domingo, 1 de julho de 2012

O anti-espírito de Occupy na Educação e na vida...


O anti-espírito de Occupy na Educação e na vida...

A falta de Educação, a mercantilização dela, o roubo do espírito e da imagem de libertadores e de um movimento pela libertação de tudo isso...

Leo Nogueira

O vídeo insistentemente veiculado na TV pelo Sistema de Ensino Energia (Pré-Vestibular) falando de um “mundo mais justo”, “ocupar as ruas”, “juntos somos 100%”, “menos ganância” e “liberdade”, “quem quer deixar o mundo melhor” etc. mostra imagens cuidadosamente trabalhadas, até bonitas graficamente, mas des-virtuando e deturpando completamente o espírito do Movimento Occupy e de tudo o que ele representa.

A certa altura, até a imagem de Che Guevara, imortalizada por Alberto Korda, ilustra o material, querendo fazer parecer que o grande e verdadeiro revolucionário apoiaria um cursinho pré-vestibular que só existe em função da exploração de estudantes que buscam uma vaga na universidade.

Ocupar a universidade? O que é isso, senão lutar pelo direito de todos à educação de qualidade, algo que ao redor do mundo realmente acontece na guerra por re-evolucionar esse sistema capitalista des-humanizador que provoca a exclusão, inclusive dos jovens na universidade, o que os "occupiers" fazem?

O “Energia” faz isso, ou o tal cursinho é um braço na Educação dessa ideologia que mercantiliza tudo, que reduz o cidadão de direitos a consumidor de apostilas e aulões com decorebas e musiquinhas que imbecilizam os estudantes, até que estes se tornem autômatos passando pelo gargalo do funil, enquanto pelas mensalidades pagas às empresas de educação as moedinhas passam pelo buraco do cofrinho? Dessa inculcação à moda da educação bancária a juventude desse cursinho representa os altos índices de aprovação para frequentar a universidade bancária, essa que em suma reproduz e reforça esse sistema de coisas.

Eu me sinto completamente ofendido por essa propaganda falsa, enganosa, mentirosa, leviana, hipócrita, nojenta, que toma e rouba símbolos da resistência a esse capitalismo para fazer passar um cursinho de de-formação de consciências, “ajudando” os jovens “a ocupar o seu lugar no mundo” como algo revolucionário.

Só faltava esse “comercial” para colocar uma cereja no sorvetinho doce da manipulação da propaganda para enganar jovens que querem seguir para a universidade.

A educação superior não é sonho, a educação não é mercadoria como querem essas empresas. A educação de qualidade é um direito, e todos deveriam ocupar a universidade lutando por seus direitos negados por políticos, direitos explorados pelos donos dessas empresas-cursinhos mancomunados nesse jogo de interesses da mercantilização da educação.

Quem quer entrar para a universidade pública, de qualidade, que lute desde pequeno, e quanto possa para des-mascarar os mercadejadores dos direitos de todos, esses agiotas de nossa cidadania que nesse caso criminoso são representados pelo “Energia”.

Quem quer entrar para a universidade e verdadeiramente revolucionar o mundo, comece a não aceitar esse tipo de propaganda mentirosa e enganadora. Quem quer entrar para a universidade que ocupe todos os espaços de manifestação que ao redor do mundo não aceitam mais tais tipos de imposição e mentiras ditadas pelos banqueiros e donos do mundo.

É isso que os “occupiers” fazem ao redor do mundo, como também o movimento estudantil revolucionário latino-americano. Coisas que, naturalmente, as mídias/sócias dos cursinhos não mostram na sua integridade. As mídias hegemônicas e o Pré-Vestibular Energia fazem bem é isso: mentem. E usar imagens/ideias de Occupy é um crime que merece explicações, à organização em Nova Iorque, aos estudantes e "ocupantes" legítimos e verdadeiros.

Essa estratégia de marketing dissimulada, revoltante, elaborada para despertar simpatia entre a juventude é um gesto que deve ser repudiado, uma atitude intolerável e indigna. Só mesmo a falta de Educação, de qualidade, para gerar uma propaganda de teor tão repugnante.

Divulguem e colaborem para denunciar isso!

Conheçam e confiram tal acinte na página do Sistema (Capitalista) de Ensino Energia seus criadores, que deveriam estar envergonhados com tal proeza anti-ética de manipulação midiática, e botem a boca no trombone, defendam seus direitos, defendam a verdadeira revolução e o espírito libertário de Che Guevara e do Movimento Occupy:




"Nova campanha do pré-vestibular Energia"

"Está no ar a nova campanha do pré-vestibular Energia. As peças pegam carona no famoso movimento Occupy, lembrando aos jovens que tão importante quanto ocupar as praças e as ruas é ocupar a Universidade. E que o Energia está aí para ajudar a gurizada a ocupar as vagas do ensino superior e fazer um mundo melhor a partir do conhecimento".

Ficha técnica:

Criação: André Sanches, Sandro Akira
Diretor Criação: Josué Orsolin
Atendimento: Rafaela Rombaldi
Mídia: Glaucilene Matos
Produção: Rosana Schmitz
Produtora Vídeo: Midia Effects
Produtora Áudio: Technológica
Aprovação: Percy Haensch


Conheça também o Movimento Occupy, participe dele, revolucione-se com ele. Basta dessa "Energia" de baixo teor vibratório na educação, e na vida da gente!




Comentário via Facebook:

Não é de hoje que a propaganda se apropria das formas contestatórias esvaziando seus conteúdos políticos.

A contracultura e os ícones da esquerda revolucionária são esvaziados de sentido histórico e emancipador para vender mercadorias, sejam elas camisetas de griffes ou cursos pré-vestibulares.

A sociedade do espetáculo gera a adaptação juvenil aos valores vigentes em um ciclo, quanto mais adaptado à lógica do consumo da rebeldia como mercadoria, mais adaptado a uma sociabilidade consumista.

Entretanto nem sempre essa lógica tem conseguido absorver a contestação, muitos jovens inicialmente tem o primeiro contato com expressões da contracultura por meio da indústria cultural e depois passa a questionar a lógica do consumo.

Exemplo: um garoto que começa escutar Sex Pistols porque todo mundo fala e a mídia convencional o apresenta como um modelo da contracultura punk, mas ao frequentar os espaços onde encontram os signatários da contracultura vai percebendo que ser punk vai além de consumir certas bandas, a questão do grupo de afinidade acaba por levantando questões inerentes ao consumo e as questões políticas.

Ainda que essa lógica tenha causado bastante perdas as lutas contraculturais, acho que uma das alternativas denunciar como fez o Leo Nogueira Paqonawta e ampliar as convergências entre vários setores dos movimentos de contestação.

Também me indignei com propagando do Energia e me impressionei com rapidez que os publicitários usaram isso para vender o curso pré-vestibular, correndo o risco do seu material de publicidade serem atacados como já aconteceu com outras empresas.

Por Carlos André/São José/SC no Facebook
01 jul 2012

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