta serve aos seus interesses. Por isso, as esquerdas são hoje a grande garantia do resgate da democracia. Estarão à altura da tarefa? Terão a coragem de refundar a democracia para além do liberalismo? Uma democracia anticapitalista ante um capitalismo cada vez mais antidemocrático?

Boaventura de Sousa Santos

As divisões históricas entre as esquerdas foram justificadas por uma imponente construção ideológica mas, na verdade, a sua sustentabilidade prática—ou seja, a credibilidade das propostas políticas que lhes permitiram colher adeptos—assentou em três fatores: o colonialismo, que permitiu a deslocação da acumulação primitiva de capital (por despossessão violenta, com incontável sacrifício humano, muitas vezes ilegal mas sempre impune) para fora dos países capitalistas centrais onde se travavam as lutas sociais consideradas decisivas; a emergência de capitalismos nacionais com características tão diferenciadas (capitalismo de estado, corporativo, liberal, social-democrático) que davam credibilidade à ideia de que haveria várias alternativas para superar o capitalismo; e, finalmente, as transformações que as lutas socias foram operando na democracia liberal, permitindo alguma redistribuição social e separando, até certo ponto, o mercado das mercadorias (dos valores que têm preço e se compram e se vendem) do mercado das convicções (das opções e dos valores políticos que, não tendo preço, não se compram nem se vendem). Se para algumas esquerdas tal separação era um fato novo, para outras, era um ludíbrio perigoso.

Os últimos anos alteraram tão profundamente qualquer destes fatores que nada será como dantes para as esquerdas tal como as conhecemos. No que respeita ao colonialismo as mudanças radicais são de dois tipos. Por um lado, a acumulação de capital por despossessão violenta voltou às ex-metrópoles (furtos de salários e pensões; transferências ilegais de fundos colectivos para resgatar bancos privados; impunidade total do gangsterismo financeiro) pelo que uma luta de tipo anti-colonial terá de ser agora travada também nas metrópoles, uma luta que, como sabemos, nunca se pautou pelas cortesias parlamentares. Por outro lado, apesar de o neocolonialismo (a continuação de relações de tipo colonial entre as ex-colónias e as ex-metrópoles ou seus substitutos, caso dos EUA) ter permitido que a acumulação por despossessão no mundo ex-colonial tenha prosseguido até hoje, parte deste está a assumir um novo protagonismo (India, Brasil, Africa do Sul, e o caso especial da China, humilhada pelo imperialismo ocidental durante o século XIX) e a tal ponto que não sabemos se haverá no futuro novas metrópoles e, por implicação, novas colónias.

Quanto aos capitalismos nacionais, o seu fim parece traçado pela máquina trituradora do neoliberalismo. É certo que na América Latina e na China parecem emergir novas versões de dominação capitalista mas intrigantemente todas elas se prevalecem das oportunidades que o neoliberalismo lhes confere. Ora, 2011 provou que a esquerda e o neoliberalismo são incompatíveis. Basta ver como as cotações das bolsas sobem na exata medida em que aumenta desigualdade social e se destrói a proteção social. Quanto tempo levarão as esquerdas a tirar as consequências?

Finalmente, a democracia liberal agoniza sob o peso dos poderes fáticos (Máfias, Maçonaria, Opus Dei, transnacionais, FMI, Banco Mundial) e da impunidade da corrupção, do abuso do poder e do tráfico de influências. O resultado é a fusão crescente entre o mercado político das ideias e o mercado econômico dos interesses. Está tudo à venda e só não se vende mais porque não há quem compre. Nos últimos cinquenta anos as esquerdas (todas elas) deram uma contribuição fundamental para que a democracia liberal tivesse alguma credibilidade junto das classes populares e os conflitos sociais pudessem ser resolvidos em paz. Sendo certo que a direita só se interessa pela democracia na medida em que esta serve os seus interesses, as esquerdas são hoje a grande garantia do resgate da democracia. Estarão à altura da tarefa? Terão a coragem de refundar a democracia para além do liberalismo? Uma democracia robusta contra a antidemocracia, que combine a democracia representativa com a democracia participativa e a democracia direta? Uma democracia anticapitalista ante um capitalismo cada vez mais antidemocrático?

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

Reproduzido de Carta Maior
11 jan 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Comunicação: Ano novo, reivindicações antigas...


Ano novo, reivindicações antigas

Redação
Instituto Telecom
10/01/2012

Todo final e início de ano é a mesma ladainha. O mercado faz a habitual indicação do que deve ser seguido pelo governo e sociedade no setor de telecomunicações. E o que deveria ser apenas sugestões, na prática tem se mostrado uma espécie de lista de determinações quase sempre seguida pelo governo. Que poucas vezes é convergente com os interesses civis.

Em 2011, a receita bruta das operadoras de telecom alcançou cerca de 200 bilhões de reais. Deste valor, nem mesmo 10% foram revertidos em investimento em infraestrutura e melhorias nas telecomunicações do país. Por isso mesmo, o Instituto Telecom, ao retomar suas atividades em 2012, considera relevante alertar para pontos que devem ser observados por todos: governo, mercado e sociedade civil.

1) TV por Assinatura

A lei 12485, de setembro de 2011, mudou as regras para a TV por assinatura e apresentou avanços importantes no sentido de democratizar o acesso ao serviço como a instituição da obrigatoriedade de cotas de conteúdos nacionais, uma luta antiga da sociedade. A sua implementação está prevista para março ou abril, mas pouco valerá se não houver atenção às reivindicações da sociedade e se os movimentos sociais não participarem ativamente da elaboração de seu conteúdo no processo de regulamentação que está sendo proposto pela Anatel e pela Ancine.

Para se ter ideia da necessidade de se acompanhar de perto o processo, a Rede Globo, por meio da Globosat, já iniciou o seu bombardeio de absurdos - quer ser tratada como produtora independente pela Ancine. Uma situação grave, já que a legislação proíbe que radiodifusores sejam enquadrados nesta categoria. Uma produtora brasileira independente não pode ser controladora ou controlada ou coligada a programadores, empacotadoras, distribuidoras ou concessionárias de serviço de radiodifusão de sons e imagens.

A Anatel fala em realizar apenas uma audiência pública, em Brasília, para discutir a regulamentação proposta. Um absurdo.

2) TV e Rádio Digital


Criado em 2003, o Decreto Lei 4.901, que trata da TV digital, traz grande contribuição ao país com relação à produção industrial, à pesquisa e à multiprogramação. No entanto, assim como a Rádio Digital, a TV Digital parece ter sido esquecida pelo governo. Até agora, sua discussão foi reduzida pelos radiodifusores a uma questão tecnológica de qualidade de imagem quando o verdadeiro enfoque é a possibilidade tecnológica de criação de mais espaços de conteúdos, expressão e informação capazes de promover uma representação mais democrática das comunicações brasileiras. A exemplo do que ocorre com o Ginga, é importante investir em tecnologias que permitam a interação e o acesso a conteúdos, educação e serviços de interesse público.


Com relação à rádio digital a situação é ainda mais preocupante, já que durante todo o primeiro ano do governo Dilma não houve qualquer debate sobre o tema. Esse “esquecimento” resulta também da pressão de grupos internacionais. O padrão americano (Iboc) e o europeu (DRM) estão no centro deste debate. O risco, é que mais uma vez, o padrão escolhido vá ao encontro dos radiodifusores e não da população em geral. Promover a inclusão social, a diversidade cultural, incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e serviços digitais, propiciar a criação de rede de educação à distância, viabilizar soluções para transmissões em baixa potência, com custos reduzidos são elementos que estão na portaria 290/2010 que criou o Sistema Brasileiro de Rádio Digital e não podem ser esquecidos.

3) Plano Nacional de Banda Larga


O ano mudou, mas a distância entre governo e sociedade na discussão sobre os rumos da banda larga no país continua a mesma. O Instituto Telecom mais uma vez chama a atenção para a necessidade de criação de fóruns de debates e para a retomada do Fórum Brasil Conectado. Criado em 2010, o Forum foi esvaziado, mas é essencial para que o tão necessário PNBL não seja reduzido a um mero termo de compromisso entre o governo e as teles. E embora seja frequentemente descartado pelo Estado, o debate sobre a prestação do serviço de banda larga em regime público é urgente e precisa ser feito. O próprio presidente da Anatel, João Rezende, declarou recentemente que não há mais razão para a telefonia fixa continuar sendo o único serviço prestado em regime público. Defendeu, inclusive, que o governo acione o Congresso para mudanças na legislação das telecomunicações. Para a sociedade, o serviço em regime público é a garantia de usufruir uma internet com tarifas justas e qualidade.


4) Marco Regulatório das Comunicações


Este, certamente, é o item mais importante não só para 2012, mas há quase 50 anos, uma vez que a última discussão sobre o tema ocorreu em 1962. Esperado e intensamente reivindicado no país, o Marco Regulatório das Comunicações poderia facilmente abranger todos os pontos citados acima se houvesse disposição do governo de encarar o mercado e promover o debate.


Depois de um ano inteiro esperando que a promessa governamental de apresentação da proposta para o marco fosse cumprida, e de a sociedade civil ter se colocado ativamente na promoção do debate, em especial através do FNDC (Fórum Nacional de Democratização da Comunicação), com a apresentação de um conjunto de 20 diretrizes escolhidas por consenso civil, fica a interrogação para o Minicom: quando o governo vai dar novos rumos às nossas tão antigas reivindicações?

Feliz 2012 Dilma, para você e para a sociedade


O Instituto Telecom deseja que neste ano velhas lacunas como a falta de banda larga, telefonia celular sem cobertura e a preços impraticáveis, telefonia fixa com tarifas proibitivas possam ser sanadas e ter um final feliz para a sociedade, e não apenas para o mercado. Que tanto o Minicom como a Anatel cumpram o seu papel junto à sociedade, assegurando espaços efetivamente participativos. Que chegue ao fim a falta de informação sobre os fundos de investimentos para as telecomunicações, 90% dos quais contingenciados para gerar superávit primário, quando deveriam servir à sociedade com investimentos na universalização da banda larga, em pesquisa e desenvolvimento tecnológico e na promoção de fóruns e audiências públicas.


Reproduzido de Clipping FNDC

Os vendilhões dos templos eletrônicos em tempos de espertalhões da fé


Os vendilhões dos templos eletrônicos em tempos de espertalhões da fé

Luiz Cláudio Cunha *
Especial para o Sul21

Incapaz de vender a alma ao diabo, a Rede Bandeirantes acaba de revender seu santo horário da noite para o pastor R.R. Soares, o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus. O seu ‘Show da Fé’ de 20 minutos, que começava religiosamente às 21h, agora vai durar uma hora inteira, a partir das 20h30. Não se sabe ainda quanto custou esse novo e triplicado milagre, mas pelo contrato antigo o bom pastor já pagava R$ 5 milhões mensais à Band.  O vil metal falou mais alto para a TV de Johnny Saad, que anunciava a devolução do horário nobre da noite a seriados consagrados, como o 24 Horas, para concorrer com as novelas da Globo e as séries do SBT, todas com melhor audiência.

A novidade escangalhou os planos do argentino Diego Guebel, que assumiu a direção artística da Band em outubro passado com a promessa de recuperar o espaço nobre e caro da noite para atrações mais mundanas do que a prosopopeia de Soares. A bíblica derrota de Guebel na Band é apenas outro indício da onda avassaladora do dinheiro que afoga a TV brasileira deste Brasil cínico que finge ser laico e imune à força econômica da religião e seus falsos profetas. Os canais de rádio e TV são concessões públicas, supostamente alheias aos credos e seitas religiosas que transformaram estúdios, igrejas, templos e estádios em púlpitos eletrônicos cada vez mais invasivos e escancarados.

Não existe ninguém no Governo ou no Congresso brasileiros com coragem para frear essa flagrante ilegalidade, sancionada por verbas, dízimos, patrocínios e uma farta hipocrisia. A irrestrita capitulação aos padres e pastores que lideram milhões de fiéis (e eleitores) ficou escancarada na última eleição presidencial, em 2010, quando os dois principais candidatos com raízes na esquerda — Dilma Rousseff e José Serra — sucumbiram vergonhosamente à chantagem das correntes mais atrasadas das igrejas, frequentando missas e cultos com o gestual mal ensaiado de pios devotos que não sabiam nem metade da missa, nem qualquer salmo dos evangelhos. Encenaram um constrangedor teatro de conversão medida para não ofender o eleitor mais ortodoxo. Para não perder votos, Dilma e Serra caíram na armadilha do falso debate religioso sobre o aborto — um tema que um e outro, por mera consciência política ou formação acadêmica, sabem que nos países mais evoluídos não passa de um grave e secular problema de saúde pública.

A submissão das instâncias do Estado secular ao poder cada vez maior das igrejas pode ser medida pela intrusão cada vez mais descarada da fé nos meios eletrônicos do Brasil, que deturpam a concessão pública pelo proselitismo religioso vetado pela Constituição. A igreja católica brasileira agrupa hoje mais de 200 rádios e quase 50 emissoras de TV, contra 80 rádios e quase 280 emissoras de TV de oito braços do crescente ramo evangélico. É um domínio que se fortalece cada vez mais, embora adaptando seu perfil para fórmulas mais agressivas e despudoradas de avanço sobre o bolso das populações mais pobres, mais desesperadas, menos instruídas.

(...) A louvação ecumênica ao dinheiro pintado pela hipocrisia de todos os credos esclarece, em parte, a progressiva invasão destes templos cada vez mais eletrônicos, escancarados por vendilhões cada vez mais acessíveis a espertalhões cada vez mais abusados no assalto à boa fé de sempre dos desesperados.

O velho evangelista Kenyon, profeta dessa cínica doutrina da prosperidade, poderia traduzir este Armagedom moral com o mantra invertido da religião de resultado que inventou: o que eu possuo, não confesso.

* Luiz Cláudio Cunha é jornalista.

Leia o texto completo na página de Sul 21 clicando aqui.



Comentário de Filosomídia:

Esse texto merece um prêmio pela forma e conteúdo com que aborda a questão dessa polititica e relação prostituída entre mídias e podres poderes. Parabéns ao jornalista! 

Foto Montagem: FLD