Medo, Terror , Tristeza e Sombras pelas mídias torturantes
Li na linha de tempo no perfil de Facebook de um contato meu a revolta, tristeza e pesar ao se referir ao vídeo da mulher que foi espancada no Guarujá, falecida recentemente. Tomei coragem e assisti ao vídeo no UOL.
Fiquei angustiado e chocado com a atitude bárbara das pessoas ao redor da mulher confundida como uma foto divulgada nas redes sociais como suspeita de "sequestro de crianças na região para rituais de magia negra". Porém, fico mais chocado ainda com o sensacionalismo nos meios de comunicação, repetindo exaustivamente o fato e, com o UOL divulgando tal vídeo em sua página online da editoria "Cotidiano".
Algo semelhante ocorreu anos atrás aqui em Florianópolis, envolvendo um famoso padre que "molestava" crianças, pego em flagrante com uma criança em seu quarto. E, tudo foi devidamente filmado e divulgado no telejornal de maior audiência (convenientemente na hora do almoço), além das páginas de jornal de grande circulação e meios digitais (ainda hoje no ar da empresa monopolizadora de "comunicação" aqui no sul do país. Daí nasceu minha inquietação e indignação que criou as perguntas de onde parti para minha pesquisa de mestrado a respeito da relação telejornais/crianças.
As crianças estão consumindo esse lixo informacional e assistindo a tudo isso, entre pais que não têm noção de sua responsabilidade na formação de seus filhos, outros confusos sem saber o que fazer, além de professores que fazem que isso não existe no maravilhoso mundo das escolas transmissoras do saber historicamente produzido pela humanidade. Estamos enterrados em meio a essa montanha de lixo, afogados nesse maremoto de cenas produzidas com o único intuito de nos diminuir como seres humanos.
Instigando tudo isso, sem nenhuma preocupação com o mínimo traço de ética e responsabilidade, estão essas empresas de (anti)comunicação que alardeiam o terror e espalham c-o-t-i-d-i-a-n-a-m-e-n-t-e, 24 horas por dia e sete dias por semana, o medo sob o manto da "liberdade de expressão" de cima do muro da "autorregulação", lucrando em todos os sentidos com as más notícias do mundo atual indo em direção ao caos que ressaltam com cores, sons e palavras dos apresentadores de telejornais, articulistas, colunistas, repórteres, jornalistas etc.
Vale lembrar que o capítulo da Comunicação Social da Constituição Federal tem míseros 5 artigos completamente jogados às traças do tempo da des-regulação, no insulto às gentes, no des-conhecimento absoluto da comunicação com sendo um direito humano, na negação e no des-prezo da pessoa humana e das crianças e adolescentes em particular, os mais vulneráveis ao assédio do mercado pelas vias dos meios de (anti)comunicação.
Não há professor, nem pai e mãe, nem cidadão que, indignados perante a tanta coisa mal feita autorizada por cortes, juízes, juristas, políticos, conselhos, organizações etc. deram conta de colocar um freio de uma vez por todas aos desmandos dos meios de (anti)comunicação que jamais dialogam, ouvem o contraponto a seu "monopólio da fala", e só des-informam e mal-formam os seres des-possuídos da plenitude de suas cidadanias.
Decerto que há resistências pontuais e importantes no enfrentamento a essa ideologia que move os interesses da empresas donas do mercado de entretenimento, com braços, páginas e telas por todos os cantos, até nos livros didáticos, mas não é o bastante. Faz-se urgente e necessário um levante, uma revolução que faça desmoronar esses poucos castelos de rainhas e reis poderosos que governam absolutos o mundo, atrás das mesas das companhias manipulando a opinião pública e os marionetes atrás das bancas de apresentação de telejornais, ou zanzando no picadeiro do circo midiático dos programas noticiosos, ou sentados confortavelmente nos sofás coloridos dando palpite sobre tudo.
Quem é que nos representa nas esferas da luta política, quando estas parecem tão distanciadas dos interesses éticos mais altos e profundos do ser humano? O que é também esse show de horrores protagonizado pela classe política na defesa dos interesses mais mesquinhos? O que fazer quando não nos queremos mais manietados ou cerceados pela vaidade e sede de poder de algumas pessoas sem nenhuma vontade senão a má, aquela que atende aos desejos pessoais mais egoístas?
Faz-se urgente que venha a Lei dos Meios de Comunicação - seja de onde for - para que esse país e nossa humanidade não seja escravizada por muito mais tempo ao medo e terror espalhados como migalhas das mesas do banquete informacional, comunicacional, educacional.
Os meios de comunicação atuais - como monopólios em mãos lavadas na omissão e permissão da tortura - não comunicam nada, exceto isso: Medo, Terror e Tristeza e Sombras.
"Precisamos libertas a mídia - e vamos fazê-lo!"*
Faz-se urgentemente necessário que os direitos humanos sejam respeitados incondicionalmente para que nós, no conforto e segurança de nossas casas, não sejamos torturados e espancados até à morte pelas empresas/mídias assassinando a nossa dignidade.
Leo Nogueira Paqonawta
06 mai 2014
* Amy Goodman (The exception to the rulers - Corrupção à americana)
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PS: Esse fato é mais um somado à lista desde que foi criada a "Lei de Rachel Sheherazade".