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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre democratização da mídia


TVPT: Fernando Ferro comenta pesquisa sobre comunicação para defender democratização da mídia

Pesquisa da Fundação Perseu Abramo coletou 2.400 entrevistas, com pessoas a partir de 16 anos nas áreas urbana e rural de 120 municípios, pelas cinco regiões do País.

Com objetivo de investigar a opinião da população brasileira sobre os meios de comunicação, a Fundação Perseu Abramo realizou pesquisa sobre temas como o grau de concentração da mídia e sobre o regime de concessões das TVs e rádios, além da penetração da internet nos lares.

De acordo com a pesquisa, 34% dos entrevistados acreditam que quando tratam de política e economia, os meios de Comunicação no Brasil costumam defender seus próprios interesses. Além disso, 65% das pessoas não concordam com tudo que os veículos de comunicação publicam.

Para o deputado federal Fernando Ferro (PT/PE), a pesquisa apresenta dados que revelam a falta de comprometimento da mídia com as questões sociais em detrimento a fatores que geram lucros. “Essa opinião da população surpreende e vai ao encontro da necessidade de uma democratização da mídia. E aqueles que se achavam formadores de opinião, tem que ter uma nova visão crítica da população” afirmou Ferro.

Janary Damacena
Portal do PT

Acesse a pesquisa clicando aqui.

Reproduzido de PT
24 ago 2013



Consumo de mídias

Esse item identificou que mídias a população mais acessa e para que tipo de informação acessa cada uma delas. O domínio da TV aberta é total, com 94% assistindo, sendo 83% diariamente. Rádio em segundo: 79% ouvem rádio, mas apenas 55% de forma diária. 43% leem jornais, 43% acessam internet, 37% assistem TV Fechada e 24% leem revistas.

Há ainda um predomínio de jornais “populares” e locais. Para se informar sobre o país e o mundo, mais pessoas usam a internet do que as que usam preferencialmente jornais. Ambos são superados nos dois quesitos pela TV Aberta e pelo rádio, mas superam TV Fechada e as revistas semanais.

Nos sites em que os entrevistados navegam, fica clara a predominância dos grupos de comunicação que controlam outras plataformas de mídia. Em primeiro e segundo lugares aparecem Facebook (38,4%) e Google (25,5%), seguidos pela Globo (16,7%), UOL (12,6%) e Terra (7,3%). A leitura de “Blogs” foi citada por 1,2%, ao que se pode acrescentar uma fatia da porcentagem de “Outros”, que representa 7,9%.

Os dados apontam ainda que poucas pessoas se informam por revistas, mas, dentre elas, mais de 50% leem a Veja. Em segundo lugar vem a Isto É, com 12,5%, seguida pela Época (11,6%) e pela Caras (10,7%). A Carta Capital aparece com 0,5%, e a Caros Amigos com 0,2%.


Análise

Fica clara a força da internet na transmissão de informações sobre fatos que extrapolam o nível local. Essa é a potencialidade mais bem explorada pelos que a utilizam como fonte de informação, e tende a enfraquecer o poder de influência das grandes emissoras de televisão no que se refere ao relato de fatos – não necessariamente, ao menos em um primeiro momento, em relação ao consumo de entretenimento.

O fato de a internet estar ocupando esse espaço de informações nacionais e internacionais poderia coloca-la em disputa discursiva com os conglomerados de comunicação que controlam jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão, mas o que acontece é que, em vez de disputa, o que há é reforço. A possibilidade de disputa é limitada na medida em que os sites mais acessados seguem o mesmo tipo de linha discursiva, veiculam o mesmo de discurso, já que são representantes dos mesmos grupos econômicos. Está demonstrado, nos dados da Fundação Perseu Abramo, que a internet não foi ainda capaz, portanto, de democratizar verdadeiramente o debate social, já que também ali o poder econômico e político oligárquico mantém sua capacidade de domínio e hegemonia total.

Em relação às revistas, não há dúvida de que há um grande vácuo de discurso de esquerda. Apenas duas publicações entre as referidas nos dados apresentados mantêm esse perfil, e somam nada mais do que 0,7% de leitores, contra 50,2% apenas da Veja. O fato de as revistas, em seu conjunto, não manterem grande porcentagem de leitores – 24%, o menor percentual entre as seis mídias – é relevante, mas ainda assim é preocupante o controle desse mercado editorial por publicações de discurso conservador – e até mesmo ultra-conservador – e por publicações de banalidades e que costumam reforças estereótipos e imaginários perigosos, como Caras, Contigo, Tititi e Capricho.

Há, em todos os setores midiáticos, um domínio quase absoluto dos conglomerados empresariais e do discurso de direita e/ou apolítico. Mesmo na internet essa realidade não se apresenta de forma diferente. Indicações de que é urgente a necessidade de avançar na desconstrução do modelo de mídia que sustenta esse controle e no fortalecimento da mídia contra-hegemônica enquanto alternativa real de discurso e construção social.

Reproduzido de Jornalismo B
19 ago 2013

Confira outros textos sobre o tema em Jornalismo B, clicando aqui e, análises em Ciranda.net, clicando aqui.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os desafios para a construção de outra comunicação


Uma outra comunicação é absolutamente imprescindível, e passa necessariamente pela liberdade digital. Não essa liberdade defendida há 24 anos pelos participantes do Fórum da Liberdade, essa liberdade seletiva, que só torna livre as elites financeiras. Liberdade para todos, liberdade com igualdade. São setores da própria direita que, através do AI-5 digital do senador Eduardo Azeredo querem destruir a liberdade na internet. São setores dessa mesma direita que patrocina, apóia e cobre o Fórum da Liberdade que, através de processos recorrentes, tenta calar diversos blogueiros críticos ao status quo e às práticas levadas a cabo pela velha mídia. Exemplos não faltam. É preciso uma regulação da internet, mas sobre marcos democráticos. Essa regulação, além de coibir os excessos que sempre acabam acontecendo, impediria que qualquer juizeco determinasse, a seu bel prazer, medidas de censura, como tem ocorrido de forma constante.

Mas a necessidade de uma outra comunicação não passa apenas pela liberdade na internet. Passa também pela verdadeira liberdade em todas as formas de comunicação, que só pode ser alcançada através da democratização radical da mídia:

- Fiscalização independente e séria das leis já existentes para a comunicação;
- Regulamentação dos itens da Constituição que versam sobre comunicação;
- Fim das concessões de rádio e TV para políticos e seus apadrinhados;
- Revisão de todas as concessões de rádio e TV;
- Distribuição equitativa das verbas publicitárias;
- Descriminalização das rádios comunitárias e aceleração dos processos de legalização;
- Criação de mecanismos de controle social sobre o que é veiculado nas concessões públicas;
- Aprofundamento obrigatório da pluralização e diversificação social da programação das concessionárias;
- Proteção aos comunicadores acossados pelos grandes veículos de comunicação;
- Fim imediato da propriedade cruzada (disfarçada ou não).

Esses são apenas alguns dos itens necessários para construirmos a necessária “outra comunicação”. Esse caminho passa também por ações diretas dos próprios comunicadores, através da pressão sobre o governo para que este apóie e também construa essas mudanças, mas também através de um novo entendimento sobre o seu papel como jornalista. A mídia independente ainda precisa se qualificar muito, especialmente na internet. Precisa despartidarizar-se e entender que falar apenas para os próprios ouvidos adianta muito pouco. Precisa entender seu papel de agente social imprescindível para o avanço democrático e, a partir desse entendimento, reduzir, ao menos no exercício jornalístico, seu papel de agente partidário.

Mas essas são apenas decisões a serem tomadas. O grande desafio é o que tenta fugir ao nosso alcance: a produção de conteúdo desvinculada das pautas impostas pela grande mídia. Abordar pautas tradicionalmente ignoradas ou inverter a lógica do que é tratado costumeiramente é a mais pura subversão jornalística. Mas, com as dificuldades financeiras enfrentadas pela quase totalidade da mídia contra-hegemônica, a produção de conteúdo primário informativo torna-se complicada. O trabalho coletivo é, nesse sentido, uma alternativa interessante, mas ainda pouco amadurecida entre esses comunicadores, e, especialmente, entravado por vinculações partidárias. Se queremos outra comunicação, é preciso outra atitude. É preciso repensar esses caminhos e repensar prioridades.

Alexandre Haubrich

Leia o texto completo na página do Jornalismo B clicando aqui.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Raphael Tsavkko: o papel fundamental da mídia hoje


Entrevista exclusiva com Raphael Tsavkko

Raphael Tsavkko Garcia é militante dos Direitos Humanos e da Rede Livre, membro do Grupo Tortura Nunca Mais, de São Paulo. Blogueiro, jornalista, formado em Relações Internacionais (PUCSP) e Mestrando em Comunicação (Cásper Líbero). Mantém o Blog do Tsavkko – The Angry Brazilian, escreve e traduz para o Global Voices Online e tem uma coluna semanal no Diário Liberdade chamada Defenderei a casa de meu pai.

Na entrevista a seguir, exclusiva ao Jornalismo B, Tsavkko fala de suas impressões sobre o momento da mídia alternativa, da blogosfera e da luta anticapitalista a partir da comunicação.

(...) Jornalismo B – Qual a avaliação do momento atual da mídia dominante?

Raphael Tsavkko – A mídia dominante, tradicional, é vergonhosa. Por aqui não conseguimos sequer chegar ao nível dos EUA e Europa, onde os jornais ao menos declaram sua posição política e/ou seu candidato nas eleições, a fim de evitar enganar e mentir para seu leitor/eleitor. Aqui no Brasil temos uma mídia de direita – em alguns casos de extrema-direita – absolutamente parcial, que defende única e exclusivamente os interesses dos grupos privados que a financia e, acima de tudo, jamais admitem o fato. Mais que esconder a verdade, a mídia tradicional fabrica sua verdade. As tentativas legítimas e democráticas de regulação da mídia – que existem em boa parte dos países ditos de primeiro mundo – são rechaçadas não por medo de censura, o que não existe ou é proposto, mas simplesmente pela forma tendenciosa e partidária que a mídia adota e que teria de ser revista, para desespero das famílias (poucas) que controlam os meios de comunicação e que tem agendas clara, porém distantes das do interesse popular.

Jornalismo B – De que forma o governo e a sociedade organizada podem atuar na defesa de uma comunicação mais democrática?

Raphael Tsavkko – Acima de tudo, defendendo uma política de regulação ampla da mídia. Obrigando através de pressão popular e institucional que a grande mídia respeite os direitos humanos e mantenha abertos espaços para múltiplas opiniões. O incentivo à blogosfera, seja através de editais para que seja possível o acesso à propaganda institucional, ou meramente através de campanhas de visibilidade, é um caminho a ser perseguido. Os veículos alternativos, como a Revista Fórum, o Jornal Brasil de Fato, a revista Caros Amigos e outros devem ter garantidos os meios necessários para sua sobrevivência.

Jornalismo B – Como uma mídia anticapitalista deve se estruturar para ampliar seus espaços?

Raphael Tsavkko – Levando em conta que estamos em meio ao capitalismo, deve-se ter em mente que a luta deve ser por dentro, e não alienada da realidade. Por mais que bloguemos e escrevamos por prazer, sem dinheiro temos limites claros, seja de visibilidade, tempo e afins. A formação de portais, a união de blogs e mesmo da blogosfera são caminhos a serem perseguidos.  Individualmente temos pouco poder de fogo contra a grande mídia e a direita, mas unidos podemos fazer barulho – e fazemos! É preciso apoiar a mídia alternativa, seja comprando aquela que sai nas bancas, fazendo doações, escrevendo e dando máxima publicidade.

Jornalismo B – Qual é o papel fundamental da mídia hoje?

Raphael Tsavkko – Da mídia alternativa é de ter uma posição de esquerda, ligada aos movimentos sociais. Eu não diria de “dizer a verdade”, mas de fazer contraponto à grande mídia, de defender interesses populares e dos movimentos sociais. Ma, além do contraponto, tem a obrigação de correr atrás de matéria,s fazer análises e buscar pautar a grande mídia. Já o papel da mídia tradicional, que deveria ser o de informar, acaba sendo o de fazer o papel da oposição inconsequente e, em muitos casos, mentirosa. Mas é inegável que, em geral, ainda tenha um papel junto à sociedade pelo seu alcance e capacidade de mobilização. Nem sempre suas intenções vão de encontro com os da sociedade,  na maioria das vezes o interesse dos donos do jornal é apenas o de seguir aquilo que ditam seus patrocinadores e mesmo o interesse das famílias que controlam esses meios, mas em outros casos ela ainda desempenha um relevante papel como unificador nacional.

Jornalismo B – Quais as perspectivas para o futuro do midia brasileira?

Raphael Tsavkko – Imagino que a mídia tradicional verá a diminuição de seu peso e relevância. O posicionamento golpista muitas vezes acaba (ou acabou) por afastar uma significativa parcela da população, que agora procura se informar nos blogs. A mídia alternativa tem muito espaço para crescer, mas deve ser inteligente e buscar se unir para conseguir não só visibilidade como credibilidade e acessos. É preciso buscar evitar os rachas que podem acontecer devido às desavenças sobre o governo Dilma e seus retrocessos, mas em geral o futuro da imprensa alternativa, ao menos em termos de qualidade e de penetração, tem tudo para ser brilhante. É um movimento sem volta.

Alexandre Haubrich . Jornalismo B

Leia a entrevista completa clicando aqui.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Educação como práxis revolucionária


"Todos os conceitos devem ser desconstruídos para serem construídos com o espírito revolucionário. Tudo está impregnado pela manipulação, pela dominação intransigente, preconceituosa, agressiva, violenta, que as elites infringem ao povo. Cada instituição precisa ser repensada, reformulada. E a consciência é o único caminho para essa mudança. E essa mudança é o caminho inicial para a revolução. Nos dias de hoje, nada pode ser mais revolucionário do que o pensamento crítico. E nada pode fomentar com mais força o pensamento crítico do que a escola. É ali que, crianças, aprendemos a obedecer sem contestar, a receber sem conceber. É ali que somos colocados na moldura que nos desenhará escravos coisificados. E se a própria moldura rebelar-se?

(...) A escola tradicional opera historicamente, no mundo ocidental, como transição entre a infância e o trabalho. É um espaço de preparação cultural para a submissão à autoridade e à disciplina de produção contínua. A escola molda os indivíduos para suas relações sociais e, especialmente, para suas relações de trabalho, tanto frente aos outros trabalhadores quanto frente ao patrão ou à empresa. É no ambiente escolar que a criança transforma-se em adolescente e em "jovem adulto", e em meio a essa transformação aprende a submeter-se à autoridade do professor para depois submeter-se à autoridade do patrão e aprende a submeter-se à escola para depois submeter-se à empresa. No atual modelo escolar, essa autoridade é imposta através do temor, jamais do respeito, assim como a submissão é obtida através da força, jamais da conscientização e do diálogo.

(...) Um novo paradigma educacional resultaria, a curto prazo, em mudanças também na lógica do trabalho a partir da conscientização ativa da exploração sofrida pelos trabalhadores. A prática política, a médio prazo, também seria fortemente influenciada, pois um povo emancipado, politizado, exige participação e poder de decisão. Dessa forma, há um natural (ou imposto pelo povo) aprofundamento democrático, que, por sua vez, tende a realimentar a prática da autonomia do estudante, da educação para a liberdade, para a emancipação, para a transformação de objetos em sujeitos.

A refundação da práxis educacional pode ser essencialmente revolucionária, na medida em que é um passo no grande e necessário caminho de refundação da sociedade sobre um paradigma de democracia verdadeira – não a falsa "democracia liberal" –, com a massa inerte transformada em povo atuante, livre, emancipado. Povo revolucionário é o povo parido – dolorosamente – pelo próprio povo, no momento em que rebela-se contra a opressão".

Alexandre Haubrich . Jornalismo B

Leia o texto completo no Diário da Liberdade clicando aqui.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Desconstruindo a neutralidade para construir um novo discurso


"Ao dizer-se neutra, a imprensa dominante age em dois sentidos diretos: faz crescer seu potencial mercado consumidor ao mesmo tempo em que defende os interesses da maioria de seus anunciantes, intimamente vinculados com os grupos hegemônicos nacionais e internacionais. Em todos os setores específicos e em sua totalidade, o capitalismo exige que muitos pereçam para uns poucos dominarem, e na disputa aqui analisada essa dinâmica não poderia ser diferente. Se essa grande mentira traz vantagens político-econômicos às grandes empresas de comunicação, aos seus anunciantes e a todos os que se beneficiam do sistema em vigor, por outro lado traz prejuízos aos leitores e à inteligência coletiva, ao desenvolvimento total da sociedade e aos grupos historicamente explorados.

A mídia é, juntamente com a igreja, a escola e a família, um dos pilares fundamentais da construção da realidade pela qual cada indivíduo passa a partir do momento em que nasce. Considerando-se o conservadorismo natural das outras três instituições, é na mídia que reside o maior potencial de mudança. Porém, estabelecida como entidade publicitária das grandes empresas nacionais e multinacionais, do agronegócio e das elites políticas e econômicas de modo geral, a mídia dominante disfarça-se de imparcial para defender tais interesses, e cumpre o papel de simples transmissor do discurso hegemônico opressor e antipopular".

Alexandre Haubrich para o Canal MV TV

Leia o texto completo clicando aqui.

Conheça a página do Jornalismo B clicando aqui.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A escrita hermética que nos consome


"A grande mídia é tão homogeneizada que, além do conteúdo produzido pelos veículos ser todo muito semelhante, tudo é exposto praticamente da mesma forma, como se houvesse um padrão de escrita jornalística a ser respeitado – e há, a começar pelo ensino, nas faculdades, do lead e da estruturação “correta” do texto.

A linguagem é o grande alicerce do jornalismo, temos a obrigação de ser compreendidos por todos os leitores, não é? O que preocupa não é perceber esse excesso de formalidade na grande mídia tradicional, que, sabemos, é porta-voz da elite letrada que nesse momento saboreia uma Lagosta À Belle Munier, enquanto questiona ao mordomo qual será a próxima refeição.

O problema é encontrar a mesma leitura burocrática em veículos que se propõem diferenciados. Quem agüenta ler seis páginas em letras miúdas sobre “o mal dos transgênicos”, com aquelas palavras complicadas, termos científicos, nomes de bactérias e cálculos logarítmicos da economia global? Foi essa a sensação que tive ao ter a última Le Monde Diplomatique em mãos – e espero realmente que tenha sido a última.

A “grande mídia alternativa” (Le Monde, Caros Amigos, Carta CaPTal, etc) em nada se difere da grande mídia tradicional, e tem um público muito seleto, composto pela elite da elite da esquerda, que neste momento degusta um caviar iraniano, enquanto procura em Marx a redenção dos pobres.

Essa linguagem hermética contrasta com a própria ambição histórica dos movimentos de esquerda de inserir o povo na base do processo de transformação da sociedade. Méritos ao Diário Gaúcho, entre outros, que soube aliar uma linguagem popular a um preço popular, ainda que com um conteúdo medíocre. O jornalismo alternativo sequer se constitui numa alternativa de fato. Ainda nem estamos na briga".

Luciano Viegas  é estudante de jornalismo da UFRGS
Colaboração especial para o Jornalismo B

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Governo Dilma Rousseff e a democratização da comunicação


“Em entrevista à TV Brasil, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), concordou que os meios de comunicação de massas (TV e Rádios) no Brasil precisam ser desmonopolizados, “Mas não vamos fazer isso por lei”, advertiu. “Não dá para fazer uma lei que diga que vai desconcentrar, até porque não haveria mecanismos para isso.” Ora, então o ministro quer confrontar a realidade? A Argentina aprovou a Ley de Medios que prevê uma maior democratização do espectro televisivo e de rádio que anuncia o fim da hegemonia dos oligopólios. Será que as palavras do ministro refletem conhecimento técnico ou simplesmente negligenciam a necessidade de um novo marco regulatório para os meios de comunicação de massa?

Só no setor de televisão, a Globo passou a controlar neste ano 342 empresas; o SBT, 195; a Bandeirantes, 166; e a Record, 142. Além disso, 61 congressistas eleitos em 2010 possuem concessões de rádio e TV. O cenário é de um monopólio/oligopólio absurdo e a resposta que o Governo Federal promete dar nos próximos quatro anos é a massificação da banda larga – que é necessária em um país onde as transnacionais das telecomunicações atuam somente em cidades de médio e grande porte, privilegiando o serviço a bairros comerciais, de classes médias e elites.

Entretanto, a massificação da internet não significa uma democratização efetiva dos meios de comunicação de massas – não nos esqueçamos que a rede mundial de computadores não possui espectros para transmissão para apenas algumas empresas, como na TV e no rádio, portanto não se trata de um “meio de comunicação de massas”, apesar de ser instrumento de comunicação das massas. Os meios de comunicação que atingem mais diretamente as massas são a TV e o rádio, portanto o problema deve ser combatido neste terreno, apesar de que a luta se reforce também com a massificação do acesso à internet e a diversidade de informações que o usuário pode se imbuir”.

Lucas Moraes . Colaborando com o Jornalismo B

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Jornalismo, blogs e redes sociais: entre a civilização e a barbárie


"A recusa de considerar-se visões de mundo diferentes da nossa separa-nos da universalidade humana e mantém-nos mais perto do pólo da barbárie" (Tzvetan Todorov)

Em seu livro O medo dos bárbaros, o pensador búlgaro Tzvetan Todorov atualiza os já tão desgastados conceitos de civilização e barbárie, trazendo uma definição muito útil destes termos para pensarmos o mundo contemporâneo.

O autor distancia-se das noções de civilização e barbárie que ficaram conhecidas principalmente com a experiência do neocolonialismo ou com a vertente da antropologia relacionada ao multiculturalismo. Tentando estabelecer critérios transculturais na definição dos dois conceitos, Todorov defende que a barbárie acontece quando negamos a plena humanidade do outro e a civilização, em um movimento contrário, aprimora-se quando reconhecemos a plena humanidade em pessoas diferentes de nós. No entanto, nenhuma cultura (ou indivíduo) seria absolutamente bárbara ou definitivamente civilizada, já que estes dois pólos seriam possíveis em qualquer ação humana, constitutivos de nossa humanidade.

Pensando então que barbárie pode ser entendida como a desumanização do outro, podemos concluir que boa parte das atitudes jornalísticas da grande mídia sempre foi pautada pela característica central da barbárie: deslegitimação de adversários políticos, criminalização de movimentos sociais, desumanização da pobreza e dos “criminosos”, eis alguns dos vários exemplos da incapacidade de muitos meios de comunicação de respeitar as diferenças e as visões de mundo contrárias aos seus interesses.


(...) os jornalistas e demais indivíduos, grupos sociais, partidos políticos, entre outros, não estão (em boa parte) apenas reproduzindo nas novas ferramentas de comunicação os mesmos preconceitos, intolerâncias e práticas de desumanização da diferença que sempre marcaram a maioria dos meios de comunicação não virtuais. Será que os blogs e as redes sociais contribuem para o fortalecimento da civilização, entendida como o reconhecimento da plena humanidade no outro (e na sua cultura e visão de mundo diferente)? Penso que o debate sobre essa questão não deve ser adiado, pois a confusão entre tecnologia e “progresso” (seja no jornalismo em particular ou na sociedade como um todo) ainda reúne um grande contingente de iludidos.

Icaro Bittencourt . Colaboração para o Jornalismo B

Leia o texto cpmpleto clicando aqui.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A(s) blogosfera(s) brasileira(s): trajetória recente, momento atual e próximos passos


“A divisão entre blogueiros mais críticos e propagandistas partidários – especialmente do PT – foi uma constante nos três meses de campanha. Essa diferença precisa ficar mais clara, porque a dificuldade de agregar blogs de propaganda com blogs de jornalismo é muito grande, e a consciência dessa importante diferença é um primeiro passo para que a conciliação e o trabalho coletivo possam acontecer.

O bloguismo não pode estar limitado à campanha eleitoral. As mais diversas formas de ativismo – político, cultural, etc. – precisam (e costumam) estar presentes, assim como a prática do jornalismo propriamente dito. A diversidade é o grande trunfo da internet contra o pensamento único da velha mídia, mas precisa estar aliada à noção clara e constante da importância do trabalho coletivo”.


Leia o texto completo de Alexandre Haubrich, no Jornalismo B, clicando aqui.