sábado, 19 de abril de 2014

Íntegra da transcrição e vídeo da coletiva de Lula aos blogueiros 2014


Íntegra da transcrição da coletiva de Lula aos blogueiros
Apr 17, 2014

Primeiro mandatário a conceder entrevista a blogueiros, em 2009, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de nova coletiva no último dia 8 de abril. Entre assuntos abordados, eleição, manifestações, democracia, PT, Petrobras, economia, saúde, Copa do Mundo, mensalão e Reforma Política.

Leia mais em “Dilma é a melhor pessoa para vencer as eleições”, diz Lula em entrevista a blogueiros. Neste link também estão disponíveis os vídeos e áudio completo da entrevista.

Íntegra da entrevista coletiva de Lula aos blogueiros, clicando aqui.

Trecho

José Chrispiniano – Bom dia presidente, bom dia blogueiros, blogueira, nossa representante feminina. O presidente Lula foi, em novembro de 2010, o primeiro presidente a dar uma coletiva exclusiva para jornalistas de internet, para blogueiros. E agora, mais de três anos depois da Presidência, a gente retoma aqui no Instituto Lula pra fazer este bate-papo com vocês, essa coletiva.

A dinâmica vai ser a seguinte: uma pergunta para cada um, uma rodada, com algumas perguntas vindas do Twitter e do Facebook, e depois, se der tempo (a ideia é ter uma hora e meia), a gente abre rodada livre aqui, tá legal?

Quem começou essa coletiva, em 2010, foi o Rovai. A gente vai começar de novo essa pergunta com Renato Rovai, da Fórum. Deixa eu só apresentar as outras pessoas presentes: tá a Conceição Lemes, do Vi o Mundo; o Altamiro Borges, do Blog do Miro; o Miguel do Rosário, do Blog Cafezinho; o Marco, do Sul 21; o Rodrigo Viana, do Escrevinhador; Fernando Brito, do Tijolaço; Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, e o Kiko Nogueira, do Diário do Centro do Mundo. Rovai:

Lula – Deixa… Antes de ter a primeira pergunta, Chrispiniano, deixa eu fazer um pequeno introdutório aqui, pra saber por que é que nós estamos conversando somente agora, depois de quase quatro anos, ou seja… Há muito tempo que o companheiro Franklin vem defendendo que eu desse uma entrevista para os blogueiros. Há muito tempo. E eu sempre tive muito cuidado, porque não é fácil o papel de ser ex-presidente. Você tem que ter todo um cuidado de não dar palpite nas pessoas que estão governando. Ou seja, às vezes é preciso mais tranquilidade, mais reflexão do que quando você estava na Presidência. Ou seja, como se comportar você pra não interferir no exercício do mandato da pessoa que está governando. Sobretudo quando essa pessoa foi indicada por você, foi eleita com o teu apoio. Muitas vezes eu fico imaginando que tem políticos que não gostam de eleger sucessor, porque é mais fácil ser oposição. Então, tem político que fica trabalhando, “bom, não vou eleger meu sucessor; deixar o adversário ganhar, porque eu começo a fazer oposição no dia seguinte”.

Leia a íntegra da entrevista clicando aqui.

Reproduzido de Instituto Lula
17 abr 2014

Outras imagens, por Ricardo Stuckert/Instituto Lula, clicando aqui.

Em entrevista a blogueiros, Lula descarta ser candidato, pede debate politizado sobre Petrobrás e defende Constituinte e regulação da mídia - 08 de abril de 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Nos EUA, a confirmação da mão de Roberto Marinho nos bastidores da ditadura


Nos EUA, a confirmação da mão de Roberto Marinho nos bastidores da ditadura

No dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então classificado como altamente confidencial – agora já aberto a consulta pública. A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon e Roberto Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão golpista.

Por Helena Sthephanowitz, para a Rede Brasil Atual

Embaixador Gordon descreve em detalhes ao Departamento de Estado dos EUA a influência de Marinho

Segundo relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco.

No início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro com Castelo para persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general mostrou-se resistente à ideia, de acordo com Gordon.

No encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça. Castelo, aceitou a indicação, que acabou acontecendo depois das eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o ministro Milton Campos era considerado dócil demais para a pasta, como descreve o telegrama. De fato, Magalhães foi para a Justiça, apertou a censura aos meios de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos donos de jornais.

No dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica que, se Castelo Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os políticos com mais chances seriam os da oposição. E novamente age para persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se sem o risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o ditador foi mais receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o grupo que frequentava defendia um emenda constitucional para permitir a reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso não oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.

Lincoln Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da fonte era essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor tanto do embaixador quanto do general: Roberto Marinho.

Reproduzido de Barão de Itararé

14 abr 2014

E seu relato, Gordon menciona Marinho entre os cérebros da continuidade do golpe. E cita Milton Campos como muito respeitável, mas um 'gentleman'

Eleições diretas poderiam das margens para 'esquerdistas' como o marechal Lott; regime criaria eleição indireta

O histórico de apoio das Organizações Globo à ditadura não dá margens para surpresas. A diferença, agora, é confirmação documental.

Leia também:

(...) Roberto Marinho afirmando: “Sim, eu uso o poder”. (HERZ, 1987, p. 27).

Admissão pública do então presidente das Organizações Globo, se revela em 1987 quando ele se associa ao “banqueiro Amador Aguiar , dono do maior banco privado nacional” e, com esse gesto, “pretende passar a controlar telecomunicações via satélite no Brasil” (Idem, p. 27). Assim com o telejornalismo criando história juntos, o poder político-econômico andou de mãos dadas com essa empresa de comunicação.

Herz situa a Rede Globo como uma das empresas que são as “forças sociais que controlam os meios de comunicação de massa no Brasil” (Idem,p. 16). As Organizações Globo são um dos maiores conglomerado de mídia do mundo, e sua atuação vai muito mais além do que a televisão.

Barbosa e Ribeiro analisam sobre a hegemonia da Rede Globo, defendem que ao telejornalismo global coube

“constituir, simbolicamente, a atualidade imediata, fazendo com que temas dominantes na discussão cotidiana fossem os transmitidos em rede para todo o país. Toda a programação da Rede Globo de Televisão, incluindo o formato narrativo de seus telejornais, tinha por objetivo ‘falar diretamente ao povo’, inserindo-o numa ampla rede simbólica, com fortes doses de emoção ou apelo aos valores patrióticos’, isso ‘sob um regime de repressão como o implantado em 1964, a TV passou ser a voz, o espaço, a liberdade possível naquele momento” (BARBOSA E RIBEIRO In BRITTOS e BOLAÑO, 2005, p. 210).

As autoras defendem que a transmissão de notícias da atualidade em rede teria uma “função claramente política” e, mais ainda, o sentido de criar uma identidade nacional em uma sociedade consumidora de notícias, de ideias/pensamentos e, quem sabe, conhecimento. Aos espectadores dos telejornais caberiam esperar “todos os dias e à mesma hora, as imagens do que acontecia no Brasil e no mundo” (Idem, p. 211). Isso parece remeter à ideia de rebanho reunido, de um pensamento hegemônico que aquela empresa de comunicação assumia a tarefa de consolidar através de sua programação e, de seus telejornais. E, desde 1965 a Rede Globo vem fazendo isso, e muito bem.

SILVA, Leopoldo Nogueira e. Telejornais e crianças no Brasil: a ponta do iceberg. Dissertaçãode mestrado. PPGE/UFSC. 2011. Pág. 88-89.

.....................

HERZ, Daniel. A história secreta da Rede Globo. Porto Alegre: Tche! 1987.

BARBOSA, Marialva; RIBEIRO, Ana Paula Ribeiro. Telejornalismo na Globo. In BRITTOS, V. C. e BOLAÑO, C. R. S. (org). Rede Globo – 40 anos de hegemonia e poder. São Paulo: Paulus, 2005.

sábado, 5 de abril de 2014

PUBLICIDADE DIRIGIDA ÀS CRIANÇAS DEVE ACABAR IMEDIATAMENTE: 04 de abril de 2014


PUBLICIDADE DIRIGIDA ÀS CRIANÇAS DEVE ACABAR IMEDIATAMENTE

Publicada hoje (04/04/14) no Diário Oficial da União, Resolução 163 do Conanda, de 13 de março de 2014, considera abusiva toda publicidade direcionada às crianças

O texto completo, disponível aqui, diz que “a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” é abusiva e, portanto, ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor.

A resolução lista os seguintes aspectos que caracterizam a abusividade:

- linguagem infantil, efeitos especiais e excessos de cores;

- trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança;

- representação de criança;

- pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil;

- personagens ou apresentadores infantis;

- desenho animado ou de animação;

- bonecos ou similares;

- promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil;

- promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

Com a resolução, a partir de hoje fica proibido o direcionamento à criança de anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchadisings, ações em shows e apresentações e nos pontos de venda.

O texto versa também sobre a abusividade de qualquer publicidade e comunicação mercadológica no interior de creches e escolas de educação infantil e fundamental, inclusive nos uniformes escolares e materiais didáticos.

Para o Conanda, composto por entidades da sociedade civil e ministérios do governo federal, a publicidade infantil fere o que está previsto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código de Defesa do Consumidor.

O Instituto Alana integra o Conanda, na condição de suplente, e contribuiu junto aos demais conselheiros na elaboração e aprovação desse texto.

“A partir de agora, temos que fiscalizar as empresas para que redirecionem ao público adulto toda a comunicação mercadológica que hoje tem a criança como público-alvo, cumprindo assim o que determina a resolução do Conanda e o Código de Defesa do Consumidor”, afirma Pedro Affonso Hartung, conselheiro do Conanda e advogado do Instituto Alana. “É um momento histórico. Um novo paradigma para a promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente no Brasil”, comemora Pedro.

04 abr 2014

Leia a resolução também em Legisweb, clicando aqui.

Leia artigo de Marcus Tavares - "Tempo de mudar" - em "O Dia" (05/04/14), clicando aqui. Trecho:

(...) Creio que estamos tão anestesiados e envoltos na roda-viva do capitalismo, nas urgências e emergências da nossa vida diária e na pauta da grande imprensa que, a princípio, fica até mesmo difícil, para algumas pessoas e ou setores, entender se tal resolução se faz necessária. Lembro que o texto publicado está, na verdade, embasado na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente e em pesquisas e estudos sobre a infância e sua relação com o discurso da mídia. Há fundamento. Há necessidade.


Que o digam pais, responsáveis e avós que vivem diariamente lidando com os desejos de consumo de seus pequenos, criados e recriados por uma publicidade abusiva. Está aí uma excelente oportunidade para os publicitários brasileiros inaugurarem uma nova fase na publicidade infantil. Criatividade não falta. Está aí também uma excelente oportunidade para nós, adultos, também avaliarmos a nossa relação com o consumo, afinal nossas práticas e ações se configuram nos maiores exemplos seguidos pelas crianças.