domingo, 28 de agosto de 2011

Anthony Giddens na era de transição de modelos de produção de informações:



Pluralismo estrutural na imprensa. O que é isso?

É a expressão que os acadêmicos criaram para abordar a questão da diversidade de enfoques jornalísticos na imprensa. A idéia que está por trás deste conceito é a de que a imprensa, como parte do mundo da comunicação, só contribui para a produção de conhecimento na medida em que seu conteúdo for diversificado, respondendo à variedade de percepções sobre a realidade.

Trata-se de uma nova abordagem da regulamentação da imprensa nesta era de transição de modelos de produção de informações. A regulamentação não seria mais uma imposição externa, mas uma consequência da própria reavaliação do papel da imprensa como ferramenta de produção de conhecimento no mundo contemporâneo.

O pluralismo estrutural é uma teoria proposta pelo sociólogo inglês Anthony Giddens e que acabou dando origem a uma série de estudos na área da comunicação e da imprensa. A teoria procura enfocar a realidade da comunicação a partir da análise das suas estruturas e do seu processo de produção de conhecimento.

Neste sentido, a questão da diversidade de pontos de vista e de enfoques jornalísticos não é mais apenas uma espécie de luxo informativo, mas uma necessidade decorrente da própria natureza da matéria prima da imprensa: a informação, o dado e o fato. A abordagem destes três elementos depende de percepções de repórteres, editores e comentaristas, o que inevitavelmente abre a possibilidade de visões divergentes.

Assim, quanto mais visões diferentes forem incorporadas a uma cobertura ou reportagem jornalística, mais ela se aproximará do que pode ser chamado de realidade ou verdade. Também será possível contemplar uma maior variedade de públicos, já que todos sabemos que as pessoas não enxergam a realidade da mesma maneira, pois têm experiências de vida, cultura e necessidades diferentes.

Diante do dilema

O pluralismo estrutural na imprensa tanto pode ser analisado dentro de uma empresa jornalística como entre elas. No primeiro caso, trata-se de verificar a diversidade entre as pessoas que compõem a Redação – por exemplo, qual a proporção de homens e mulheres,de grupos étnicos e culturais, de profissionais formados ou não etc. Esta diversidade é essencial, dependendo do tipo de inserção social do veículo de imprensa. Um jornal cujo público está numa área de fronteira, como Foz do Iguaçu, deve possuir uma Redação e uma linha editorial que contemple a diversidade cultural da região.


O pluralismo estrutural interno na imprensa é quase sempre uma decisão corporativa, ou seja, tomada pela empresa, ao contrário do que acontece com o pluralismo externo, entre empresas. Neste contexto, a regulamentação passa a ser fundamental epano de fundo para a discussão atual sobre a necessidade ou não de normas que regulamentem a existência e ação de veículos de comunicação.

A pluralidade estrutural externa pode ser alcançada de duas formas: com ou sem a participação do governo. No primeiro caso ela é o resultado de uma lei ou decreto. No segundo, assume a forma de autorregulamentação, quando as próprias empresas resolvem adotar normas ou códigos de conduta para garantir a diversidade de enfoques jornalísticos.

O debate do pluralismo estrutural nas empresas é complicado porque elas tendem à uniformidade pela lógica do seu modelo de negócios, que privilegia a produção em massa como forma de assegurar lucros máximos com o mínimo de gastos. A diversidade custa caro porque implica romper o modelo de um produto para muitas pessoas. Por isso há uma resistência inata nas indústrias da comunicação contra o pluralismo estrutural.

Mas se a lógica convencional dos negócios aponta na direção da uniformidade do produto final, no caso a notícia, a lógica da produção de informações e de conhecimento sinaliza na direção da diversidade. A avalancha informativa gerada pela internetcriou uma enorme diversificação das fontes de informação, colocando a indústria da comunicação diante de um dilema. Se ela não assumir o pluralismo estrutural, pode ser atropelada pelas novas fontes de informação na internet.

Intervenção inevitável

A imprensa é hoje uma parte essencial na produção de conhecimento e quanto mais diversificado for este conhecimento maior a possibilidade de que ele contribua para a inovação tecnológica, social e cultural. Como a inovação é o grande motor da nova economia digital, fica fácil perceber como o pluralismo já não pode mais ser visto como um penduricalho na estratégia editorial e comercial da mídia.


As indústrias da comunicação tentam condicionar o debate sobre a autorregulamentação de forma a impor uma diversidade estrutural segundo os seus próprios termos, o que contraria a definição de pluralismo, desenvolvida por filósofos sociais como Giddens. Caso elas não consigam ver o contexto mais amplo do problema, a intervenção do governo como representante da sociedade se tornará inevitável.

Reproduzido de Observatório da Imprensa Via AdminBlogs 24/08/2011.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

"Evitar que os cidadãos pensem é uma tarefa permanente dos media"...



O mundo à beira do caos*


Miguel Urbano Rodrigues


A crise do capitalismo é tão profunda que até os líderes dos EUA e da União Europeia e os ideólogos do neoliberalismo assumem essa realidade. Estão alarmados por não enxergarem uma solução que possa deter a corrida para o abismo. Esforçam-se sem êxito para que apareça luz no fim do túnel.

Apesar das contradições existentes, os EUA e as grandes potências da União Europeia puseram fim às guerras interimperialistas – como a de 1914-18 e a de 1939-45 – substituindo-as por um imperialismo colectivo, sob a hegemonia norte-americana, que as desloca para países do chamado Terceiro Mundo submetidos ao saque dos seus recursos naturais.

Mas a evolução da conjuntura mundial demonstra também com clareza que a crise do capital não pode ser resolvida no quadro de uma «transnacionalização global», tese defendida por Toni Negri e Hardt no seu polémico livro em que negam o imperialismo tal como o definiu Lenine. Entre os EUA e a União Europeia (e os países emergentes da Ásia e da América Latina) existe um abismo histórico que não foi nem pode ser eliminado em tempo previsível.

A crescente internacionalização da gestão não desemboca automaticamente na globalização da propriedade. O Estado transnacional, a que aspiram uma ONU instrumentalizada, o FMI, o Banco Mundial e a OMC é ainda uma aspiração distante do sistema de poder (*).

O caos em que o mundo está cair ilumina o desespero do capital perante a crise pela qual é responsável.

A ascensão galopante da direita neoliberal ao governo em países da União Europeia ressuscita o fantasma da ascensão do fascismo na Republica de Weimar. A Historia não se repete porem da mesma maneira e é improvável que a extrema-direita se instale no Poder no Velho Mundo. Mas a irracionalidade do assalto à razão é uma realidade.

O jogo do dinheiro nas bolsas é hoje muito mais importante na acumulação de gigantescas fortunas do que a produção. O papel dos «mercados» – eufemismo que designa o funcionamento da engrenagem da especulação nas manobras do capital – tornou-se decisivo no desencadeamento de crises que levam à falência países da União Europeia. Uma simples decisão do gestor de «uma agência de notação» pode desencadear o pânico em vastas áreas do mundo.

O surto de violência em bairros degradados de Londres, Birmingham, Manchester e Liverpool alarma a Inglaterra de Cameron e motiva nas televisões e jornais ditos de referência torrentes de interpretações disparatadas de sociólogos e psicanalistas que falam como porta-vozes da classe dominante.

Em Washington, congressistas influentes manifestam o temor de que, o «fenómeno britânico» alastre aos EUA e, nos guetos das suas grandes cidades, jovens latinos e negros imitem os das minorias da Grã Bretanha, estimulados por mensagens e apelos no Twitter e no Facebook.

Mas enquanto a pobreza e a miséria aumentam, incluindo nos países mais ricos, a crise não afecta os banqueiros e os gestores das grandes empresas. Segundo a revista «Fortune», as fortunas de 357 multimilionários ultrapassam o PIB de vários países europeus desenvolvidos.

Nos EUA, na Alemanha, na França, na Itália os detentores do poder proclamam que a democracia política atingiu um patamar superior nas sociedades desenvolvidas do Ocidente. Mentem. A censura à moda antiga não existe. Mas foi substituída por um tipo de manipulação das consciências eficaz e perverso. Os factos e as notícias são seleccionados, apresentados, valorizados ou desvalorizados, mutilados e distorcidos, de acordo com as conveniências do grande capital. O objectivo é impedir os cidadãos de compreender os acontecimentos de que são testemunhas e o seu significado.

Os jornais e as cadeias de televisão nos EUA, na Europa, no Japão, na América Latina dedicam cada vez mais espaço ao «entretenimento» e menos a grandes problemas e lutas sociais e ao entendimento do movimento da Historia profunda.

Os temas impostos pelos editores e programadores – agentes mais ou menos conscientes do capital – são concursos alienantes, a violência em múltiplas frentes, a droga, o crime, o sexo, a subliteratura, o quotidiano do jet set, a vida amorosa de príncipes e estrelas, a apologia do sucesso material, as férias em lugares paradisíacos, etc.

Evitar que os cidadãos, formatados pela engrenagem do poder, pensem, é uma tarefa permanente dos media.

As crónicas de cinema, de televisao, a musica, a critica literária reflectem bem a atmosfera apodrecida do tipo de sociedade definida como civilizada e democrática por aqueles que, colocados na cúpula do sistema de poder, se propõem como aspiração suprema a multiplicar o capital.

Em Portugal surgiu como inovação grotesca um clube de pensadores; os debates, mesas redondas e entrevistas com dóceis comentadores, mascarados de «analistas», são insuportáveis pela ignorância, hipocrisia e mediocridade da quase totalidade desses serventuários do capital. Contra-revolucionários como Mario Soares, António Barreto, Medina Carreira, Júdice; formadores de opinião como Marcelo Rebelo de Sousa, um intoxicador de mentes influenciáveis que explica o presente e prevê o futuro como se fora o oráculo de Delfos; jornalistas his master voice, como Nuno Rogeiro e Teresa de Sousa; colunistas arrogantes que odeiam o povo português e a humanidade, como Vasco Pulido Valente, pontificam nos media imitando bruxos medievais, servindo o sistema em exercícios de verborreia que ofendem a inteligencia.

O Primeiro-ministro e o seu lugar-tenente Portas, exibindo posturas napoleónicas, pedem «sacrifícios» e compreensão aos trabalhadores enquanto, submissos, aplicam o projecto do grande capital e cumprem exigências do imperialismo.

Desde o inicio do primeiro governo Sócrates, o que restava da herança revolucionaria de Abril foi mais golpeado e destruído do que no quarto de século anterior.

Ao Portugal em crise exige- se o pagamento de uma factura enorme da crise maior em que se afunda o capitalismo.

Nos EUA, pólo hegemónico do sistema, o discurso do Presidente Obama, despojado das lantejoulas dos primeiros meses de governo, aparece agora como o de um político disposto a todas as concessões para permanecer na Casa Branca. A sua ultima capitulação perante o Congresso estilhaçou o que sobrava da máscara de humanista reformador. Para que o Partido Republicano permitisse aumentar de dois biliões de dólares o tecto de uma divida publica astronomica- já superior ao Produto Interno Bruto do país – aceitou manter intocáveis os privilégios indecorosos usufruídos por uma classe dominante que paga impostos ridículos e golpear duramente um serviço de saúde que já era um dos piores do mundo capitalista. A contrapartida da debilidade interior é uma agressividade crescente no exterior.

Centenas de instalações militares estadounidenses foram semeadas pela Ásia, Europa, América Latina e África.

Mas «a cruzada contra o terrorismo» não produziu os resultados esperados. As agressões americanas aos povos do Iraque e do Afeganistão promoveram o terrorismo em escala mundial em vez de o erradicar. Crimes monstruosos foram cometidos pela soldadesca americana no Iraque e no Afeganistão. O Congresso legalizou a tortura de prisioneiros. A «pacificação do Iraque», onde a resistência do povo à ocupação é uma realidade não passa de um slogan de propaganda. No Afeganistão, apesar da presença de 140 000 soldados dos EUA e da NATO, a guerra está perdida.

Os bombardeamentos de aldeias do noroeste do Paquistão por aviões sem piloto, comandados dos EUA por computadores, semeiam a morte e a destruição, provocando a indignação do povo daquele país.

O bombardeamento da Somália (onde a fome mata diariamente milhares de pessoas) por aviões da USAF, e de tribos do Iémen que lutam contra o despotismo medieval do presidente Saleh tornou-se rotineiro. Como sempre, Washington acusa as vítimas de ligações à Al Qaeda.

Na África, a instalação do AFRICOM, um exército americano permanente, e a agressão da NATO ao povo da Líbia confirmam a mundialização de uma a estratégia imperial.

O terrorismo de Estado emerge como componente fundamental da estratégia de poder dos EUA.

Obviamente, Washington e os seus aliados da União Europeia, tentam transformar o crime em virtude. Os patriotas que no Iraque, no Afeganistão, na Líbia resistem às agressões imperiais são qualificados de terroristas; os governos fantoches de Bagdad e Kabul estariam a encaminhar os povos iraquiano e afegão para a democracia e o progresso; o Irão, vítima de sanções, é ameaçado de destruição; o aliado neofascista israelense apresentado como uma democracia moderna.

A perversa falsificação da Historia é hoje um instrumento imprescindível ao funcionamento de uma estratégia de poder monstruosa que, essa sim, ameaça a Humanidade e a própria continuidade da vida na Terra.

O imperialismo acumula porem derrotas e os sintomas do agravamento da crise estrutural do capitalismo são inocultáveis.

O capitalismo, pela sua própria essência, não é humanizável. Terá de ser destruído. A única alternativa que desponta no horizonte é o socialismo. O desfecho pode tardar. Mas a resistência dos povos à engrenagem do capital que os oprime cresce na Ásia, na Europa, na América Latina, na África. Eles são o sujeito da História e a vitoria final será sua.

Vila Nova de Gaia, 15 de agosto de 2011.

1 - Estes temas são tratados em profundidade pelo economista argentino Claudio Katz num livro a ser editado brevemente


* Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 1969, de 25.08.2011


Reproduzido do Diario.Info
26 ago 2011.


Grifos de Filosomídia

Leia outros artigos de Miguel Urbano Rodrigues, um dos editores do Diario.Info, clicando aqui.



Vídeo de 05 jun 2008.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Dia da Infância: Ária da Liberdade às Crianças castradas em seus sonhos...



Pela Infância ao redor do mundo e a todas assuas menininices...

O Filho do Homem lamentavelmente apresenta: As crianças castradas em seus sonhos e suas vozes...

Les Fils et filles oubliés du la Liberté, Égalité et Fraternité du l'ancien et le nouveau régime du le monde capitaliste...

Lascia Ch'io Pianga

Antitelejornal: hoje dançarei nos braços da vida...


Antitelejornal

Skank
Composição: Samuel Rosa e Rodrigo F. Leão

Hoje nasce meu filho
Hoje vou me casar
Hoje dentro do espelho
Vou poder enxergar
Pais, mães, irmãos
Ruas, bairros, cidadelas
E o quintal dos corações
Onde moram as coisas belas
Hoje vou namorar
As solteiras e as casadas
As jovens, as carquebradas
As lindas e as descuidadas
Meu amor vai se espalhar
Pelas camas e calçadas
Nas prisões e condomínios
Nas favelas e esplanadas

Sem farsa, conchavo, sem guerra
Sem malta, corja ou trapaça
A vida é um drible ágil
Entre as pernas da desgraça
Hoje eu vou inventar
O antitelejornal
Pra passar só o que é belo
Pra passar o essencial

Hoje andarei sobre as flores
Amarelas do ipê
Espalhadas pelo chão
Antes de anoitecer
Cantarei no meu velório
Dançarei nos braços da vida
Dormirei com a minha amada
Vida boa de ser vivida

Sem farsa, conchavo, sem guerra
Sem malta, corja ou trapaça
A vida é um drible ágil
Entre as pernas da desgraça
Hoje eu vou inventar
O antitelejornal
Pra passar só o que é belo
Pra passar o essencial


Breve, um clip filosomidiático sobre a música

Vídeo disponível clicando aqui.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Televisão na liderança como fonte de informação



Televisão ainda lidera como fonte de informação

Redação
Revista no Varejo

Em meio a um “boom” digital e tecnológico, as brasileiras ainda preferem a televisão quando o assunto é obter informações sobre novos produtos. É o que confirma o estudo “Mulheres do Amanhã”, realizado pela Nielsen. A internet aparece em segundo lugar, seguido pelo boca a boca.

A preferência pela TV como fonte de informação ocorre inclusive em dez dos dez países emergentes que foram pesquisados - deste público, 54% preferem TV, contra 11% que optam pelo buzz marketing (boca a boca) e 7% que recorrem às revistas.

Já nos países desenvolvidos, sete dos 11 que foram analisados alegam que preferem a TV (24%), contra apenas 15% que continuam optando pelos sites de buscas na internet e 14% que recorrem ao buzz marketing.

“O grande destaque nesta questão é não subestimar o poder da propaganda boca a boca e enfatizar plataformas digitais combinadas a veículos tradicionais de alto alcance”, explica Olegário Araújo, diretor de atendimento da Nielsen.

Grau de confiança das mulheres

Das 22 formas de propaganda, a Nielsen constatou que as “recomendações de conhecidos” é a fonte mais confiável para as entrevistadas nos países desenvolvidos (73%) e emergentes (82%), seguida de websites de marcas (60% nos países emergentes) e opiniões de consumidores na internet (49% nos países desenvolvidos).

A pesquisa, que também analisou a fidelidade do público feminino em relação à marca, foi realizada entre fevereiro e abril de 2011, com quase 6.500 mulheres entrevistadas em 21 países, nas regiões da Ásia-Pacífico, Europa, América Latina, África e América do Norte.

Apesar do preço ter uma grande influência nas decisões de compras para a maioria das categorias, ele é citado como o terceiro atributo de fidelização entre as brasileiras. Já o ponto número um de lealdade à marca, entre 12 fatores, é a qualidade, seguida da confiança na marca.

Mídias sociais

De acordo com o instituto, o uso das mídias sociais alcançou altas taxas de penetração em países como Estados Unidos (73%), Itália (71%), Coréia do Sul (71%), Austrália (69%), França (64%), Brasil (63%) e Alemanha (50%). Mas isso não significa que elas consigam influenciar a decisão de compra das consumidoras.

No Brasil, por exemplo, 10% das mulheres são influenciadas por propaganda normal e apenas 13% pelas propagandas nas redes sociais (com contexto social, que mostra quais os amigos curtiram ou seguiram determinada marca anunciada).

Reproduzido da Revista no Varejo (22/08/2011) via clipping FNDC.

En la actual crisis: gobernados por ciegos e irresponsables



En la actual crisis: gobernados por ciegos e irresponsables

por Leonardo Boff
20/08/2011

"Afinando los muchos análisis hechos acerca del conjunto de crisis que nos asolan, llegamos a algo que nos parece central y sobre lo que toca reflexionar seriamente. Las sociedades, la globalización, el proceso productivo, el sistema económico-financiero, los sueños predominantes y el objeto explícito del deseo de las grandes mayorías es consumir y consumir sin límites. Se ha creado una cultura del consumismo propalada por todos los medios. Hay que consumir el último modelo de celular, de zapatillas deportivas, de ordenador. El 66% del PIB norteamericano no viene de la producción sino del consumo generalizado.

Las autoridades inglesas se sorprendieron al constatar que, entre quienes promovían los disturbios en varias ciudades, no solamente estaban los habituales extranjeros en conflicto entre sí, sino muchos universitarios, ingleses desempleados, profesores y hasta reclutas. Era gente enfurecida porque no tenía acceso al tan propalado consumo. No cuestionaban el paradigma de consumo sino las formas de exclusión del mismo.

(...) He aquí una solución del despiadado capitalismo neo-liberal: si la orden que es desigual e injusta lo exige, se anula la democracia y se pasa por encima de los derechos humanos. Y esto sucede en el país donde nacieron las primeras declaraciones de los derechos de los ciudadanos.

Si miramos bien, estamos enredados en un círculo vicioso que puede destruirnos: necesitamos producir para permitir el tal consumo. Sin consumo las empresas van a la quiebra. Para producir, necesitan los recursos de la naturaleza. Estos son cada vez más escasos y ya hemos dilapidado un 30% más de lo que la tierra puede reponer. Si paramos de extraer, producir, vender y consumir no hay crecimiento económico. Sin crecimiento annual los países entran en recesión, generando altos índices de desempleo. Con el desempleo, irrumpen el caos social explosivo, depredaciones y todo tipo de conflictos. ¿Cómo salir de esta trampa que nos hemos preparado a nosotros mismos?

(...) ¿Cómo hacer? Existen varias sugerencias: el «modo sostenible de vida» de la Carta de la Tierra, el «vivir bien» de las culturas andinas, fundado en el equilibrio hombre/Tierra, la economía solidaria, la bio-socio-economía, el «capitalismo natural» (expresión desafortunada) que intenta integrar los ciclos biológicos en la vida económica y social, el ecosocialismo y otras.

(...) Urge tener valor, osadía para cambios radicales, si es que todavía nos tenemos un poco de amor a nosotros mismos."

Leia o texto completo na página de Leonardo Boff clicando aqui.

domingo, 21 de agosto de 2011

Um Camelo do Bem... Meu amor é teu ... Vermelho... Sou... Saudade...



Marcelo Camelo

Eu só quero descansar, desacreditar no espelho, ver o sol se pôr vermelho…Em uma bela letra, vestida por uma doce e gostosa harmonia, Vermelho, música do compositor, violonista e poeta Marcelo Camelo, pode ser vista como uma das mais belas canções do ano. Isso porque a expressividade e o equilíbrio da composição se harmonizam em todos os instantes.

Ritmo, voz e reflexão sobre a vida, o momento, o amor e o sentido do que as coisas trazem pulsam de forma suave e quase lírica. Um som pra se deliciar em todos os sentidos, vendo, quem sabe, o cair do sol, vermelho…

Via Educação Política, de Glauco Cortez.





sábado, 20 de agosto de 2011

As novas “fontes de arranjo dos fatos” na fronteira entre a política e a mídia


Serão mesmo os fatos subversivos?

Muniz Sodré

“Os fatos são subversivos” – é o que nos garante o escritor inglêsTimothy Garton Ash desde o título de seu livro que acaba de ser publicado em português (Companhia das Letras, 430 pp.). Ash pratica um misto de jornalismo e historiografia, combinando reportagens com a pesquisa e a reflexão acadêmicas. Como professor é “top-model”: ensina em Oxford e em Stanford. O grande interesse de seu trabalho para a atividade jornalística de hoje é a sua insistência na categoria dos fatos, cuja realidade procura elucidar tanto nas questões políticas como nas culturais. Mesmo considerando que “já houve tempos piores para os fatos” (por exemplo, na década de 30, o aparato totalitário da mentira organizada nas ditaduras tecnológicas), ele chama a atenção para as novas “fontes de arranjo dos fatos”, que se encontram principalmente na fronteira entre a política e a mídia.

A questão tem importância prática e teórica. Mais de uma vez, frisamos em textos publicados aqui no OI, assim como em trabalhos acadêmicos, que o jornalismo implica um tipo particular de “conhecimento de fato”, nos termos da definição de Hobbes:

“Há dois tipos de conhecimento: um é o conhecimento de fato, e outro o conhecimento da conseqüência de uma afirmação a respeito de outra. O primeiro não é outra coisa senão sensação e memória, e é conhecimento absoluto, como quando vemos realizar-se um fato ou recordamos o que se fez; deste gênero é o conhecimento que requer uma testemunha. O último se denomina ciência (....)”.

O conhecimento dos fatos redunda, na verdade, em História, em torno da qual sempre girou o jornalismo, mesmo sem pretensões de essência ou sequer de sistematização de seus registros. O que os fatos, em si mesmos, nos transmitem são conhecimentos contingentes, isto é, que poderiam ser de outra forma, relativos, não necessários. Entenda-se: não necessários em si próprios, como o conhecimento científico, mas absolutamente necessários à atividade jornalística, onde vigora a frase lendária “os comentários são livres, mas os fatos são sagrados”.

Imprensa em transformação

A preocupação de Ash deriva da evidência de que, com a transformação da imprensa pelas novas tecnologias da informação e da comunicação e por suas conseqüências comerciais, a frase tenha sido modificada para “os comentários são livres, mas os fatos são caros”. Ele é categórico:

“Com a mudança da economia da coleta de fatos, encontram-se novos modelos de receita para muitas áreas do jornalismo –– esportes, negócios, diversão, interesses especiais de todo tipo ––, mas os editores ainda tentam descobrir como sustentar o caro negócio do noticiário internacional e do jornalismo investigativo. Enquanto isso, as sucursais no estrangeiro de respeitados jornais estão fechando como luzes de escritório que um zelador apaga em sua ronda noturna”.

Observatório da Imprensa
08/08/2011 na edição 654

Leia o texto completo na página do Observatório da Imprensa, clicando aqui.

Assaltantes de lojinhas do mundo, uni-vos!



Assaltantes de lojinhas do mundo, uni-vos!

Slavoj Žižek,

A repetição, segundo Hegel, tem papel crucial na história: se alguma coisa acontece uma única vez, pode ser descartada como acidente, algo que poderia ter sido evitado se a situação tivesse sido conduzida de modo diferente; mas quando um mesmo evento repete-se, é sinal de que está em curso um processo histórico mais profundo. Quando Napoleão foi derrotado em Leipzig em 1813, pareceu má sorte; quando foi derrotado outra vez em Waterloo, ficou claro que seu tempo acabara. Vale o mesmo para a continuada crise financeira. Setembro de 2008 foi apresentado como anomalia que podia ser corrigida com melhores regulações e controles; hoje se acumulam sinais de quebradeira nas finanças e já é evidente que estamos lidando com fenômeno estrutural.

Dizem e repetem e repetem que atravessamos uma crise da dívida e que todos temos de partilhar a carga e apertar os cintos. Todos, exceto os (muito) ricos. Aumentar impostos sobre muito ricos é tabu: se se fizer isso, diz o mesmo argumento, os ricos não terão incentivo para investir, haverá menos empregos e todos sofreremos mais. A única salvação, nesses tempos duros, é os pobres ficarem cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. O que devem fazer os pobres? O que podem fazer?

Embora os tumultos de rua na Grã-Bretanha tenham sido desencadeados pela morte de Mark Duggan, todos concordam que manifestam mal-estar mais profundo – mas que tipo de mal-estar? Como quando se queimaram carros nos subúrbios de Paris em 2005, os agitadores de rua na Grã-Bretanha não tinham mensagem alguma a comunicar. (Há aí claro contraste com as manifestações massivas de estudantes em novembro de 2010, que também geraram violência. Os estudantes deixaram bem claro que rejeitavam as propostas de reformas na educação superior.) Por isso é difícil pensar sobre os agitadores de rua britânicos em termos marxistas, como uma instância da emergência do sujeito revolucionário; encaixam-se muito mais facilmente na noção hegeliana de “ralé”, “escória” [orig. ‘rabble’], espaços marginais organizados, que manifestam o próprio descontentamento mediante explosões ‘irracionais’ de violência destrutiva – que Hegel chamava de “negatividade abstrata”.

Há uma velha história sobre um operário suspeito de roubo: todas as tardes, ao sair da fábrica, o carrinho-de-mão que ele empurra é cuidadosamente revistado. Os guardas nada encontram; o carrinho está sempre limpo. Até que a ficha cai: o operário roubava um carrinho-de-mão por dia. Os guardas não viam a mais visível verdade, exatamente como os jornalistas e especialistas e autoridades que comentaram os tumultos de rua. Dizem-nos que a desintegração dos regimes comunistas no início dos anos 1990s marcaram o fim da ideologia: o tempo dos projetos ideológicos em grande escala que culminaram em catástrofe totalitária está acabado; teríamos entrado numa nova era de política racional, pragmática. Se o lugar-comum de que vivemos numa era pós-ideológica é correto em algum sentido, pode-se ver nas recentes explosões de violência. Foi protesto de grau-zero, ação violenta sem demandas. Em sua tentativa desesperada para encontrar algum sentido nos tumultos, sociólogos e jornalistas deixaram passar sem qualquer registro o enigma que os tumultos nos impuseram.

Os que protestavam, oprimidos e socialmente excluídos de facto, não vivem risco de morrer de fome. Gente que sobrevive em condições materiais muito piores, sem falar das condições de opressão física e ideológica, têm conseguido organizar-se em forças políticas com agendas políticas claras. O fato de os agitadores não terem programa é, portanto, ele mesmo, fato que exige interpretação: diz muito sobre nossa pregação político-ideológica e sobre o tipo de sociedade em que vivemos – uma sociedade que celebra a escolha, mas na qual a única escolha possível é um consenso democrático obrigatório praticado como repetição sem pensamento [ing. a blind acting out].

Nenhuma oposição ao sistema consegue articular-se como alternativa realista, sequer como projeto utópico, e só consegue assumir a forma de explosão sem meta ou significado. O que significaria nossa tão celebrada liberdade para escolher, se a única escolha possível é jogar pelas regras ou a violência (auto)destrutiva?

(...)

A situação econômica em rápida deterioração, logo, mais cedo ou mais tarde, levará os pobres, grandes ausentes dos levantes da primavera árabe, às ruas. É bem provável que haja nova explosão, e a pergunta difícil para os sujeitos políticos egípcios é: quem dirigirá, com sucesso, a ira dos pobres? Quem traduzirá essa ira em termos de programa político: a nova esquerda secular ou os islâmicos?

A reação predominante na opinião pública ocidental ao pacto entre islâmicos e o exército no Egito será, sem dúvida, um show de cinismo: nos dirão que, como o caso do Irã (não árabe) mostrou claramente, levantes populares em países árabes sempre terminam em islamismo militante. Mubarak aparecerá como diabo muito menos perigoso – melhor ficar com diabo conhecido que lidar com forças de emancipação. Contra tal cinismo, é preciso permanecer incondicionalmente aliado ao núcleo radical-emancipatório do levante egípcio.
Mas é preciso evitar também o narcisismo da causa perdida: é muito fácil admirar a beleza sublime dos levantes condenados ao fracasso.

Hoje, a esquerda enfrenta o problema da ‘negação determinada’ [orig. ‘determinate negation’]: que nova ordem deve substituir a velha ordem, depois do levante, quando houver passado o sublime entusiasmo do primeiro momento? Nesse contexto, o manifesto dos Indignados da Espanha, lançado depois das manifestações em maio, é revelador. O primeiro traço que chama a atenção é o decidido tom apolítico: “Uns de nós consideram-se progressistas, outros conservadores. Uns são religiosos crentes, outros não. Uns têm ideologias claramente definidas, outros são apolíticos, mas todos estamos preocupados e zangados com o quadro político, econômico e social que vemos à nossa volta: corrupção de políticos, empresários, banqueiros, que nos deixam indefesos, sem voz.” Protestam em nome de “verdades inalienáveis que não vemos respeitadas em nossa sociedade: o direito a moradia, emprego, cultura, saúde, participação política, livre desenvolvimento pessoal, direitos do consumidor e a uma vida saudável e feliz”. Rejeitando a violência, clamam por uma “revolução ética. Em vez de pôr o dinheiro acima dos seres humanos, devemos pô-lo a nosso serviço. Somos pessoas, não produtos. Não sou o que compro, porque compro ou de quem compro.”

Quem serão os agentes dessa revolução? Os Indignados espanhóis descartam todos os políticos, a esquerda e a direita, como corruptos e controlados pela ganância e pela sede de poder. Mesmo assim, o manifesto apresenta várias demandas, mas… dirigidas a quem? Não a eles mesmos: os Indignados (ainda) não declaram que ninguém mais fará por eles, que eles mesmo têm de ser a mudança que querem ver.

E aí está a fragilidade fatal dos recentes protestos: manifestam uma raiva autêntica que não consegue transformar-se em programa de ação positiva para mudança sociopolítica. Manifestam um espírito de revolta, sem revolução."

London Review of Books, vol. 33, n, 16,
Tradução:Vila Vudu
19/8/2011


Leia o texto completo no Vi o mundo, de Luiz Carlos Azenha, clicando aqui. Texto em inglês no London Review of Books clicando aqui.


“Los poderosos medios de comunicación han perdido credibilidad”



“Los poderosos medios de comunicación han perdido credibilidad”

Entrevista a Pedro Brieger

Por Luis Cuello . Otra Prensa
18 August, 2011

Una agitada agenda desarrolló el periodista y sociólogo argentino Pedro Brieger en suelo chileno, que incluyó visitas a universidades y colegios movilizados. En la víspera de su regreso a Buenos Aires, Brieger nos habló de su interés por el proceso que se vive en Chile y sobre el papel de los grandes medios en los nuevos escenarios políticos.

Se dice que los medios hegemónicos argentinos presentan una imagen ejemplar de Chile y de su modelo económico. ¿Cambió el enfoque de estos medios con la crisis en la educación?

Hay medios que han tenido una afinidad ideológica con el modelo económico y social de Chile, como el diario La Nación, no necesariamente Clarín. Pero si es verdad que en los grandes medios se suele citar a Chile como un ejemplo. En realidad hay un problema que va más allá de Chile, y es que muchos medios, políticos y comunicadores sociales hablan bien de Chile para hablar mal del gobierno argentino. No es que sepan mucho de Chile. Suelen decir “el gobierno argentino hace todo mal, no somos un país serio como Brasil, Chile y Uruguay”. Y no explican en que es serio Chile, Uruguay o Brasil. Es más una consigna. He tenido la oportunidad de entrevistar a políticos y cuando elogiaban el modelo chileno les preguntaba ¿qué está elogiando?

En este tiempo se habla mucho más de Chile. Sin pedantería ni falsa modestia, creo que instalé el tema de las protestas sociales en Chile en los medios argentinos, porque fui el primero que comenzó a hablar, porque lo seguía de cerca.

Cómo decía ayer en la Casa Central de la Universidad de Chile, no me conformo con los despachos de las agencias. Sigo Otra Prensa, El Ciudadano, El Mostrador, El Clarín de Chile, la prensa del sur, cuando fue el conflicto de HidroAysén.

En tu última columna te preguntas si caminamos hacia una refundación. ¿Es posible transformar un país con los mismos medios de comunicación herederos del autoritarismo, esencialmente conservadores, que ejercen una suerte de monopolio ideológico? ¿Hasta que punto funcionan como un dique de contención a los procesos de cambio?

Si bien esto es cierto, también es verdad que muchos medios de comunicación -no todos- se acomodan. Cuando cayó el gobierno de Ben Alí en Túnez o Mubarak en Egipto, casi de la noche a la mañana medios que eran afines a un gobierno que estaba hace treinta años, se convirtieron en grandes demócratas, en periódicos abiertos, casi como si siempre hubieran estado a la vanguardia en contra del régimen. Otros no, porque responden a cuestiones ideológicas muy profundas.

Creo que el rol de los medios alternativos es muy importante.

Hay que tomar en cuenta que Evo Morales tiene a todos los medios en contra y gana una elección tras otra, Rafael Correa tiene a la inmensa mayoría de los medios en contra y gana las elecciones. También ocurre con Chávez, Lula, con Cristina Fernández, y ganan.

Crisis de los médios

Creo que hoy hay una crisis en los medios de comunicación, en los poderosos medios de comunicación, entre otras cosas porque han perdido credibilidad. Esta consigna “la tele miente” que se levanta en Chile es similar a la que se levanta en Argentina, “Clarín miente”. Clarín ha perdido una parte importante de sus lectores. Hoy Clarín casi se ha convertido en un partido político opositor al gobierno de Cristina Fernández, ya no es un diario.

Cuando se dice que algunos medios de comunicación reemplazan a los partidos políticos desacreditados, eso es real.

Leia a entrevista completa na página de Otra Prensa! clicando aqui.

Conheça a página de Pedro Brieger clicando aqui.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Llegar al gobierno o transformar el Estado


Llegar al gobierno o transformar el Estado

Decio Machado

“Si no vives como piensas acabaras pensando como vives” [1].

"Esta célebre consigna que se hizo universal tras ser graffiteada en los muros de las universidades parisinas en mayo de 1968,  ha recobrado su actualidad de la mano de los gobiernos de centro izquierda en América Latina.

La desmovilización en la que se encuentran los movimientos sociales en Latinoamérica está permitiendo que gobiernos teóricamente afines estén imponiendo agendas político-económicas de perfil “pragmático”, basadas en el inmediatismo y un caduco concepto del desarrollo. Los giros programáticos sufridos por los gobiernos “progresistas” del subcontinente son una alerta que recuerda como en Europa la socialdemocracia ejecutó las reformas más agresivas contra los derechos de las y los trabajadores [2].

Si tenemos en cuenta que incluso en los países que fueron definidos como del “socialismo real” lo que se reprodujo fue el rol del Estado como herramienta de dominación y control social, llegaremos a la conclusión que en la historia de la Humanidad encontraremos muy pocas, por no decir ninguna, experiencias de transformación del Estado desde dentro del propio Estado.

En América Latina los actuales gobiernos progresistas llegan tras dos décadas y media de aplicación de políticas neoliberales, las cuales dejaron su herencia: brutal incremento de los niveles de pobreza, concentración de la riqueza en manos de las corruptas élites oligárquicas, desmantelamiento del Estado, estancamiento y dependencia de las economías nacionales, abandono de políticas sociales, privatizaciones del sector público, flexibilización laboral, desempleo y salarios de miseria, incremento de la deuda externa y apertura indiscriminada al capital extranjero y especulativo.

Con estos antecedentes, el reposicionamiento de los gobiernos nacionales y la reconstrucción del Estado no es cuestión baladí, pero hay que entenderlos en la actual correlación de fuerzas a nivel mundial. Esta situación hace que también estos gobiernos estén siendo cooptados por el lobismo en decremento de las alternativas de desarrollo y la democracia real.

Sin la transformación del Estado -Estado Liberal que provee las circunstancias para que los individuos por sus propios medios adquirieran los bienes y servicios que necesiten-, se mantienen sus lógicas estructurales: proteger las relaciones de propiedad y el sistema representativo social burgués.

Estos llamados gobiernos “revolucionarios” están canalizando de tal manera sus contradicciones que estas dejan de ser contradicciones sistémicas, generándose procesos de asimilación que fijan los techos para las reformas políticas en cada una de las experiencias en marcha. Este proceso de asimilación también actúa de forma individualizada sobre las dirigencias “revolucionarias”, generando deslumbramiento personal y clientelismo.

Así las cosas, un criterio importante para la construcción de políticas alternativas debería basarse en la vinculación de coherentes prácticas económicas con la construcción de un poder alternativo. No se trata tan solo de que los intereses populares estén debidamente representados en la estructura estatal, el objetivo debe ser construir contrapoder.

Sin ignorar los logros en materias diversas protagonizados por los gobiernos de centro izquierda en la región, sus reacomodos hacen necesario reorientar su intervención en aras a desarrollar, desde las bases, nuevas formas de poder popular con apropiación y empoderamiento democrático.

Se trata entonces de un cambio de orientación de las políticas generadas desde lo institucional, dado que redefine la vía del cambio: este deja de ser únicamente desde el Estado (vertical), para posicionar un espacio de interlocución y complicidad entre Estado y ciudadanía. Transformar el Estado a partir de los procesos ciudadanos."

Leia o texto completo no Blog Decio Machado clicando aqui.

[1] Atribuida erróneamente a Paul Valery  y a Ghandi, en realidad “Il faut vivre comme on pense, sinon tot ou tard on finit par penser comme on a vecu” (hay que vivir como pensamos, sino tarde o temprano acabamos pensando cómo vivimos) apareció por primera vez en el capítulo final de Le demon de midi, una novela de Paul Bourget (Plon-Nourrit, 1914).


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

SOS para as vítimas da Imprensa


Mídia, mágoas e memórias

Luiz Martins da Silva

"Uma das razões por ter criado na Universidade de Brasília, há cerca de 15 anos, um projeto que veio a ser apelidado de SOS-Imprensa – e que perdura, na forma de extensão – foi a freqüência com que pessoas vinham relatar frustrações quando de tentativas de ser ouvidas para darem sua versão dos fatos, especialmente quando se sentiam injuriadas, difamadas e caluniadas. Ou simplesmente para encontrar alguém disposto a emprestar uma orelha humanitária, sensível à dor de quem teve a imagem “queimada”.

Desde então, venho defendendo a ideia de que o Brasil precisa de uma instituição, simétrica ao que é o Conar para a publicidade, para servir de intermediação consensual de reparação de danos morais e, se for o caso, de danos materiais derivados da imprensa. Seria um dos Meios de Assegurar a Responsabilidade Social (MARS), no caso, aplicado à mídia brasileira.

Existem MARS no mundo inteiro, desde conselhos de comunicação ou de imprensa a uma modalidade recentemente criada no Uruguai, uma ouvidoria pública especializada, passando pela Press Complaints Commission, da Inglaterra, onde até os príncipes e celebridades vão se queixar e, não raro, obter indenizações. Cheguei a orientar bolsistas de iniciação científica e de extensão que aceitaram o desafio de imaginar como seria esse “Procon da mídia”, embora a possibilidade de vir a ser criado no Brasil um ente dessa natureza seja remotíssima, pois isso será imediatamente qualificado como a volta da censura.

Causa própria

Certa vez, ao participar de uma mesa num evento promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, chegou a minha vez de falar e o meu assunto era a pesquisa (“Formas de apoio aos usuários da imprensa”) sobre “controle social da mídia”. Ao pronunciar essa frase, fui advertido por um deputado: “O único controle que a mídia deve ter é o controle remoto”. Essa reprimenda me soa até hoje como uma lição de que a clássica Teoria Libertária da imprensa ainda reina absoluta, a despeito de uma outra, a Teoria da Responsabilidade Social, não por acaso contraponto que alimentou um debate fervoroso, jamais encerrado nos Estados Unidos, desde a década de 1920, e que teve entre os seus próceres nomes como Walter Lippman (libertário) e John Dewey (responsabilizador).

Lippman era cético em relação à capacidade de o cidadão comum exercer uma reflexão crítica a partir do seu estoque de informações midiatizadas. Dewey não só era otimista quanto a essa possibilidade, como era defensor de uma parceria entre a imprensa e as comunidades, proposta que veio a ser o embrião docivic journalism norte-americano. Para o Brasil, o controle remoto seria um instrumento suficiente se tivéssemos uma oferta plural de conteúdos, sobretudo na TV, esmagadoramente dedicada ao besteirol.

Lippman se notabilizou também por defender uma “governança das elites”. Dewey, certamente, não queria ver o controle remoto da própria mídia nas mãos do grande capital e sim das comunidades. E tinha razão, veja-se o episódio recente envolvendo o News of the World, de Rupert Murdoch.

Inicialmente, o mencionado projeto de pesquisa (1996) se chamou “Formas de apoio às vítimas da imprensa”. Para não ficarmos na vitimologia (embora até haja uma Sociedade Internacional de Vitimologia, com uma seção brasileira), temos feito um esforço enorme por incorporar ao SOS-Imprensa – e ao conteúdo de uma disciplina chamada Ética na Comunicação – um repertório de casos exemplares de boa conduta da mídia, no jornalismo e na publicidade, uma saída para não ficarmos numa espécie de pedagogia maligna, que seria a de fornecer aos alunos e bolsistas apenas exemplos de quando a imprensa foi irresponsável ou quando a publicidade toma os consumidores por idiotas facilmente hipnotizáveis.

Numa das minhas primeiras frustrações ao tentar intermediar um caso em que uma família se sentia vítima do noticiário, ouvi do repórter – por sinal, um ex-aluno muito bem sucedido na profissão – a seguinte retaguarda: “Não vou abrir mão das minhas denúncias, pois a minha fonte é muito boa”. Mas não quis verificar o quanto a sua fonte era interessada em causa própria no assunto noticiado, por ter sido preterida pelo concorrente, que passou a ser detratado. Ocioso dizer que não houve audição para a “outra parte”.

Outra orelha

Desde então, centenas e centenas de casos se têm acumulado na memória do SOS-Imprensa, reforçando a hipótese de que a imprensa tem duas orelhas, mas uma delas é absurdamente desproporcional em relação à outra, quando se trata de uma denúncia. Talvez seja um habitus desse campo (Bordieu), mas então alguém teria de avisar ao público que prerrogativas constitucionais como a presunção da inocência e o direito universal de defender-se não são válidas quando se trata do jornalismo investigativo – na maioria dos casos “jornalismo sobre investigações” (denúncias repassadas), na expressão criada pelo jornalista Solano Nascimento em tese de doutorado (UnB – prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa em 2010).

A hipertrofia da orelha aberta às fontes denunciativas amplia-se ainda mais quando a imprensa inteira, em bloco, no efeito manada, corre e inflaciona uma avalancha de acusações sem que o acusado tenha espaço, a não ser para um fenômeno que poderia ser apelidado de “picadinho de aspas”, qual seja: extrair das declarações do denunciado-bola-da-vez os trechos tautológicos para a sua condenação."

Leia o texto completo no Observatório da Imprensa (08/08/2011)  clicando aqui.