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terça-feira, 12 de abril de 2011

Da sociedade dos mídias à sociedade em midiatização


"A sociedade em midiatização constitui o caldo cultural onde os diversos processos sociais acontecem. Ela é uma ambiência, um novo modo de ser no mundo, que caracteriza a sociedade atual. Comunicação e sociedade, imbricadas na produção de sentido, articulam-se nesse caldo de cultura que é resultado da emergência e do extremo desenvolvimento tecnológico. Mais do que um estágio na evolução, ele é um salto qualitativo que estabelece o totalmente novo na sociedade." 

A trajetória da sociedade dos mídias à sociedade em midiatização é um processo lento e gradual que se desenvolve em dois eixos profundamente interligados. De um lado, temos o eixo do tempo que nos insere na perspectiva de uma evolução cronológica que vai dos primórdios da consciência e chega aos dias atuais. O segundo eixo situa-se na dimensão qualitativa, de complexidade cada vez mais crescente nas relações, inter-relações e interconexões humanas. É a bissetriz de ambos que espelha a flecha simbólica da evolução humana.

Pedro Gilberto Gomes
IHU - Instituto Humanitas Unisinos

Leia o artigo acima completo na página do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, FNDC, clicando aqui.


Leia também do mesmo autor "A nova versão do meio como mensagem", na página do FNDC clicando aqui.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Pascual Serrano: Mídia digital e contexto social


(...) "é chegado o momento de tomar a iniciativa: desenvolvimento de um forte setor público de meios de comunicação, criação de sistemas para a construção de meios comunitários e coletivos, legislações que impeçam a utilização dos meios de comunicação privados como veículos de desinformação e manipulação, garantia da cidadania para obter uma informação verídica e a ser protagonista da informação. Em qualquer caso, a situação é alucinante, pois enfrentamos muitos desafios:


1 - O papel do Estado é fundamental para democratizar a comunicação: mas os líderes políticos devem demonstrar que são capazes de desenvolver um modelo que não será uma mera correia de transmissão do governo ou do partido governante. Existe o perigo de se chegar a um cenário de divisão entre meios privados que combatem com impunidade mediante a mentira e a manipulação governos progressistas e meios públicos dedicados apenas ao "seguidismo" governamental. No meio estaria um cidadão desinformado, sem possibilidade de acesso a uma informação rigorosa e análises independentes.

2 – É preciso acabar com a impunidade dos meios de comunicação privados para enganar e para mentir, mas sem restringir a liberdade de expressão.

3 - É importante tomar medidas contra o parasitismo de muitos meios de comunicação privados que, embora defendam a economia de mercado e se apresentem como independentes, recebem importantes receitas de publicidade estatal e isenções fiscais.

4 – É preciso explicar e convencer de que aquilo que os meios de comunicação privados apresentam como liberdade de expressão e de imprensa, são apenas seu privilégio para continuar a dominar o cenário da informação monopolizando o espaço radioelétrico e para intervir politicamente sob o guarda-chuva da informação.

5 - É necessário promover políticas de informação adequadas às diferentes instituições governamentais para que a transparência das informações permita enfrentar, sem complexos, todas as campanhas nacionais e internacionais de desinformação.

6 – Faz-se necessária a formação de profissionais de comunicação que atuem sem os vícios dos jornalistas atuais, dominados pela inércia das ideologias ocultas das agências de informação; e com a trivialidade e a frivolidade como inspiradores dos conteúdos. É preciso formar uma nova geração de jornalistas com os códigos técnicos comunicativos que hoje são propriedade quase exclusiva dos impérios de comunicação privados.

7 – É preciso educar o público como consumidores críticos dos meios de comunicação e, ao mesmo tempo, como sujeitos ativos em seu âmbito cidadão para difundir e protagonizar a agenda informativa da sua comunidade.

8 – É fundamental evitar as tentações, em todos os níveis de poder político, de utilizar em proveito próprio os meios de comunicação públicos em lugar de submetê-los à verdade e ao direito dos cidadãos de serem informados.

9 – Os meios de comunicação dos países da Alba devem se lembrar que a cada dia o mundo está menor, o desafio não é apenas levar a verdade aos seus cidadãos, mas também à comunidade internacional. O domínio global dos grandes grupos de comunicação é impressionante, e é importante que a mensagem do Sul chegue também aos cidadãos do Norte, onde não se produzem os avanços na democratização dos meios.

10 – É preciso definir o modelo de conteúdos. De acordo com Aram Aharonian, "de nada serve ter novos meios, televisões novas, se não temos novos conteúdos, se seguimos copiando as formas hegemônicas. De nada servem novos meios de comunicação se não cremos na necessidade de ver com nossos próprios olhos. Porque lançar novos meios de comunicação para repetir a mensagem do inimigo é ser cúmplice do inimigo"[1]. Isso supõe abrir uma discussão sobre que formatos, técnicas e estilos devem ser adotados. Se a aposta é em uma mudança revolucionária na forma, que tenha por objetivo subverter o estilo mercantilista dominante – mas que pode provocar a rejeição e incompreensão dos cidadãos –; ou se, pelo contrário, não se deve renunciar a certos estilos técnicos do modelo dominante, mas adaptá-los a outros princípios e valores.

11 - Também há que se especificar que nível de participação cidadã se reserva às novas propostas e como se combina o dilema entre a maior democratização e participação cidadã e uma necessária profissionalização dos conteúdos. Nem o meio de comunicação deve ser uma mera praça pública onde qualquer um vá gritar, nem se deve repetir o modelo atual de meios surdos para cidadãos mudos.

12 – Por último, há que planejar o sistema de controle social adequado a cada sociedade. Os meios de comunicação, como as instituições, não podem ser deixados sem controle nas mãos dos "eleitos", com a esperança ingênua de que façam a coisa certa.

(...) Dito isto, e voltando à mídia digital. É necessário:

- Governos e Estados que forneçam a logística necessária, sem depender do poder capitalista: servidores, software, hardware, provedores.

- Reconhecimento profissional para esses meios de comunicação no mesmo nível que os tradicionais.

- Formação acadêmica que contemple a especificidade da informação em formato digital.

- Realizar um jornalismo elaborado, rigoroso, documentado, evitando transformar a rede em placas de anúncios para debates, manifestos, proclamações, desabafos, etc. Eu não estou dizendo que não deveriam estar na rede, mas isso não é jornalismo.

- Os meios digitais não podem popularizar e democratizar o jornalismo à custa de diminuir a qualidade e o profissionalismo.

- Acesso dos jornalistas à informação oficial e a seus representantes para poder difundir a realidade.

- É preciso estabelecer um novo modelo de reconhecimento econômico. Trata-se do debate sobre a gratuidade. Associamos gratuidade a democratização, direito universal e social. É estupenda a educação gratuita, a saúde gratuita. Mas com a informação é diferente. Devemos desconfiar da informação gratuita em uma economia de mercado, porque não sabemos a que interesses obedece. Se a sociedade e os Estados deixam os profissionais e os projetos comunitários abandonados, ou se condenarão à marginalidade ou, pior, à cooptação pelo capital – enquanto se apresentam como projetos sociais sem fins lucrativos.

Como se pode comprovar, são numerosos os desafios. É fundamental – na minha opinião – o compromisso do Estado e é alucinante o futuro que enfrentaremos".

*Pascual Serrano é jornalista, fundador do portal rebelion.org e autor de diversos livros.

Fonte: Cubadebate
Tradução: Luana Bonone

Leia o texto completo na página do Portal Vermelho clicando aqui.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sociedade Midiatizada: uma realidade, outra comunicação


"Em "Sociedade Midiatizada" (Editora Mauad), Dênis de Moraes reúne uma coletânea de textos de dez autores da atualidade, reconhecidos internacionalmente por seu compromisso ético com o pensamento crítico. Sua leitura nos conduz à reflexão sobre a mídia pelo prisma de seu engajamento político-ideológico e acerca das conseqüências da influência que exerce numa sociedade cada vez mais conturbada e atravessada por desigualdades sociais e econômicas catastróficas.

Tomamos como exemplo o texto de Eduardo Galeano "A Caminho de uma Sociedade da Incomunicação", em que ele nos apresenta e discute o aparente paradoxo da era da informação: embora a tecnologia das comunicações esteja tão aperfeiçoada, a comunicação está cada vez mais difícil; em suas palavras: "nosso mundo se parece cada vez mais com um reino de mudos". Isto porque a propriedade dos meios de comunicação é controlada por um pequeno número de pessoas que têm o poder de divulgar a sua mensagem para um enorme número de cidadãos em todo o mundo. Cria-se, assim, a "ditadura da palavra única e da imagem única", em seu entender mais devastadora que a do partido único, porque impõe a todos um mesmo modo de vida, ignorando a riqueza necessária da diversidade cultural.

Uma das conseqüências imediatas desse fato é a violência. Repetidas propagandas dos meios de comunicação sub-repticiamente inculcam nas mentes que "quem não tem nada, não é nada, é um lixo", levando pessoas a internalizar o desejo de ser igual e de pertencer ao grupo. Jovens se tornam delinqüentes, apropriando-se de coisas que o fazem sentir-se igual, ser alguém, existir, enfim: aprendem com o que Galeano denomina "escolas do crime".

Os meios de comunicação apresentam o mundo atual como um "espetáculo fugaz, estranho à realidade, vazio de memória". Ajudam a aprofundar as desigualdades, propagando a idéia de que a pobreza é fruto da fatalidade e não mais a conseqüência da injustiça, como há 20 anos. O código moral atual condena o fracasso, não a injustiça, como o único pecado sem redenção. E a mídia, no chamado terceiro mundo, costuma apresentar a violência não como resultado da injustiça, mas da má-conduta de pessoas violentas por natureza, que vivem num submundo violento que, como a pobreza, faz parte da ordem natural das coisas.

Assim a mídia vai cumprindo seu papel de retransmissora da ideologia dominante. Pela telinha, a propaganda do consumo vai impregnando o dia-a-dia do cidadão; de vez em quando, horrores da fome e da guerra, fatalidades de outro mundo, claro, que servem somente para realçar o paraíso que é a sociedade de consumo. Dificilmente são mostradas as responsabilidades que têm as grandes potências na exploração e aviltamento dos povos dos países mais pobres. A cultura da impunidade se impõe".

Leia a resenha do livro por Sheyla Murteira no FazendoMedia clicando aqui.