Mostrando postagens com marcador Consumismo e Infância. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Consumismo e Infância. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Barbie: uma imagem que aprisiona



Barbie: uma imagem que aprisiona

Por Lais/Equipe 
13 julho 2012

"Barbie: uma imagem que aprisiona", esse foi o título do meu trabalho de conclusão de curso de Psicologia há alguns anos atrás. Mas, posso dizer que essa boneca loira e linda sempre chamou minha atenção não só pelos belos modelitos que exibia ou por seus 10 cm de quadril e 12,5 de busto. Barbie prometeu a todas as meninas de minha geração um mundo cor de rosa repleto de acessórios e acabou nos aprisionando nesse sonho.

Agora, vamos há um pouco de história.No final dos anos 50 o casal Ruth e Elliot Handler, fundadores da fábrica de brinquedos Mattel, encontraram um nicho de mercado, ainda não explorado, ao observar as brincadeiras de sua filha Barbara de 7 anos com bonecas de papel. Nessa época não existia uma boneca tridimensional de corpo adulto com a qual a criança pudesse fantasiar e realizar seus sonhos. Foi nesse momento que Ruth criou a Barbie e seu mundo "Pink" revolucionando para sempre as brincadeiras das meninas que, até então, brincavam exclusivamente com bebês como um exercício para a maternidade.

Desde a chegada da Barbie nas prateleiras, garotas do mundo todo passaram então a experimentar, em suas brincadeiras, a falsa idéia de que as mulheres adultas podiam ser o que desejassem: médicas, astronautas, bailarinas, mas claro, desde que fossem magras e belas. Assim, a boneca virou o jogo e passou não só a ditar as regras da brincadeira, mas também os desejos da garotada; por esgotar em seu corpo magro, oco e de plástico com as possibilidades de ser, pois passava valores que priorizavam o ter.

Barbie, hoje com mais de 50 anos de idade, continua sendo a boneca mais amada e vendida no mundo todo e acabou conquistando um fã clube de mais de 18 milhões de membros, desfiles inspirados em seus modelos de roupa, exposições em museus mundo afora e até mais de 36 cirurgias plásticas em um único corpo. A estética da Barbie é hoje imposta pela cultura da moda e, principalmente, pelas imagens publicitárias mobilizando milhões de meninas e adolescentes a fazer de tudo para conquistar o corpo ideal vendido como passaporte para a felicidade.

Esse fato é tão verdadeiro que na semana passada um exemplo chegou à maioria dos jornais brasileiros chocando a todos: Duas adolescentes inglesas de 16 anos, da cidade de Crewkerne, chegaram ao baile de formatura do colégio empacotadas dentro de caixas da Barbie em tamanho natural, como verdadeiras bonecas de plástico encenando uma entrada triunfal. As caixas de papelão de 1,80 m X 0,60, com flores pintadas a mão, foram feitas por uma das mães que gastou 250 libras para realizar o sonho das meninas.

Bom, se a intenção era roubar a cena elas conseguiram. A cidade toda parou para vê-las passar, aprisionadas em seu sonho de infância. Onde vamos parar? No baile de formatura! Agora, vale a reflexão... Se de alguma maneira, nós mulheres nos libertamos dos espartilhos de nossas bisavós, as adolescentes da atualidade continuam aprisionadas ao culto do corpo perfeito numa busca incansável pela magreza e felicidade que não lhes dá sossego.

Reproduzido de Consumismo e Infância
13 jul 2012

Leia também:

Barbie: tudo o que você quer ser ou considerações sobre a educação de meninas, por  Fernanda Roveri

Do rosa ao choque

A história da boneca Barbie foi objeto de estudo da dissertação de mestrado da professora Fernanda Roveri. O levantamento agora está no livro Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque (Editora AnnaBlume), que será lançado no dia 27 de abri, às 16h30, na Faculdade de Educação da Unicamp, em Campinas.

No livro, a autora discute como meninos e meninas são educados por seus brinquedos e como a publicidade investe em carregá-los de feminilidade ou masculinidade. Enquanto os brinquedos destinados aos meninos propagam ideias de velocidade, destruição e desempenho, os brinquedos feitos para meninas reforçam a maneira sensível e passiva de como estas devem se comportar, reforçando conceitos de domesticidade e beleza como algo inerente ao feminino.

Leia o texto completo em Revistapontocom clicando aqui.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Movimento Infância Livre de Consumismo envia carta aberta ao Conar: #desocuparCONAR



Movimento Infância Livre de Consumismo envia carta aberta ao Conar


Na carta, o ILC chama atenção para duas denúncias encaminhadas ao Conar na época da Páscoa, em abril, que tiveram resposta com dois meses de atraso: o órgão recomendou a sustação da campanha da Telessena de Páscoa e enviou uma advertência à Ambev pela campanha de lançamento de ovos de Páscoa da marca de cerveja Skol só em junho, quando não estavam mais sendo veiculadas.

Na última terça-feira (3), o movimento de pais e mães foi representado pela publicitária Taís Vinha durante a Audiência Pública sobre o Projeto de Lei 5.921/2001, que trata sobre a proibição da publicidade infantil. Durante a audiência, Taís alertou para a ineficiência do Conar nas denúncias que tratam de assuntos de interesse da sociedade. Segundo o ILC, o Conselho de Autorregulamentação não vêm demonstrando o comprometimento com a proteção das crianças frente aos apelos comerciais.

Desde julho do ano passado, o Instituto Alana não envia denúncias relativas ao abuso de publicidades dirigidas a crianças para o Conar, quando num ato de total falta de respeito com a ONG e a denuncia apresentada, o órgão chamou o Instituto Alana de "bruxa Alana que odeia criancinhas".

Reproduzido de Consumismo e Infância . Instituto Alana
06 jul 2012

Parecer confirma possibilidade de restrição de publicidade de alimentos para defender direitos das crianças


Parecer confirma possibilidade de restrição de publicidade de alimentos para defender direitos das crianças

Por Redação
10 julho 2012

O Instituto Alana lançou no último dia 5 o parecer "A Constitucionalidade da Restrição da Publicidade de Alimentos e Bebidas Não Alcoólicas voltada ao Público Infantil", assinado por Virgílio Afonso da Silva, professor titular de Direito Constitucional da USP. Mais de 40 profissionais participaram do lançamento, que foi seguido por debate mediado pela diretora de Defesa do Instituto Alana, Isabella Henriques, na presença do professor Virgílio Afonso da Silva e do procurador e conselheiro do Alana João Lopes Guimarães Jr.

Durante o evento, o professor criticou o fato de a restrição à publicidade muitas vezes ser ligada a um ranço paternalista e explicou a aplicação da regra da proporcionalidade. No caso analisado, em que o tema era a restrição de publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, sódio e gorduras e de bebidas de baixo valor nutricional, entendeu-se que o direito de anunciar para o público infantil, considerado vulnerável, pode ser restringido frente ao direito da criança ao desenvolvimento saudável. Hoje já se sabe que a publicidade desse tipo de produto alimentício impacta de forma negativa os índices de obesidade infantil, que já atinge 15% das crianças brasileiras segundo o Ministério da Saúde.

"Se os poderes públicos e a sociedade civil estiverem engajados em uma política pública consistente de proteção às crianças, e se essa política, ainda que restritiva a alguns direitos de fabricantes e anunciantes, restrinjam esses direitos de forma proporcional, as normas constitucionais brasileiras estarão resguardadas", afirma Afonso da Silva no documento, feito para o Alana como pro bono (não remunerado).

Confira o vídeo:




Reproduzido de Consumismo e Infância . Instituto Alana
10 jul 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pesquisas em prol do consumo e produção sustentáveis


Pesquisas em prol do consumo e produção sustentáveis

Por Carla Rabelo
Consumismo e Infância . Instituto Alana
27 junho 2012

Nos últimos dias 13, 14 e 15 de junho, o Rio de Janeiro abrigou o Global Research Forum on Sustainable Consumption and Production - GRF-SCP (Fórum Global de Pesquisa em Consumo e Produção Sustentáveis), evento que reuniu pesquisadores, empresas, representantes de governos e de organizações não-governamentais de todo o mundo para discutir suas pesquisas e possíveis aplicações em novos modos de produção e consumo sustentáveis. Esses temas são correlatos ao contexto da Rio+20.

Mesmo sem um expressivo número de latinamericanos, o evento contou com estudos advindos do Brasil, Chile e México, mas foi predominantemente representado por países como Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Lituânia, Índia, Inglaterra, Filipinas, Japão, Singapura, África do Sul, entre outros. Os artigos apresentados versavam sobre as tendências e necessidades de pesquisa diante do atual sistema global de produção e consumo que está resultando em grandes crises ambientais, econômicas e, consequentemente, impactos nas vidas das pessoas.

Pensar em sistemas alternativos para problemas de países desenvolvidos e em desenvolvimento como o Brasil dentro de metas globais e locais de sustentabilidade é o maior desafio para a interface do mundo científico com outros atores sociais. Mas outra questão que continua sem respostas e tão cara aos estudos nacionais e internacionais é a lacuna entre pesquisa e prática. O acesso às informações de pesquisa continua, em grande parte, restrito a uma literatura distante por meio de revistas acadêmicas, relatórios e congressos que não proporcionam acesso e intercâmbio dos outros saberes (indivíduos, comunidades, empresas, ongs etc).

Nesse sentido de compartilhar conhecimentos e trazer importantes discussões sociais ao universo científico, o Instituto Alana, por meio da pesquisadora Carla Rabelo e da coordenadora de mobilização Gabriela Vuolo, participou no dia 15 de junho desse fórum apresentando, na divisão temática de Educação, com o artigo "Criança, Consumo e Sustentabilidade - Os efeitos negativos da publicidade e a emergência de políticas públicas adequadas". O trabalho expos as preocupações atuais diante do predominante consumismo social incentivado por mecanismos de comunicação mercadológica como a publicidade voltada ao público infantil, que tenta solidificar desde cedo o modelo do acúmulo, antagônico com a proposta de sustentabilidade e redução de descarte.

Acompanhar as discussões da pesquisa científica no Brasil e no mundo, nos ajuda a entender melhor esses temas tão complexos e difíceis. Os estudos podem abrir caminhos reflexivos, criativos, embasados e também soluções para um mundo mais igualitário, sem explorações e incentivos consumistas.

Se você tem alguma pesquisa, estudo ou atividade ligada aos temas sustentabilidade, educação, consumo, consumismo, criança, infância, publicidade, propaganda, marketing, compartilhe escrevendo um e-mail para: contato@alana.org.br

Reproduzido de Consumismo e Infância
27 jun 2012

sábado, 9 de junho de 2012

Brasil está atrasado na implantação de políticas de regulação da publicidade infantil


Brasil está atrasado na implantação de políticas de regulação da publicidade infantil, diz especialista

Por Thais Leitão
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O Brasil está muito atrasado em relação a outros países quando o assunto é implementação de políticas de regulação no campo da publicidade infantil. A avaliação é da professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, que coordena o Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Adolescência e Mídia (GRIM) da instituição.

A especialista, que também é doutora em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acredita que é preciso haver maior reflexão e mobilização da sociedade brasileira para exigir leis que protejam crianças e adolescentes dos “efeitos nocivos” que o marketing direcionado a eles tem. “As propagandas voltadas para crianças são em geral abusivas porque utilizam estratégias de persuasão que elas não são capazes de identificar, então estão sendo enganadas”, disse.

Inês Vitorino acredita que o Brasil deve seguir o exemplo de países que adotaram modelos que proíbem a publicidade infantil ou regulamentam a atividade de forma específica. “Na Alemanha, por exemplo, toda a publicidade é dirigida aos pais e nos horários infantis não há qualquer publicidade. Na província do Québec, no Canadá, e na Suécia, a publicidade infantil é inteiramente proibida. São países de tradição democrática, mas optaram por esse caminho com base no princípio norteador que a criança até 7 ou 8 anos não tem sequer a clareza do conteúdo persuasivo. Ela assiste à publicidade e não tem compreensão de que ali há uma oferta de venda”, explicou.

A especialista ressaltou, ainda, que por meio da publicidade são apresentados conceitos e valores, como níveis de competitividade e desqualificação de pessoas pela falta de posse de determinados produtos, com os quais a criança não está preparada para lidar. “Sem maturidade para lidar com esse tipo de situação, a criança sofre problemas de autoestima e conflitos familiares, porque ela passa a pedir aos pais coisas que muitos deles não têm condições de comprar”, ressaltou.

A professora da UFC citou ainda outra situação considerada por ela um problema familiar, que é a influência de crianças e adolescentes nas compras da casa. De acordo com ela, dados colhidos por um instituto de pesquisa brasileiro, em 2007*, constataram que, no Brasil, 45% de crianças e adolescentes entre 8 e 14 anos opinam sobre a compra de carros pela família, 60% influem sobre a aquisição de celulares e 61% sobre a de computadores. Em consequência, a consultoria concluiu que 80% das marcas devem incluir o público formado por crianças e adolescentes nas suas estratégias de marketing.

Inês Vitorino acredita que o Brasil precisa ter uma “regulamentação que defina limites à intervenção publicitária”. “Atualmente quem mais atua nessa área é o Conar [Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária], mas por se tratar de um órgão privado de autorregulamentação, seu código não tem força de lei e ele não tem poder para garantir punições mais severas”, disse.

Ela ressaltou que além da autorregulamentação, existe o controle social exercido por organizações da sociedade civil, como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Agência de Notícias do Direito da Infância (Andi). A professora destacou que com a ausência de regulamentação específica, desde a década de 1990 outros aparatos legais tentam suprir essa lacuna e definir limites na comunicação comercial, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Código de Defesa do Consumidor e a Lei nº 9.294/96 que regula publicidades de produtos nocivos.

Ela citou ainda o Projeto de Lei 5.921/01, que tramita há mais dez anos no Congresso Nacional e proíbe a publicidade dirigida à criança e regulamenta a publicidade dirigida a adolescentes. O texto, que inicialmente foi proposto pelo deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e já sofreu diversas alterações, está sob apreciação da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI ), da Casa Legislativa. A proposta tem resistência de diversos setores ligados à publicidade, além de fabricantes de produtos infantis.

Edição: Aécio Amado

Reproduzido de Agência Brasil (02/06/12) via Educação Política por Glauco Cortez (09/06/12)

* Provável que seja esta pesquisa: “Kids Power - As crianças e os meios de comunicação” e “O poder da publicidade”, com coleta de dados em 2006 e divulgação em 2007, na página de InterScience 2007, clicando aqui, conferindo na página de Marketing & Vendas clicando  aqui.

Leia também:

“Crianças e o Mundo Digital”, pesquisa com dados de 2011, na página de InterScience, clicando aqui.

Reflita sobre o texto abaixo e o que pensam alguns "marketeiros" e concordam alguns jornalistas, e tire suas conclusões:


"Marketing Infantil: como conquistar a criança como consumidora" 


Com o crescimento de produtos infantis no mercado brasileiro, as empresas voltadas para as crianças acabam sem saber como abordar melhor seu público-alvo. Foi pensando nisso que o consultor de Marketing infantil, Arnaldo Rabelo, escreveu o livro “Marketing Infantil – como conquistar a criança como consumidora”.


O livro disponível somente na versão on-line traz informações originais e úteis para quem atua neste mercado. Em entrevista ao Mundo do Marketing, Arnaldo Rabelo explica a diferença de marketing infantil e publicidade voltada às crianças.

O consultor conta quais são os erros mais comuns cometidos e como as empresas devem agir para conquistar e manter o consumidor infantil. Ainda de acordo com o especialista, os pais estão evitando o excesso no consumo e se preocupam em adquirir produtos de empresas ecologicamente responsáveis.

Quais devem ser as principais estratégias para atrair as crianças como consumidoras?

As estratégias são direcionamentos de longo prazo que dependem de uma análise da conjuntura, dos concorrentes, dos clientes e da própria empresa para serem definidas. Por isso, devem ser diferentes para cada empresa. Mas a compreensão do processo de compra e do comportamento da criança e da mãe são peças chave para essa definição.

Quais são as dicas que o livro dá para as empresas que estão ingressando no mercado infantil? E para as que já estão no mercado e buscam sucesso com seus produtos?

As empresas que já estão no mercado geralmente já perceberam vários destes pontos, mas costumam ter bastante espaço para melhorias na área estratégica. Já as empresas que estão entrando no setor de produtos infantis devem evitar alguns equívocos bastante comuns como considerar a criança como um público homogêneo. Na verdade, ele é composto por pessoas com diferentes comportamentos e necessidades.

Outro erro é basear-se na própria infância buscando compreender a criança de hoje. Como o mundo muda muito rápido, as crianças de hoje são bem diferentes daquelas de algumas décadas atrás. Basear-se em alguém próximo, como um filho ou um sobrinho, para entender o seu público também não funciona. Essa pessoa dificilmente representará o comportamento da maioria do público.

Não se pode miniaturizar produtos de adolescentes ou de adultos para transformá-los em produtos infantis. Por incrível que pareça, isso acontece. Como as necessidades das crianças são bem diferentes das dos adultos, os produtos e a comunicação também deverão ser diferentes.

Aqui também vale a idéia de que, como as necessidades são diferentes, os produtos devem ser diferentes. Logo, não pode colocar cores femininas, como o cor de rosa e o lilás, em um produto de menino na esperança de transformá-lo em um produto de menina.

As crianças têm um papel importante no processo de compra e precisam ser consideradas. Por isso, não se deve considerar que o público da comunicação são apenas os pais, já que eles costumam ser os que possuem o dinheiro. Ao mesmo tempo, não pode ignorar os pais no processo de comunicação, abordando apenas a criança. Os pais têm uma função importante no processo de compra.

Além dos segmentos mais comuns entre as crianças como brinquedos e doces, quais os que mais se destacam?

Podemos citar os setores de chocolates, refrigerantes, sucos, alimentos infantis em geral, moda, higiene, papelaria e artigos escolares como alguns dos mais importantes.

Existe um novo perfil de consumidor em geral mais consciente. Do lado do consumidor infantil há mudanças nesse sentido?

A palavra "consumidor" é um pouco enganadora no Marketing Infantil, pois significa "comprar para o próprio consumo". Precisamos levar em conta os diferentes papéis desempenhados no processo de compra, que podem ser desempenhados por pessoas diferentes. No Marketing Infantil, os mais importantes são o influenciador, o comprador e o usuário. Os pais têm comprado de forma mais consciente, evitando excessos e preferindo produtos de empresas responsáveis socialmente e ecologicamente. As crianças também se preocupam com o meio-ambiente, mas ainda têm feito pouco para expressar de forma prática essa preocupação.

Como as empresas devem traçar suas estratégias de Marketing para esse público sob o ponto de vista do consumo consciente?

No segmento infantil, a exemplo de outros, já não há mais espaço para empresas que não agem de forma ética e responsável, se preocupando em beneficiar seu público em longo prazo. Ao invés de se concentrarem em gerar apenas vendas no curto prazo, as empresas precisam também conquistar e manter o seu público por um longo período. Para isso, as questões éticas devem ser levadas em conta na definição dos valores e da identidade da empresa. Além disso, todas as suas ações e decisões precisam ser coerentes com essas diretrizes.

É possível saber qual é o motivo que leva uma criança a desejar um produto?

Embora os motivos individuais possam ser diferentes, a empresa deve realizar pesquisas para compreender as motivações da maioria dos componentes do seu público principal. Os motivos podem ser objetivos (necessidade biológica ou física) ou subjetivos (necessidade psicológica ou social). Quanto menos idade tiver a criança, mais seu comportamento é moldado por suas limitações, habilidades e capacidades neurológicas, motoras e cognitivas. Inversamente, quanto mais idade tiver a criança, mais seu comportamento é moldado por questões sociais e culturais.

Quem decide a compra dos produtos, as crianças ou os pais? Como é esse processo?

Isso depende do estágio de desenvolvimento da criança. Genericamente, podemos dizer que a criança de 0 a 3 anos, que tem uma grande dependência da mãe, não participa do processo de decisão da compra. Mas dos 4 aos 7 anos, aproximadamente, a criança ganha autonomia e começa a influenciar os pais na compra de seus produtos. E dos 8 aos 12 anos de idade a criança já pode ser considerada decisora da compra da maioria de seus produtos.

Por que optou por um livro exclusivamente virtual?

Optei por esse processo na fase inicial para que os leitores pudessem interagir, enviando comentários, sugestões e críticas. Com isso, o texto continuará sendo desenvolvido. Planejo lançar a versão em papel em 2009.

Pricila Gambale em Mundo Marketing, reproduzido por reproduzido em GECORP, Gestão Estratégica da Comunicação Organizacional e Relações Públicas, clicando aqui. A aparentemente jornalista aborda o que se considera um dos primeiros livros sobre marketing infantil no Brasil, de autoria de Arnaldo Rabelo e António Cardoso (Portugal). O referido livro está disponível online aqui.


Comentário de Filosomídia:


Os textos acima abordam o mesmo tema sob pontos de vistas completamente opostos. A Profa. Inês Vitorino defendendo os direitos das crianças, de acordo com os princípios constitucionais além do ECA e, o outro texto abordando sobre o livro, trata a criança tão somente como nicho de consumidores que têm influência de compra sobre seus pais, e quais seriam as estratégias para "conquistar a criança" num mercado que movimento no Brasil algo em torno de 50 bilhões de reais, segundo o autor no site.


Há que se agradecer a professora, seu grupo de estudos e todos aqueles que defendem os direitos das crianças frente às pressões desse mercado, que tem em muitos profissionais  anti-éticos os parceiros  que perpetuam essa violência contra a infância, como se fosse a coisa mais natural e aceitável do mundo.


Pessoalmente eu vejo com muita desconfiança o discurso daqueles que embolam o que seja "consumo sustentável" e proteção do meio ambiente com "consumo consciente", disfarçando outras estratégias de persuasão junto às crianças como "público-alvo" desse que o autor do livro designa por "importante setor": marketing.

Enquanto a maioria das pessoas em cargos do poder público também se embola e se locupleta na corrupção com os interesses do mercado e de quem o conduz, vai crescendo o número de pais, responsáveis e professores que lutam e enfrentam esse tipo de abuso que a sociedade mal enxerga no seu todo.

O Brasil não está só atrasado na implantação de políticas da publicidade infantil, mas também perto do topo dos campeões quando se trata do índice de analfabetismo político e des-cidadania plena; analfabetismo midiático e des-regulação dos meios de comunicação, des-mobilização e ausência de indignação entre aqueles que têm o dever de proteger a infância.

É preciso denunciar os profissionais anti-éticos que se vendem a esse sistema de coisas, inclusive os que ocupam cargos nos altos tribunais de Justiça, e exigir que os direitos das crianças sejam respeitados. É preciso ampliar essa discussão nas escolas, lares, escolas e universidades, aumentar as frentes de batalha nessa guerra de empresários contra o cidadão-criança.

É preciso respeitar a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

sexta-feira, 30 de março de 2012

CCTCI aprova proposta que permite publicidade institucional em TVs educativas


CCTCI aprova proposta que permite publicidade institucional em TVs educativas

Tela Viva
Da Redação
29 mar 2012

A Comissão deCiência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados aprovou na última quarta, 28, uma proposta que permitirá a publicidade institucional na forma de patrocínio ou apoio cultural nas emissoras de TV educativas. Trata-se do Projeto de Lei 960/03, do ex-deputado Rogério Teófilo. A legislação é dúbia em relação à comercialização de publicidade por parte das educativas. Enquanto o Decreto-Lei 236/67 proíbe a transmissão de qualquer propaganda pela televisão educativa, a lei que trata da qualificação de entidades como organizações sociais (Lei 9.637/98) permite que essas entidades veiculem publicidade, desde que se enquadre no conceito de apoio cultural. A Lei Rouanet (8.313/91) também permite patrocínios a produções culturais-educativas de caráter não comercial, realizadas por empresas de rádio e televisão.

Pelo substitutivo do deputado Gilmar Machado (PT-MG), o tempo destinado à publicidade institucional nas emissoras educativas não poderá exceder a 15% do tempo total de programação.

O projeto, que foi rejeitado na Comissão de Educação e Cultura, será analisado agora pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e, em seguida, pelo Plenário.

(Com Agência Câmara)

Reproduzido de Tela Viva via e-mail Criança e Consumo/Instituto Alana

Leia também:

"Câmara pode autorizar publicidade em TV educativa" (17 nov 2011) na página do Projeto Criança e Consumo/Instituto Alana clicando aqui.

domingo, 25 de março de 2012

Especialistas europeus defendem proibição da publicidade dirigida às crianças



Especialistas europeus defendem proibição da publicidade dirigida às crianças

Por Redação
12 março 2012

Como resultado de uma audiência pública realizadas em 2011 em Bruxelas*, o Comitê Econômico e Social Europeu (CESE), um órgão consultivo da União Europeia, está elaborando um parecer a favor da proibição da publicidade dirigida a crianças, segundo notícia do site Público. O parecer deve ser finalizado até junho**, quando será apresentado a UE. A proposta é que o documento seja no futuro transformado em leis nos diferentes países membros.

Para os especialistas do CESE, um dos objetivos é impedir que as crianças sejam expostas à anúncios de produtos que promovam valores distorcidos ou produtos que fazem mal à saúde, como é o caso de propagandas de alimentos não saudáveis. Para Paulo Morais, perito do CESE, o volume do bombardeio publicitário é mais uma questão, já que as crianças europeias entre dois e cinco anos ficam cerca de 27,5 horas por semana em frente à TV, expostas a 26 mil anúncios publicitários por ano. "É uma verdadeira lavagem cerebral", afirmou para o site.

A iniciativa do CESE mostra a importância do tema, que vem sendo amplamente debatido e avaliado pelos países europeus, assim como pelos Estados Unidos e pela Austrália. Neste debate, a questão da promoção de alimentos não saudáveis está obtendo destaque, principalmente devido a sua influência no aumento dos índices de obesidade infantil. Aqui no Brasil, embora o Ministério da Saúde comece campanhas contra a doença, faltam iniciativas efetivas que lidem com a publicidade como influenciadora nos hábitos alimentares infantis, argumento que vem sendo comprovado por diversas pesquisas e órgãos.

Reproduzido do Blog Consumismo & Infância do Projeto Criança e Consumo . Instituto Alana


* Países da União Europeia debatem regulação de publicidade infantil

Por Redação . Projeto Criança e Consumo
12 dezembro 2011

Na semana passada, o Comitê Econômico e Social Europeu (CESE), órgão consultivo da União Europeia, promoveu uma audiência pública em Bruxelas para debater a regulação da publicidade dirigida a crianças e jovens. A reunião foi o primeiro passo na elaboração de um parecer do órgão sobre o assunto, que será apresentado à Comissão Europeia, a fim de discutir o direcionamento de publicidade para o público infanto-juvenil.

A iniciativa do CESE mostra a importância do tema, que vem sendo amplamente debatido e avaliado pelos países europeus, assim como pelos Estados Unidos e pela Austrália. Aqui do Brasil, o Projeto Criança e Consumo enviou uma carta para o Comitê, manifestando seu apoio às iniciativas que impulsionam os Estados-membros da União Europeia a discutir a proteção da infância no âmbito das relações de consumo em conjunto com a sociedade civil, e relatando o trabalho realizado no Brasil.

Para o professor Mario Frota, presidente da Associação Portuguesa de Direito ao Consumo e membro do CESE, a reunião mostra a necessidade de uma séria e profunda reflexão sobre a publicidade infanto-juvenil.  Ele fez um relato do evento realizado no Comitê, que foi postado em seu blog (1). No texto, ele defende a regulação da publicidade dirigida ao público infantil, afirmando que “não se pode pela ideia de lucro a qualquer preço sacrificar e escravizar gerações e gerações de crianças e jovens que se lançam para a vida com uma terrível imposição que os sujeita de forma absurda”. Nos resta agora esperar o Parecer de Iniciativa do CESE. O professor também fez um vídeo comentando o assunto, que você pode ver abaixo.

Reproduzido do Blog Consumismo & Infância do Projeto Criança e Consumo . Instituto Alana
12 dez 2011

(1) Blog NetConsumo.com . Boletim informativo e fórum de discussão da apDC - Associação Portuguesa de Direito do Consumo 



** Peritos europeus defendem proibição da publicidade dirigida às crianças

Por Natália Faria
06.03.2012

A publicidade dirigida às crianças pode ter os dias contados. O Comité Económico e Social Europeu (CESE), um órgão consultivo da União Europeia, está a preparar um parecer que sugere a proibição da publicidade protagonizada por crianças e dirigida à mesma faixa etária nas televisões e nos jornais generalistas.

"É colocar a fasquia muito alta, mas o objectivo intermédio é proibir a publicidade com violência em programas infantis e a erotização precoce das crianças na publicidade, bem como os anúncios de produtos que fazem mal à saúde", adiantou ao PÚBLICO Jorge Pegado Liz, membro do CESE e relator do parecer.

O documento, a finalizar até Junho, terá que ser aprovado pelo comité do CESE e depois apresentado à União Europeia. A ideia é que acabe convertido em directiva e depois transposto para a legislação dos diferentes Estados-membros. "Mesmo para as empresas é angustiante ter 27 legislações diferentes", sublinhou Mário Frota, presidente da Associação Portuguesa dos Direitos do Consumidor e um dos presentes na audição pública que ontem se realizou na Universidade Lusófona, no Porto, onde esteve também Marco António Costa, secretário de Estado da Segurança Social.

O problema poderia não ser tão premente não fosse a televisão ter-se tornado num dos principais "educadores" das crianças. "As crianças entre os dois e os cinco anos passam uma média de 27,5 horas por semana a ver televisão", lembrou Paulo Morais, docente na Universidade Lusófona no Porto e perito do CESE. Resulta daí que cada criança vê uma média de 26 mil anúncios publicitários por ano. "É uma verdadeira lavagem cerebral", apontou Morais, lembrando ainda que 33% das crianças com menos de cinco anos não distinguem um anúncio de um programa de televisão e que mais de metade "não conhece o propósito de venda" subjacente à publicidade.

Alimentos nefastos

Acresce que, "quanto menor o nível económico [das famílias], mais permeáveis são as crianças à mensagem publicitária". Atendendo a que muita desta publicidade se refere a alimentos nefastos para a saúde, e que "na União Europeia existem 20 milhões de crianças obesas", impõe-se restringir a publicidade dirigida a crianças "nem que seja para poupar dinheiro ao Serviço Nacional de Saúde", como ironizou Paulo Morais.

Actualmente, as regras sobre publicidade infantil variam muito de país para país. Suécia, Noruega e Áustria, por exemplo, proíbem toda e qualquer publicidade dirigida a menores de 12 anos. Na Grécia, ao contrário, não existe qualquer regulamentação. No caso português, o problema não reside tanto na inexistência de regulamentação, mas na incapacidade de fazer cumprir a lei. "Em Portugal, a publicidade com crianças só é permitida em produtos, bens ou serviços que tenham a ver com crianças, o problema é que a lei é desrespeitada todos os dias", lembra Morais. "É como se as leis portuguesas não mandassem, não obrigassem, não imperassem: sugerissem apenas", concordou Mário Frota, para quem "a administração pública não pode ser uma cúmplice silenciosa" destas violações.

Do lado do Governo, Marco António mostrou-se contrário à tendência proibitiva, defendendo antes uma actuação pedagógica para incentivar a autodefesa das crianças perante a publicidade. "Estamos num âmbito em que a proibição não será o factor mais adequado para prevenir problemas. A melhor forma vai no sentido de proporcionar pedagogicamente os instrumentos de autodefesa às crianças", sustentou.

Reproduzido de Público
05 mar 2012




União Europeia analisa práticas de publicidade infantil

António Freitas de Sousa
08/03/12

Negócio de muitos milhões de euros não tem harmonização jurídica no espaço europeu

O Comité Económico e Social Europeu está a preparar a votação de um parecer sobre a publicidade com e para crianças e adolescentes no espaço europeu - no sentido de, por um lado, promover a produção de legislação restritiva e, por outro, contribuir para a harmonização das legislações nacionais, que seguem princípios, em alguns casos, demasiado diferentes.

No caso português, o perito convidado pelo Comité, Paulo Morais - antigo vice-presidente da Câmara do Porto - disse ao Diário Económico que a grande preocupação é a televisão e o excessivo de tempo que as crianças passam diariamente à sua frente. Os números são sintomáticos: a classe etária entre os dois e os cinco anos passa 27 horas por semana frente à TV e 96% das crianças portuguesas admite ver TV é uma "actividade frequente". Por ano, uma criança vê entre 26 mil e 40 mil anúncios publicitários, o que redunda em que os pedidos das crianças podem ter um peso nos gastos familiares da ordem dos 40%. Não há estimavas para o caso português mas, "nos EUA, as campanhas publicitárias tendo como alvo o segmento infantil somaram, em 2009, 500 mil milhões de euros, três vezes o PIB português".

Reproduzido de Diário Econômico (Portugal)
08 mar 2012

Veja também:

Public hearing on Advertising for young people and children

Children's advertising is a subject that raises many pertinent issues of ethics. Marketers want to know if their huge investment in the children's market is well spent. Parents and educators are anxious to learn how effective this type of advertising is and what sort of impact it has on the children themselves.

Advertising for children and young people is therefore the subject of debates concerning the influence of a product on children's health and behaviour.

Specific actions against inappropriate audiovisual commercial communications need therefore to be carried out.

Rules on advertising have largely evolved in recent years. In most countries, advertising for children is now framed by a mix of legislation and advertising self-regulation where ethical and behavioural standards have to be respected.

A hearing will take place on 1 December involving civil society in the debate and presenting the viewpoints of different stakeholders on that issue. These contributions will serve as a basis for the discussion in the study group and will be reflected in an EESC own initiative opinion to be delivered early 2012.

Thursday 1 December 2011 at 2.30 pm
European Economic and Social Committee (EESC)
Meeting room VMA 3
2 rue Van Maerlant, 1040 Brussels

Reproduzido de CESE (EESC)
01 dez 2011

Para ver o Programa do evento clique aqui.






Fotos: CESE . Comitê Econômico e Social Europeu (EESC)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Campanha: Infância Livre de Consumismo



Um grupo de pais e mães lançou ontem no Facebook uma campanha por uma Infância Livre de Consumismo. A iniciativa é uma resposta clara e direta a uma ação lançada pelo mercado publicitário no início do mês com o objetivo de defender a publicidade infantil e responsabilizar unicamente os pais na hora de proteger as crianças dos apelos ao consumo.

A campanha Infância Livre de Consumismo propõe um canal de diálogo verdadeiro com toda a sociedade sobre a influência da publicidade na formação das crianças e acredita que para que pais e mães possam cumprir sua responsabilidade de educar os filhos para a cidadania e a sustentabilidade, é preciso um apoio efetivo do Estado e a responsabilização também de empresas privadas, veículos de comunicação e agências de publicidade.

“Somos pais e mães conscientes e presentes e não aceitamos que atribuam a nós a responsabilidade pela forte influência da publicidade na formação de nossas crianças”, diz o manifesto da campanha.

Nós, do Projeto Criança e Consumo, também acreditamos que responsabilizar apenas os pais – deixando o mercado agir segundo suas próprias regras, sem qualquer limitação legal – é injusto com os pais e irresponsável com as crianças. A responsabilidade pela proteção da infância precisa ser compartilhada.

Apoiamos a campanha e acreditamos que iniciativas como essa são fundamentais para que o tema ganhe as ruas e passe a ser de toda a sociedade: dos pais e mães indignados, dos educadores preocupados, dos cidadãos antenados. Só assim, com diálogo honesto e aberto, poderemos avançar.

Não deixem de participar e divulgar! A página da campanha no Facebook éhttps://www.facebook.com/InfanciaLivredeConsumismo. Há também um canal no Twitter e noYouTube

22 mar 2012


Saiba mais sobre a Campanha Infância Livre de Consumismo clicando aqui.

Veja também: "Publicidade pega pesado com as crianças"

quinta-feira, 8 de março de 2012

O implacável uso de personagens como estratégia de vendas


O implacável uso de personagens como estratégia de vendas

Por Carla Rabelo
Redação em 07 março 2012

Na história das embalagens e demais atuações que envolvem as práticas de marketing é comum encontrarmos nas prateleiras de supermercados produtos que utilizam personagens conhecidos ou criados para endossar e melhorar a tal imagem da marca. Alguns desses personagens estão sob licença (licensed character). E você sabe como funciona?

A empresa detentora dos direitos sobre o personagem faz um contrato de cessão com o licenciado que garante a exploração e reprodução da imagem do personagem em seu produto e demais atuações da marca, como a publicidade, eventos, filmes, entre outros. O licenciado pagará um valor convertido em royalties ao licenciador diante de todo o volume de vendas do produto ou serviço licenciado. Uma parceria estratégica e muito lucrativa, visto que tudo é bem calculado e planejado pelo departamento de marketing e comunicação integrada das empresas.

Em vários casos, como já são amplamente conhecidos, os personagens transferem seu prestígio e camuflam as propriedades da marca evocando um diferencial que não existe. É como se o produto ficasse mais saboroso ou nutritivo só porque possui um desenho bonitinho estampado na embalagem. Essa alavanca comercial dá resultados por meio de uma espécie de “valor agregado” enganoso.

A relação entre o personagem e o produto é milimetricamente pensada por meio da expressividade gráfica adotada para chamar atenção do adulto e, principalmente, da criança, alvo final. Por exemplo, ao se deparar com o Pernalonga estampado numa garrafinha de suco industrializado é muito possível que a criança se sinta atraída pelo desenho exposto e muito menos pelo produto em si. É um reconhecimento imediato ao personagem que ele vê na televisão. E esse personagem também estará na publicidade e outras manifestações estratégicas.

Esse efeito atrativo por suas dimensões lúdicas e afetivas foi pensado pelo departamento de marketing da empresa com o objetivo de gerar compras imediatas, as compras por impulso, já que os pais ainda caem nesse processo emotivo de atender aos pedidos dos filhos dentro do templo de compras e consumo que é o supermercado.

O negócio dos personagens de marca só cresce e em várias áreas. Os filmes em animação, por exemplo, são planejados previamente com todo o aparato de marketing possível. A divulgação abrange publicidade audiovisual e gráfica (jornais, revistas, cartazes etc), notas em jornais, criação de produtos como bonecos, brinquedos, canecas, entre tantos outros.

Em claro objetivo de atingir às crianças, o prodigioso filme Rio foi um dos maiores protagonistas em ações de marketing e lucros. Os personagens do filme foram apresentados como brindes no McLanche Feliz Rio e também nas propagandas da marca. Essa ação foi identificada como abusiva e gerou denúncia do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana que infelizmente foi arquivada. No entanto, numa denúncia feita ao Procon de São Paulo, o McDonald´s recebeu uma multa histórica de R$ 3 milhões por associar a venda de alimentos a brinquedos, incentivando a formação de hábitos de consumo alimentares prejudiciais à saúde de crianças.

Voltando às ações de marketing do filme Rio vale destacar que em sua estreia os convidados foram presenteados com uma lanterna da marca Duracell adesivada com os personagens do filme prolongando o contato do público com a marca. Mas a lanterna não ganha superpoderes por ter os personagens em sua embalagem. Uma simples lanterna. Na verdade, é muito dinheiro investido e negociado com o licenciamento dos personagens para aumentar o consumo e o preço de produtos.

Nesse quesito, outros universos de mídia são também explorados como os seriados, os jogos e as histórias em quadrinhos. A Maurício de Souza Produções que detém os direitos sobre a Turma da Mônica conta hoje com mais de 3mil itens licenciados, como xampu, condicionador, fralda, creme para assaduras, mochilas, frutas.   Algumas práticas chamam mais atenção devido à possível minimização da noção de risco sobre o produto anunciado como, por exemplo, o uso de personagens e animações na publicidade de produtos de limpeza e de produtos tóxicos.

Além disso, é também preocupante a inserção de personagens de entretenimento dentro das escolas. Em parceria com a direção dos estabelecimentos de ensino, o fenômeno de mídia Patati Patatá negocia seus produtos para circulação livre e consumo entre as crianças numa imposição estética e sonora aos CDs, DVDs, cadernos, lancheiras, mochilas, brinquedos etc. É uma clara distorção do espaço de ensino como espaço de negócios. Os pais têm todo o direito de rejeitar essa e qualquer tipo de ação de marketing abusiva.

Numa era em que até cantores viram bonecos para anunciar e promover a venda de carnes devemos todos ficar atentos a essas iniciativas mercadológicas – brindes, embalagens, eventos, publicidade etc – que camuflam a real característica do produto para incentivar ainda mais o aumento nas vendas, o implacável lucro pelo lucro.

Para mais informações sobre o tema acesse:




Reproduzido de Consumismo e Infância/Instituto Alana

Comentário de Filosomídia;

A Pedagofilia do mercado e suas marcas para a infância...