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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Ministério da Justiça apresenta novas regras para classificação indicativa: Portaria 368 de 12/02/2014


Ministério da Justiça apresenta novas regras para classificação indicativa

Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil
Edição: Davi Oliveira

Criada para auxiliar, principalmente, os pais na escolha do que os filhos podem ou não assistir na televisão, no rádio e no cinema, a classificação indicativa terá regras mais flexíveis e maior participação da sociedade. Com as mudanças, as TVs pagas e os serviços de vídeo por demanda na internet, antes fora da regra de classificação, passarão a exibir a classificação etária dos conteúdos.

Portaria 368 do Ministério da Justiça foi publicada hoje (12) no Diário Oficial da União e entra em vigor em 30 dias. Entre outros pontos, ela unifica toda as normas administrativas relacionadas ao tema em um único documento, estabelece a autoclassificação para os programas ao vivo e estende os critérios de classificação indicativa para jogos eletrônicos.

“A ideia é facilitar a vida dos pais no direito de escolha do que seus filhos vão assistir; a vida das emissoras, que terão mais clareza sobre quais são os critérios; e também a vida do governo, que agora terá a participação da sociedade civil na definição da classificação indicativa”, explicou secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão.

A classificação indicativa estabelece seis categorias de classificação de conteúdo, que variam de livre a não recomendado para menores de 18 anos. Elas são definidas de acordo com o grau de incidência de cenas de sexo, violência e drogas nos programas.

Além de simplificar as regras, a portaria prevê também que as emissoras poderão autoclassificar os programas obedecendo às regras dos programas. “Todas as nossas emissoras de TV e rádio poderão elas mesmas autoclassificar os programas, de acordo com os critérios definidos no guia da classificação indicativa. Isso torna o sistema mais ágil, simples, e queremos construir esse ambiente de relação de confiança entre o Estado, a sociedade civil e as emissoras”, disse Abrão.

No caso de descumprimento das regras, o programa poderá passar por uma reclassificação e caberá ao Ministério Público ajuizar ações punitivas às empresas. “Recentemente, reclassificamos um filme a partir de reclamações das redes sociais. É um exemplo de como a participação social é importante”, frisou o diretor adjunto do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação, da estrutura do Ministério da Justiça, Davi Pires.

As novas regras preveem ainda que, para a reexibição de obras seriadas (novelas e minisséries) com classificação reduzida, a emissora deverá apresentar, previamente, 10% da obra. Anteriormente, era necessário todo o conteúdo. Outra  mudança é a criação do Projeto Classifique, que vai selecionar 21 pessoas para auxiliar o governo na classificação de conteúdo.

Essas pessoas serão escolhidas a partir de uma chamada pública e atuarão de forma voluntária. A portaria também prevê a criação de um portal na internet para reunir toda a legislação e apresentar informações sobre o processo de classificação, com espaço também para manifestação da sociedade.

Reproduzido de Agência Brasil
12 fev 2014

Conheça o texto da Portaria 368, em Lex Magister, clicando aqui.

Leia também:

Notícias da TV UOL

Controle de conteúdo
Globo terá de aprovar com governo reprise de novela das nove à tarde

Por Daniel Castro
13/02/2014

O Ministério da Justiça publicou ontem (12) no Diário Oficial da União uma portaria unificando a regulamentação da classificação indicativa de programas de TV, filmes, DVDs, jogos, espetáculos e festivais de cinema. O novo documento, que sintetiza o que antes estava espalhado em sete portarias, também inclui normas da classificação em TV por assinatura e video on demand, já instituídas pela lei 11.485/11. As medidas entram em vigor em 30 dias.

Novas normas foram criadas especialmente para a sessão Vale a Pena Ver de Novo, da Globo. A reprise de novelas com classificação reduzida terá de ser autorizada pelo Ministério da Justiça após a apresentação prévia, pela emissora, de pelo menos 10% dos capítulos reeditados. Classificação é reduzida é quando uma novela das nove, imprópria para menores de 12 anos, por exemplo, precisa ser "rebaixada" para 10 anos, reduzindo cenas de violência e sexo.

Ou seja, para reprisar novelas das nove à tarde, a Globo terá antes que negociar com o governo federal. O Ministério da Justiça diz que atualmente se exige 100% dos capítulos previamente, mas isso, na prática, nunca ocorreu.

Ourtra novidade é que programas ao vivo passam a ser submetidos ao crivo do Manual de Classificação Indicativa, elaborado pelo ministério, o que já preocupa emissoras.

Antes, programas ao vivo só eram classificados após denúncias e constação de "reiteradas inadaquações" para o horário, como foi o caso do Pânico e do quadro da Banheira do Gugu. Agora, programas como o Domingão do Faustão, Hoje em Dia, Programa da Tarde, Mais Você, e Encontro, entre outros, terão de ser autoclassificados pelas próprias emissoras. O Ministério da Justiça terá 60 dias para confirmar ou não a autoclassificação.

Programas jornalísticos continuam isentos de classificação. Também não muda nada nas faixas etárias e respectivas vinculações de horários. Os critérios de classificação continuam baseados em graus de sexo e nudez, violência e consumo de drogas.

Os programas de TV por assinatura, como já prevê a lei que criou o Serviço de Acesso Condicionado (Seac), terão de exibir os símbolos (livre, 10 anos, 12, 14, 16, 18), mas não serão obrigados a seguir os mesmos horários da TV aberta (livre e 10 anos: qualquer horário; 12 anos: 20h; 14 anos: 21h; 16 anos: 22h; 18 anos: 23h), desde que a operadora ofereça e divulgue aos pais dispositivos de bloqueio de programação.

Filmes e séries em vídeo on demand terão de exibir o selo da classificação indicativa, o que afeta serviços com o Now e a Netflix.

Confira o que muda no quadro abaixo, elaborado pelo Ministério da Justiça:


Reproduzido de TVUOL

12 fev 2014

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A destruição da infância: Vicenç Navarro


A destruição da infância

Está acontecendo algo muito grave que não vem sendo debatido: uma grande deterioração do meio cultural no qual as crianças estão submersas.

Vicenç Navarro (*)

Está acontecendo algo sobre o qual não se comenta muito nos fóruns midiáticos e políticos do país (Espanha), e que está causando impacto enorme na qualidade de vida em nosso presente e em nosso futuro. Estou me referindo à grande deterioração do meio cultural no qual a criança está submersa. Um indicador disso, entre outros, é o mundo midiático ao qual as crianças estão expostas. E não me refiro somente ao número de horas que passam diante da televisão ou de outras mídias de entretenimento, o que continua sendo um problema grave (nos Estados Unidos, onde este tipo de estudo é sistematicamente realizado, o tempo de exposição subiu de uma hora e meia nos anos 1970 para cerca de quatro horas atualmente). Estou me referindo, além do tempo de exposição, à evidente deterioração dos conteúdos de produção midiática. A destruição no conteúdo educativo dos programas televisivos ou dos videogames tem sido eminente, com um aumento notável da promoção do consumismo, do individualismo, da violência, do narcisismo, do egocentrismo e do erotismo como instrumentos de manipulação.

A evidência de que isto se dá dessa maneira é assustadora. Estes conteúdos – que configuram de forma muito negativa os valores sociais – estão espalhados por toda a sociedade, incluindo os adultos. Mas o que é ainda mais preocupante é que muitos desses valores se apresentam com mais intensidade nos programas voltados para o público infantil. E a situação está piorando. Vou me explicar.

Em meados da década de 1970, foi feito um estudo sobre o conteúdo dos programas de televisão para meninos e meninas nos EUA. Foi realizado por pesquisadores da Johns Hopkins University. Nesta pesquisa, constatou-se que a violência, muito generalizada nos Estados Unidos, estava inclusive mais presente, paradoxalmente, na programação infantil. Tal estudo provocou uma revolta considerável naquele país. E fui eu a apresentá-lo no Congresso dos EUA, não enquanto professor realizador do estudo, mas como dirigente da Associação Americana de Saúde Pública (American Public Health - APH, segundo a sigla original), tendo sido escolhido entre o corpo diretivo pelos 50 mil membros dessa Associação.

O Comitê de Assuntos Sociais do Congresso dos EUA organizou uma série de depoimentos para analisar o que estava acontecendo nos programas de televisão orientados para crianças. E convocou uma sessão em que estavam, de um lado, os presidentes das três cadeias de televisão mais importantes do país (CBS, ABC e NBC) e, de outro, o representante da APHA (que era eu). Para sempre me lembrarei daquele momento. Ali estava eu, filho de La Sagrera, bairro popular por excelência de Barcelona, Espanha, com o enorme privilégio (em um país de imigrantes) de representar meus colegas da APHA e defender os interesses da população norte-americana diante de três das pessoas mais poderosas dos EUA, que durante seu depoimento tentavam ridicularizar o meu, alegando que eu estava exagerando quanto ao impacto desses programas nas crianças norte-americanas.

Como não podiam questionar os dados que documentavam a enorme violência dos programas infantis, centravam-se em negar que tiveram impacto nas crianças. Este argumento foi fácil de destruir, com a pergunta que lhes fiz diante do Congresso:

“Se vocês acreditam que seus programas não têm impacto entre as crianças, por que cada anúncio comercial que aparece nestes programas custa quase um milhão de dólares?”. Não responderam. Negar que tais programas tenham um impacto nos espectadores é absurdo. O Congresso dos EUA, por certo, não fez nada, pois não ousava contrariar estes grupos poderosos.

A situação está se deteriorando

E a situação está inclusive pior atualmente. Esta fixação infantil pela mídia audiovisual está amplamente estendida, agora por meio dos videogames, que estão substituindo a televisão. O grau de exposição das crianças aos videogames alcançou um nível que ultrapassa em muito o tempo à frente da televisão. A transmissão dos valores por meio dos jogos eletrônicos, citados anteriormente, é massiva. É o equivalente ao fast food no universo psicológico, cultural e intelectual.

Tanto que, em vários países europeus, se considera proibir a importação de videogames dos EUA (que são extraordinariamente mais violentos), que destroem massivamente meninos e meninas. Acredito que as autoridades públicas espanholas deveriam considerar sua proibição, como já acontece em vários países da Europa.

Porém, para além da destruição que muitos desses videogames provocam na infância, a exposição a essa cultura tira as crianças de outras atividades. Existe evidência de que, quanto maior o tempo dedicado aos videogames, menor é a capacidade de leitura e de compreensão de textos. A leitura de livros – dos clássicos da infância, de Heidi ao Pequeno Príncipe – está diminuindo muito rapidamente. Serei criticado sob a alegação de que este texto denota nostalgia, o que não é certo, pois minha crítica não é ao fato de não lerem esses textos, mas sim à ausência de leitura desse tipo de texto, em que a narrativa conecta o indivíduo com a realidade que o cerca, ajudando a desenvolver uma visão solidária, amável e coletiva da sociedade. Enfatizar a força, o ego, o “eu” e a satisfação rápida e imediata do desejado, sem freios, levará todos nós a um suicídio coletivo.

E me preocupa o fato de que isto já esteja acontecendo. Se desejam ver seu futuro, vão agora aos Estados Unidos e o verão. As mudanças sofridas desde a década de 1980, quando se iniciou o período neoliberal com Reagan e Thatcher, foram enormes. O neoliberalismo, a exaustação ao "êxito" sem freios, ao individualismo, ao narcisismo, ao darwinismo, inundaram todas as áreas da cultura da infância.

As meninas como objeto sexual

Outro elemento da deterioração da cultura infantojuvenil está na reprodução dos estereótipos, por trás da qual há uma relação de poder. Um dos mais marcados é o que reproduz a visão machista da sociedade, apresentando as mulheres como objetos eroticamente desejados, e que, notavelmente, afeta a infância. Essa visão já alcançou dimensões patológicas. Nos países mais machistas (e a Espanha está no topo da lista), a mulher está sempre muito decotada (e cada vez mais) e, se não, vejam os noticiários diários. Por que os homens não vão decotados à televisão quando dão as notícias, mas sim as mulheres?

A imagem erótica, com uma definição de beleza estabelecida pelo homem, está alcançando nível tamanho de exagero, que começa inclusive com as bonecas Barbie. Vários países europeus – como a França – estão pensando em proibir tais tipos de boneca. Está chegando a um nível que exige uma mobilização, protestando contra essa destruição por meio da promoção de valores que são prejudiciais à infância e à população em geral. Espero que o leitor se some a essas mobilizações. Se você ama seu país, sugiro que faça algo. Não deixe que manipulem nem a você, nem a seus filhos, filhas, netos e netas. Indigne-se! Faça algo!

...

(*) Professor de Políticas Públicas. Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, e professor da Johns Hopkins University. Site pessoal: www.vnavarro.org

Reproduzido de Carta Maior

26 jan 2014

Leia também:

"A TV psicotizante na globobocalização" (27/01/14) por Leo Nogueira Paqonawta, clicando aqui.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A TV psicotizante na globobocalização


A TV psicotizante na globobocalização

Depois de ver essa fotografia nas redes sociais fui procurar o vídeo com a cena na Internet, achando facilmente no site "gshow" da Globo. Pasmo, fiquei matutando em como o "carrasco" que idealiza e executa esses crimes superou em mau gosto os requintes daquela famosa cena artística do banho da beldade loira de Hitchcock.

Ao mesmo tempo, não há como evitar que venham à mente outras tantas cenas que se relacionam com as estranhices sobre o que a TV e as grandes corporações midiáticas fazem com, e pelo povo: reproduzir cotidianamente a doença que é inoculada pelas janelinhas e mil telas vidiotizadoras produzindo, em série, os vivo-mortos dessa sociedade da chamada Idade Mídia que corrói em trevas, ironicamente disseminada por cabos e tubos que conduzem luz.

Decerto que é assunto para neurocientistas e psiquiatras se debruçarem por décadas a fio, em seus laboratórios, o que as monopolizadas empresas de anti-comunicação em conjunto fazem a partir de seus estúdios, provocando essa epidemia que dis-forma em zumbis des-pensantes o que seriam seres humanos com dignidade e direitos.

Nesse século XX, que ainda não acabou, a Idade Mídia tem muito a ver com a Era de Direitos tão propalada aqui e ali nos cenários nacional e internacional, mesmo que nos meios políticos as políticas públicas sejam tão negadoras do que acolá, na luta cotidiana por um mundo melhor, a sociedade civil e gatos pingados da indignação defendam e promovam os ideais e valores para a construção de uma sociedade de justiça.

Políticos e empresários à soldo do mundo do mercado se sentem acima disso tudo, do bem e do mal, e as discussões sobre regulamentação, qualidade da programação, democratização dos meios de comunicação, direitos humanos e das crianças não afetam em nada a pandemia em curso, bem planejada em conjunto pelos poderosos interesses dos donos das mídias, obviamente orquestrada e afinadíssima com os interesses de quem faz da humanidade gato e sapato.

Desde tempos imemoriais é fato que as classes dominantes continuam atuando com o mesmo roteiro, ainda que os atores e a ribalta nos apresentem um elenco com caras novas, ao gosto de cada época e à moda do apetite da plebe por o que veio a se chamar entretenimento, purgação das culpas da vida desenfreada de prazeres duvidosos de cada um.

A turba insatisfeita com pouco sangue nas arenas levanta ou abaixa o dedo para determinar a vida de quem se digladia até à morte naquilo que chamam de espetáculo. Hoje, entronizam ou execram a mesmice que desfila em todos os canais do Circo Midiático com a idêntica imponência do gesto de césares sanguinários, com o polegar apertando as teclas do controle remoto da arquibancada do sofá almofadado.

Papas, cardeais, bispos e padres cederam sua vez aos megaempresários atuando por suas marionetes que estampam as revistas, assim como dão as caras atrás das telinhas ultra contemporâneas em alguma engenhoca tecnológica de última geração. Pelos altares erigidos na sala, no quarto etc., nos tablets e nos celulares se cultua e se venera o que a deusa platinada santifica.  Agora, são os telespectadores e consumidores dos produtos endeusados dos tempos modernos que absolvem e condenam o que ouvem de pecados e mazelas no confessionário pessoal de cada um.

E, segue dia e noite a ladainha na farsa dos telejornais criando a pauta de discussão nacional pela des-informação hipnotizante, na festança do banquete da dieta informacional de engorda e espalhando o terror e o medo como prestação de serviço indispensável à população que perdeu a noção do certo e errado, do justo e injusto, tantas as falcatruas que permeiam as intenções de jornalistas, repórteres, editores e chefes de redação como prepostos dos interesses dos patrões na ideia hegemônica da anti-comunicação. Claro que regiamente financiados pela propaganda e marketing a serviço e impulsionados pela ideologia opressora disfarçada nas caricaturas.

Até nesses horários dos religiosos se re-produzem o tom dado aos telejornais e programas de auditório, com apresentadores do show de fé dando mais pinta que as macacas de auditório, que aplaudem calorosamente os calouros e veteranos dos púlpitos de todas as crenças como quem se extasiasse se o mar se abrisse para revelar as terras da salvação. Todos famintos e sedentos de uma vida glamorosa além do deserto percorrido das vidas medíocres , que não seria bela se a televisão não lhes prometesse o paraíso das sensações.

Na novena quase infindável das novelas em que a deusa brasileira em favor da globobocalização se tornou referência internacional, toda uma geração se habituou a seguir como vidiota a procissão de estórias chamadas de folhetim, onde se ressaltam capítulo a  capítulo todas as coisas desgracentas e esquisitices próprias da vida humana no rumo desembestado de vivências das paixões, ilusões e desejos. Pelo enredo inteiro perpassa dor, desatino, des-encontro, mal-entendidos em tramas maquiavélicas com suspense de um fim de semana para outro, como ondas trazendo o mesmo lixo do comportamento infeliz de personagens que não se sabe bem influenciando a vida real, ou apenas retratando o que vai no pensamento e sentimento coletivo da humanidade entorpecida.

Por séculos que a literatura e os romances, e décadas que os filmes, novelas e noticiários se edificam sobre essa ideia de colocar dia após dia um tijolinho de infortúnio criando o clima de tensão, terror e medo enquanto os “finais felizes” se dão apenas no final das “obras”, quando terminam. E logo depois se recomeça outra maratona de tristezas diárias. Isso por si só já denota alguma coisa doentia.

E, o resto da programação da TV des-regulada, enquadrada nos moldes do que se quer para o mundo escravizado e doentio, vai contaminando ano após ano desde a criança até o mais idoso dos velhinhos habituados às papinhas indigestas da publicidade dirigida ao público infantil, aos requintes dos temperos de violência adocicada da sociedade embevecida e trôpega, até o soro de mil histórias contadas em gotas incalculáveis injetadas no sangue de quem, no final das contas, não viveu nenhuma daquelas cenas a não ser pelas telas, e não viveu a própria vida, pensante, sonhadora e realizadora de cenas singulares e criativas além do que foi imposto.

Nem precisa se falar aqui do que significam esses programas de reality show em que muitos se comprazem em ficar espiando as bobageiras encenadas por atrizes e piriguetes, atores e modelos, garotões machistas e, às vezes, gays e lésbicas bem comportadinhos conforme quer o contrato que assinam para se exporem ao gosto do voyeur. Perguntemos às crianças nas escolas quem dormiu, e fez o que com quem, debaixo de edredons ou na piscina. Muitas delas sabem mais do que mal imaginamos como professores e professoras mal-amados e des-amantes em nossos sonhos e fantasias eróticas.

O Circo Midiático com seus shows espetaculares, a programação fantástica, o que faz des-pensar os cegos, surdos e mudos refastelados, os obesos do entretenimento que gargalham, choram, devoram as migalhas caídas da mesa dos 1% senhores controladores de tudo e  todos, a-palermados zumbis no drama tragicomédico da doença normotizante.

Desde a invenção desse tipo de imprensa e meios de anti-comunicação temos sido tratados na camisa de força do hospício da vida des-humana, criados à imagem e semelhança das exigências do deu$ monetário exercendo seus plenos poderes para tudo controlar. Nos acostumamos a agir e reagir, apenas dentro das esferas do aceitável nessa lógica escravizante e alienadora desde que um mais espertinho, no meio das massas sem vontade nenhuma, subiu em alguma pedra acima do fogo das cavernas ou numa caixinha de fósforo nos palanques, púlpitos, tribunas, palcos e centros das atenções para atrair a si a má-vontade de todos num discurso manipulador de consciências para que o restante dos 99% da humanidade sempre servisse de pedestal para a fama, eleição, canonização, soberba, arrogância e endeusamento daqueles poucos. A TV nos formata, mais que ninguém, mais que qualquer tirano, para a consagração do Império dos falsos deuses mandando e desmandando sobre a vida dos pobres vidiotas.

Lemos por aí no ciberespaço que a personagem da novela retratada na cena da foto, encarnada pela outra beldade malvada da hora, alcançou índices recordes de público plugado na emissora que a reproduziu, segundo disseram os institutos de pesquisa e verificação de audiência, pelo menos para a cidade de São Paulo. Faz parecer que no resto do país se deu o mesmo.

Todo ano temos essas cenas finais de novelas em que a sociedade se delira com a condenação, perseguição e morte de malvados e malvadas que destilaram fel pela história inteira. Se houve muitos tapas e beijos, corpos desnudos, cenas de sexo e outras de alguma coisa querendo se parecer com politicamente correto, mas indubitavelmente bastante baixaria ao longo da trama, é certa garantia de que a audiência foi conquistada, os anunciantes pensam que comprarão seus produtos, e as emissoras faturam milhões com a contribuição do dízimo dos pagantes. O “carrasco” das novelas - em especial dessa da cena da foto - é apenas mais um dos criadores de ilusão, dos acólitos que em seus estrelismos fazem sua parte na colaboração para ludibriar a massa que finge estar tudo bem no mundo das escolhas pessoais, onde liberdade de expressão se confunde tanto com a velhíssima e velhacas formas opressão re-produzidas pelas mídias 24 horas por dia, e sete dias por semana sem intervalo.

Na sequência da enumeração das artes feita há 100 anos, certamente que à TV cabe o oitavo lugar - mas como anti-arte - pelas anti-maravilhas que produz e re-produz na disseminação da doença ainda não devidamente catalogada em um rol, bem ao lado de itens que descrevessem a patologia com os tiques da histeria coletiva, demência generalizada, boçalidade intermitente, câncer do pensamento, inflamação dos sentidos, vidiotice pura.

Obviamente que há cura para tudo isso, muito mais além do simples desligar a TV ou ficar estropiado e junto a uns poucos na luta que parece interminável pela qualidade de programação, democratização dos meios de comunicação, regulação, classificação indicativa etc. Remendar pano novo nos velhos tecidos desses preciosos sistemas de educação e comunicação que temos tem se comprovado tão ineficaz quanto dar um passo pra frente e dois para trás pelas vias da justiça que não enxerga, não fala e não ouve como ab-surda, ab-muda e ab-cega frente às ações promovidas pela alfabetização des-humana - escolar, midiática  - no beabá da cartilha do consumismo pelos interesses do mercado e dessa economia da selva em que o poder e o dinheiro mandam.

Creio que há que se des-truir tudo isso e re-começar de novo. Como restaurar o bom senso onde o consenso que impera tem essas características psicóticas graves na globobocalização e vidiotização do mundo?

Parece faltar indignação, lucidez, sensatez, responsabilidade, integridade, em suma, sabedoria, onde sobra des-amor e in-felicidade nesse tempo de trevas da “Idade Mídia”. O distúrbio neurótico que padecemos, e agora parece ser social, educacional, cultural, artístico e comunicacionalmente aceito como a coisa mais normal do mundo contemporâneo, ainda vai provocar muita tristeza, terror e guerras em que todos sempre perderemos alguma lindeza dentro e fora de nós.

O esquisito do personagem Norman Bates - de Psicose de Hitchcock - a meu perceber, teria feito muito mais estragos no filme se fosse rodado hoje. Não duvido que sua mãe encalacrada naquele quarto, mortinha-viva da silva, assistisse o dia inteiro, por exemplo, a TV Globo com sua programação e essa novela em especial. Somos todos Ninhos e Césares, acreditando nas palavras de anti-amor da Aline, das TVs, dos meios de comunicação. E daqui a pouco morreremos, de facada, tristeza, ou teremos um AVC. Tudo a ver!

Que pais e irresponsáveis não sub-metam as crianças a esse tipo de programação e, professores, fiquem atentos aos compromissos no campo das relações entre a Educação e Comunicação. As crianças têm direitos e devemos defendê-los, mesmo que não venhamos a dar a mínima para os nossos próprios e des-cumpramos nossos deveres, como o fazem os meios de anti-comunicação.

Quem puder ou querer des-pertar do torpor viciante dessa doença psicotizante e normótica, que o faça logo, e realize com outros indignados os sonhos por uma humanidade para o Bem Viver.

Leo Nogueira Paqonawta
27 jan 2014

...

A foto reproduzida nas redes sociais, aqui foi retirada de um site sobre novelas. Apenas a colocamos ali para expressar, no texto, todo nosso repúdio a tudo o que ela apresenta, re-presenta e se e-produz pelas mídias.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Lá_vem_aí...



Comentário de Filosomídia

Lá_vem_aí...

A rede hegemônica de televisão en-latou de vez com sua (re)programação de produtos - "nacionais" e internacionais - na exuberância daquele aparato estético globalizante característico dela.

Dieta de informação e entretenimento com visual, técnica e tempero de "primeiro mundo" é isso aí... plastificado, insosso, pra engolir o en-latado com catchupe nas 24 horas do dia. O supermercado midiático ao alcance do controle remoto.

Com o programa apresentado no Credicard Hall só faltaram aquelas cenas com os atores em pé, de braços cruzados e ventinho nos cabelos enquanto o plim-plim ressoasse retumbante.

Vidiotizante ao extremo!

Tsc.. tsc...

Filosomídia

segunda-feira, 16 de julho de 2012



Nelson Hoineff em entrevista no Sonhar TV

Em sua entrevista ao Sonhar TV, Nelson Hoineff expõe seu embasamento teórico em estudos de televisão. Explica de forma didática várias transformações que ocorreram na TV em função da tecnologia, e também afirma sobre o que será transformado em função do digital.

Hoineff analisa o que considera uma crise do momento atual da produção de conteúdo para TV, da falta de novos talentos e de aposta das emissoras. Aponta que a TV poderia se beneficiar de programas com novos formatos, ou mesmo de conteúdos polêmicos.

Nelson Hoineff é jornalista, produtor e diretor de televisão. Especializou-se em cinema pela New York University, e em novas tecnologias da televisão pela New School for Social Research, em Nova Iorque. Em 2001 fundou o Instituto de Estudos de Televisão (IETV) que promove seminários, mostras, encontros, festivais e estudos sobre TV.

Em televisão, trabalhou para as redes Rede MancheteSBTTVE e TV Bandeirantes. Criou e dirigiu muitos programas, entre eles, o jornalístico “Documento Especial” duradouro, bastante premiado e de grande audiência, trazia uma linguagem e abordagem aprofundada e diferente sobre cada assunto tratado.

 No cinema, dirigiu os documentários: “Alô, Alô, Terezinha”, sobre o apresentador Chacrinha e “Caro Francis”, sobre o jornalista Paulo Francis. Foi precursor em estudos de televisão, lançando os livros: “TV em expansão”, “A nova televisão”.  

Visite o perfil do entrevistado: Nelson Hoineff


SONHAR TV é um movimento para discussão coletiva que visa refletir sobre o que seria uma hipotética televisão dos sonhos para a sociedade.

Reproduzido de Mídia e Educação por Cristiane Parente e Sonhar TV.

Assista aos vídeos na página de Youtube do Sonhar TV clicando aqui.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Marcelo Adnet: TV brasileira “é refém do grotesco”



TV brasileira “é refém do grotesco”, lamenta Marcelo Adnet 

Mauricio Stycer
Blogosfera UOL

Muita gente reclama da baixa qualidade da programação da TV brasileira, mas quando a queixa parte de um dos mais talentosos humoristas em atividade, creio, é o caso de ouvir com atenção.

Marcelo Adnet recorreu ao Twitter, esta semana, para lamentar: “TV é movida por PATROCÍNIO que é movido pela AUDIÊNCIA que é movida pelo GROTESCO. Conclusão: TV é refém do GROTESCO.”

O comentário deu origem a um rápido debate com alguns leitores, levando-o a desenvolver um pouco mais a ideia.

“O mito é achar que a ‘classe C’ (que, por si só, já é quase um mito) tem péssimo gosto e só é atraída por uma TV rasa e limitada”, disse Adnet.

Argumentei com o comediante que, às vezes, o público rejeita o grotesco, citando o fiasco do programa “Sexo a 3”, apresentado pelo tal Dr. Rey na RedeTV!. “Rolou rejeição mesmo ou foi um sucesso? Ironia? O fato é que contamos em uma mão os não-grotescos de grande audiência”, respondeu Adnet. Verdade.

À frente do “Comédia MTV”, Adnet tem dado shows semanais. Recentemente comentei a genial paródia da canção “Roda Viva”, de Chico Buarque, na qual o comediante fez um diagnóstico crítico sobre a TV brasileira.

O seu programa passa longe do grotesco (o esquete “Casa dos Autistas”, em 2011, foi uma escorregada, do qual ele se arrepende), mas o desabafo desta semana deixa no ar a dúvida se está sendo viável fazer humor deste jeito na televisão.

Abaixo, outro grande momento recente de Adnet no “Comédia MTV”, no qual encarna Victor Inácio Pacheco, o “Homem Área Vip”:

Reproduzido de Blogosfera UOL por Maurício Stycer
08 jun 2012


Leia também:


"Fábio Rabin defende piada sobre autistas, mas "sem desrespeito", por Maurício Stycer na Blogosfera UOL (26/05/2011) clicando aqui.

terça-feira, 13 de março de 2012

Abertura para a arte e cultura do Brasil nas TVs "fechadas"...


Vídeo foi produzido em conjunto entre a Carta Carioca e o DCE Vladimir Herzog - FACHA em resposta as mentiras do comercial produzido pela SKY!


Conheça a Lei 12845/2011 clicando aqui.



Veja o informe da Sky abaixo, veiculado em revista de circulação nacional:



A presidente da Frente Parlamentar  Mista em Defesa da Cultura, deputada Jandira Feghali,  reagiu indignada à campanha da empresa SKY que, em nome de seus assinantes, promove uma campanha contra a Lei 12.485/11, o novo marco regulatório para o setor áudio visual. Veja, abaixo, nota divulgada pela parlamentar:

“Tive conhecimento da Campanha que a empresa SKY está promovendo contra a Lei 12.485/11, novo marco regulatório para o setor de áudio visual. Considero que não há porque alegar inconstitucionalidade ou ilegalidades em uma lei que tramitou no Congresso Nacional por mais de quatro anos, sendo três anos na Câmara e mais de um ano no Senado Federal. Passou pela Comissão de Constituição e Justiça nas duas Casas. Foi amplamente debatida, em cinco audiências públicas com participação dos vários setores sociais interessados no tema.

O novo Marco Regulatório do Setor Audiovisual é um avanço que a sociedade brasileira obteve, garantindo espaços de exibição para  manifestações da cultura brasileira e da produção nacional em espaços públicos concedidos para teletransmissões, conforme dispõe o artigo 21 da constituição, Inciso XI, onde se define como  competência da União  “explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,  que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais”.

A campanha promovida pela Sky é francamente uma disputa por reserva de mercado, camuflada pelo argumento da intervenção estatal no direito de opção do cidadão à programação. A lei não impede que seja ofertada programação estrangeira, mas conforme citei, garante espaço para as manifestações culturais brasileiras. Na prática, três horas e meia por semana de veiculação de conteúdo nacional.  Cabe às empresas dos canais pagos se adequarem, mantendo sua grande atual, mas ampliando o espaço para a produção nacional. Também destaco, que nas disposições transitórias da Lei está estabelecido que os atuais contratos serão mantidos respeitando o princípio de não retroação da Lei, somente em sua renovação é que as empresas deverão se adaptar às novas exigências. Por fim, cabe registrar que a regulamentação da lei ainda está em andamento e, neste sentido, cabe negociação de pontos controversos.

A Sky tem o direito democrático de demonstrar sua contrariedade com o teor da lei, no entanto, é inadmissível ver uma empresa fazer campanha se intitulando representante de usuários sem legitimidade para tal e questionando todo o processo legislativo que resultou neste marco legal, ao passar informações incorretas sobre a legitimidade e legalidade da Lei.  Repudio, portanto, esta campanha difamatória e irresponsável.”

01 mar 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Crianças em baixa na programação no rádio e na TV


Crianças em baixa no rádio e na TV

Vilson Vieira Júnior
Mídia Aberta

O Brasil sempre exibiu programas infantis memoráveis, que fizeram história na televisão: Sítio do Pica-Pau Amarelo, Vila Sésamo, TV Colosso, Rá Tim Bum, Bozo, Balão Mágico, Castelo Rá Tim Bum, Cocoricó. Alguns ainda estão no ar, como o Cocoricó, Castelo Rá Tim Bum e Vila Sésamo, ambos na TV Cultura. Mas esses são as ditas raras exceções.

As atrações dedicadas às crianças praticamente desapareceram da TV aberta brasileira. Ponto para as emissoras do campo público, como as tevês Brasil e Cultura. Ao contrário das comerciais, ambas dedicam parte considerável de suas grades de programação ao público infantil.

Entre às 08h45 e às 16h, de segunda à sexta-feira, os programas infantis dominam a grade da TV Brasil, fazendo jus ao horário considerado Livre pela Classificação Indicativa. E na TV Cultura não é diferente. De segunda à sexta, das 08h15 às 18h45, as crianças é que mandam na programação da emissora, com 11 atrações dedicadas exclusivamente para elas.

Já nas tevês comerciais...

Das emissoras comerciais, as únicas que ainda dedicam algum tempo da grade às crianças são a TV Globo e o SBT, emissoras que até a década de 90 se destacavam entre o público infantil e disputavam de igual para igual os olhares dos pequenos, principalmente nas manhãs.

No SBT, quem se destaca, de longe, na audiência e na programação, é o mexicano Chaves, exibido em dois horários pela emissora paulista. O canal veicula apenas duas produções próprias voltadas às crianças: Carrossel Animado e Bom Dia e Cia, com destaque para os desenhos animados importados. A faixa da programação infantil vai de 07h30 às 14h15, de segunda à sexta-feira, considerando a programação oficial da geradora, em São Paulo.

Já a TV Globo reduziu drasticamente a programação voltada para as crianças. Restou a fraca e inexpressiva TV Globinho, com apenas 1 hora e 25 minutos de duração (de 10h40 às 12h05). Ainda assim, a atração se resume a desenhos animados enlatados e mais nada.

Logo a Globo, que já fez história com atrações como Sítio do Pica-Pau Amarelo, Balão Mágico, TV Colosso e até com o Xou da Xuxa, hoje preenche as manhãs da emissora com programas direcionados ao público adulto, entre jornalísticos e os que abordam temas como saúde e variedades sem grande importância para o público.

Rede TV! tem o TV Kids, um programa dedicado aos animês (desenhos animados japoneses), e mais nada. E a Record é tão ruim quanto a co-irmã Rede TV!. Durante a semana, nenhuma atração preparada para as crianças é exibida pela emissora do bispo Edir Macedo. Nos fins de semana, a Record veicula o Record Kids, em que exibe exaustivamente as peripécias maliciosas do Pica-Pau, e é só.

Crianças fora das ondas do rádio

Faço aqui um desafio: quem conhece alguma emissora de rádio, seja comercial ou pública, nacional ou local, que transmita pelo menos um programa direcionado às crianças? Difícil, não é verdade? FMs ou AMs, não importa a frequência da estação, mas uma coisa é certa: as rádios brasileiras não gostam de criança. Vide a inexistência de programas dedicados a elas.

A quase totalidade das rádios brasileiras passam o tempo tocando música, muitas delas retratando o universo dos adultos, como amor, sexo, separação, traição. Sem contar, claro, aquelas de baixíssima qualidade, que prezam pelo duplo sentido. E tudo isso em qualquer horário, tendo, muitas vezes, o público infantil como um de seus principais ouvintes.

É público e notório: à exceção de poucos, seja no rádio ou na TV, as crianças não têm vez e voz nos canais de comunicação mais populares do Brasil! Além de cotas para a programação regional e independente, chegamos a um momento em que a militância que luta pela democracia na comunicação deve cobrar para que se inclua a produção e a exibição de conteúdo voltados para as crianças como obrigações a serem cumpridas pelas concessinárias e permissionárias de radiodifusão, sejam elas públicas, privadas ou comunitárias. Valorizando, obviamente, produções nacionais.

Participe e comente!

Relembre os programas infantis que mais marcaram a TV brasileira e comente aqui no blog. E se você conhece alguma rádio que dedique parte de sua programação às crianças, deixe um comentário e compartilhe com a gente! 

Se não mudamos nós, a mídia não muda!

Até a próxima!

Reproduzido do Blog Mídia Aberta
Por uma Comunicação ética, democrática e de múltiplas vozes
07 ago 2011

quinta-feira, 8 de março de 2012

Reino Unido: crianças e conteúdo erótico na TV


Reino Unido quer impedir conteúdo erótico de canais holandeses

Redação
Portal Terra
07/03/2012

O órgão regulador das telecomunicações britânico, Ofcom, se queixou às autoridades da Holanda pelo conteúdo erótico de dois canais com sede no país que podem ser vistos no Reino Unido por sistema de TV digital. O Ofcom considera que a programação para adultos dos canais eróticos holandeses Babestion e Smile TV, que realizam sua transmissão através da televisão digital terrestre britânica, pode ser vista facilmente por menores.

O órgão regulador indicou que se trata de um "assunto importante" e que está mantendo um "diálogo ativo" sobre o assunto com o Commissariaat voor de Media (autoridade reguladora dos meios de comunicação da Holanda), segundo informou nesta quarta-feira o jornal The Guardian. Ao lado do organismo equivalente na Holanda, o Ofcom estuda "como proteger" o público do Reino Unido de "cenas de mulheres seminuas massageando os peitos umas das outras, se masturbando e fingindo orgasmos", que são transmitidas abertamente por estes canais entre as 22h e as 6h locais.

O Reino Unido revogou as licenças de outros canais por transmitirem material excessivamente sexual antes da meia-noite, mas no caso de Babestion e Smile TV, o Ofcom não pode fazer o mesmo porque sua permissão está outorgada em outro país.

Reproduzido de Portal Terra via clipping FNDC

Em inglês no The Guardian aqui.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Infância na programação da TV brasileira: “A TV perdeu a vergonha”


“A TV perdeu a vergonha”

Por Marcus Tavares

Daniel Azulay é um nome conhecido por muitas gerações. Desenhista, músico e arte-educador brasileiro, ele foi o criador da Turma do Lambe-Lambe, que invadiu a programação infantil brasileira entre as décadas de 70 e 90. O programa misturava desenho, histórias e um quadro bem popular, o mãos mágicas, que ensinava as crianças a criar.

Longe da TV, Daniel vem realizando exposições de arte contemporânea no Brasil e no exterior, incluindo projetos sociais de arte-educação. Acaba, inclusive, de lançar o livro de arte ‘A porta’. Por sua vez, a Turma do Lambe-Lambe, que ganhou versão animada, pode ser vista no Canal Futura e na TV Ra-Ti-Bum.

A revistapontocom conversou com o desennhista sobre o atual momento da programação infantil na TV aberta brasileira. Para ele, “a TV hoje em dia perdeu a vergonha, todo mundo sabe que virou um balcão de negócios onde o dinheiro pode tirar um telejornal do ar no horário nobre e transmitir, em rede nacional, um programa religioso para dizimistas”.

Acompanhe:

revistapontocom – Como você avalia a história da programação brasileira voltada para as crianças?

Daniel Azulay – Do ponto de vista de conteúdo educativo, nos programas antigos existia sempre a preocupação educativa e por que não dizer, ética e moral de contribuir de forma construtiva com a formação das crianças. Era muito comum em produtos ou programas infantis incluir o rótulo “Educa-diverte-instrui”. Havia também a dramatização com adaptação para a TV de autores de literatura infantil como o Teatrinho Trol e apresentadores como Gladys e seus bichinhos, Capitão AZA, National KID, Circo do Carequinha e Capitão Furacão.


revistapontocom – E hoje, há espaço de qualidade para a infância na programação da TV brasileira?

Daniel Azulay – Espaço sempre há se houver boa vontade e respeito pela criança que assiste à televisão.  Enquanto as emissoras olharem a criança apenas como produto, como alvo de merchandising e objeto de consumo, estamos crescendo como o rabo do cavalo, para baixo no nível da mediocridade que está aí.


revistapontocom – Por que, nos dias de hoje, programação infantil na TV aberta se resume a desenhos animados e em sua grande maioria estrangeiros?

Daniel Azulay - É facil entender: porque é mais barato quando não é de graça, e ainda gera lucros. As emissoras de TV adoram chamar programa de criança como “Sessão Desenho”. Os desenhos animados de praticamente todas os canais não custa um centavo para as emissoras. Há uma enorme disputa e oferta mundial para distribuir esses desenhos. Tudo para veicular os personagens de licensing e merchandising que geram fortunas em dinheiro para os distribuidores e emissoras que repartem percentuais das vendas milionárias de lancheiras, mochilas, cadernos, livros, brinquedos etc. As crianças, pobres coitadas, imploram aos pais que comprem tudo o que elas assistem na TV. Haja salário familiar e compensação afetiva para cobrir todas essas compras de produtos que escoam nas prateleiras na chamada “venda emocional”. Os americanos incluem o rótulo que atesta “a fama” do produto “As seen on TV”.


revistapontocom – Eis o motivo pelo qual a Turma do Lambe Lambe não tem espaço hoje na TV aberta? Ela está no Futura e na TV Ra ti bum, certo? Foram feitas 104 tiras animadas da Turma Lambe Lambe, não foi?

Daniel Azulay – Na minha opinião, para voltar à telinha em rede nacional é mais fácil eu fundar uma igreja, bolar um programa de Baile Funk e comprar horário na TV ou inventar um Carnê do Baú, como o Silvio Santos fez para comprar sua emissora de televisão. Aí como dono de uma emissora, eu poderia continuar a apresentar meu programa para crianças como sempre gostei de fazer. A TV hoje em dia perdeu a vergonha, todo mundo sabe que virou um balcão de negócios onde o dinheiro pode tirar um telejornal do ar no horário nobre e transmitir, em rede nacional, um programa religioso para dizimistas. A televisão aberta, como um todo, está tão abandonada que até o governo se esqueceu de que tem obrigação de fiscalizar a programação das emissoras. Não sou pessimista, sou realista. Infelizmente a mediocridade está tão disseminada nas cabeças que dirigem  nossas emissoras que a única coisa que sabem administrar é a cultura do “quanto-eu-levo-nisso” ou do maior lucro que posso gerar a curto prazo. Afinal de contas a TV é de graça, o telespectador não paga para ver a TV aberta. É triste ver que a programação de um modo geral reflete a linha de montagem de fórmulas desgastadas, os mesmos formatos, os mesmos protagonistas, nivelando por baixo a criação artística. Só para lembrar, não é de hoje que adultos, jovens e crianças não têm espaço para mostrar e divulgar seu talento na televisão. Mas nem tudo está perdido. De tão supérflua, a TV aberta caminha para a obsolescência, pois não compete com a TV do primeiro mundo, a TV a cabo altamente avançada em conteúdo, inovação e informação. Meu trabalho de TV hoje se resume a reprises no canal Futura e na TV Rá-Tim-Bum.


revistapontocom – E a sua opinião sobre desenho animado, os quadrinhos? Como você analisa o atual mercado brasileiro voltado para a infância? Há espaço para novos autores? Novas propostas?

Daniel Azulay – É um mercado em franca expansão. Carlos Saldanha e o sucessos da Era do Gelo e Rio, lavaram a alma não só de todos nós brasileiros como tb um orgulho da nossa capacidade técnica e artística para o mundo.


Reproduzido de Revistapontocom
07 fev 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Os vendilhões dos templos eletrônicos em tempos de espertalhões da fé


Os vendilhões dos templos eletrônicos em tempos de espertalhões da fé

Luiz Cláudio Cunha *
Especial para o Sul21

Incapaz de vender a alma ao diabo, a Rede Bandeirantes acaba de revender seu santo horário da noite para o pastor R.R. Soares, o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus. O seu ‘Show da Fé’ de 20 minutos, que começava religiosamente às 21h, agora vai durar uma hora inteira, a partir das 20h30. Não se sabe ainda quanto custou esse novo e triplicado milagre, mas pelo contrato antigo o bom pastor já pagava R$ 5 milhões mensais à Band.  O vil metal falou mais alto para a TV de Johnny Saad, que anunciava a devolução do horário nobre da noite a seriados consagrados, como o 24 Horas, para concorrer com as novelas da Globo e as séries do SBT, todas com melhor audiência.

A novidade escangalhou os planos do argentino Diego Guebel, que assumiu a direção artística da Band em outubro passado com a promessa de recuperar o espaço nobre e caro da noite para atrações mais mundanas do que a prosopopeia de Soares. A bíblica derrota de Guebel na Band é apenas outro indício da onda avassaladora do dinheiro que afoga a TV brasileira deste Brasil cínico que finge ser laico e imune à força econômica da religião e seus falsos profetas. Os canais de rádio e TV são concessões públicas, supostamente alheias aos credos e seitas religiosas que transformaram estúdios, igrejas, templos e estádios em púlpitos eletrônicos cada vez mais invasivos e escancarados.

Não existe ninguém no Governo ou no Congresso brasileiros com coragem para frear essa flagrante ilegalidade, sancionada por verbas, dízimos, patrocínios e uma farta hipocrisia. A irrestrita capitulação aos padres e pastores que lideram milhões de fiéis (e eleitores) ficou escancarada na última eleição presidencial, em 2010, quando os dois principais candidatos com raízes na esquerda — Dilma Rousseff e José Serra — sucumbiram vergonhosamente à chantagem das correntes mais atrasadas das igrejas, frequentando missas e cultos com o gestual mal ensaiado de pios devotos que não sabiam nem metade da missa, nem qualquer salmo dos evangelhos. Encenaram um constrangedor teatro de conversão medida para não ofender o eleitor mais ortodoxo. Para não perder votos, Dilma e Serra caíram na armadilha do falso debate religioso sobre o aborto — um tema que um e outro, por mera consciência política ou formação acadêmica, sabem que nos países mais evoluídos não passa de um grave e secular problema de saúde pública.

A submissão das instâncias do Estado secular ao poder cada vez maior das igrejas pode ser medida pela intrusão cada vez mais descarada da fé nos meios eletrônicos do Brasil, que deturpam a concessão pública pelo proselitismo religioso vetado pela Constituição. A igreja católica brasileira agrupa hoje mais de 200 rádios e quase 50 emissoras de TV, contra 80 rádios e quase 280 emissoras de TV de oito braços do crescente ramo evangélico. É um domínio que se fortalece cada vez mais, embora adaptando seu perfil para fórmulas mais agressivas e despudoradas de avanço sobre o bolso das populações mais pobres, mais desesperadas, menos instruídas.

(...) A louvação ecumênica ao dinheiro pintado pela hipocrisia de todos os credos esclarece, em parte, a progressiva invasão destes templos cada vez mais eletrônicos, escancarados por vendilhões cada vez mais acessíveis a espertalhões cada vez mais abusados no assalto à boa fé de sempre dos desesperados.

O velho evangelista Kenyon, profeta dessa cínica doutrina da prosperidade, poderia traduzir este Armagedom moral com o mantra invertido da religião de resultado que inventou: o que eu possuo, não confesso.

* Luiz Cláudio Cunha é jornalista.

Leia o texto completo na página de Sul 21 clicando aqui.



Comentário de Filosomídia:

Esse texto merece um prêmio pela forma e conteúdo com que aborda a questão dessa polititica e relação prostituída entre mídias e podres poderes. Parabéns ao jornalista! 

Foto Montagem: FLD