quinta-feira, 28 de junho de 2012

A lembrança do antigo Lar...


Som do Infinito

Célia Laborne Tavares

Sim, essa noite foi de luz, e galáxias translúcidas se  manifestaram. Soou o canto da alvorada e a nota se alongou na busca do infinito acordando o mundo.

Como um clarim distante, houve um chamado, há muito perdido na memória, e formulou a ordem de regresso; cones de luz, espirais de prata, penetraram o sono e sacudiram o Ser.

Não houve dúvida, era o reencontro; o reino da jornada de regresso, a lembrança do antigo Lar. A voz muito melodiosa, entoou o canto, como se conhecesse o tempo propicio da flor entreabrir-se.

Sobre a primeira pétala registrou-se o comando, o símbolo, a semente de vida, para que o Lótus girasse sobre si. No céu, a lua clara comandou o ritmo, registrou a freqüência do impacto.

Soou o despertar no cálice do coração e, quase ninguém percebeu que havia festa sobre o altar. Manso e estranho acordar de um sono de séculos; voz de retorno, e de permanência, contato com a própria realidade.

Uma presença velava o passo inicial, enquanto a transformação se processava no mais íntimo. Dourados reflexos de luz amanhecendo; comunhão de um sucessivo girar e desabrochar. Alvorecer da alma.

Não é tempo ainda de soltar os pés do solo térreo, mas a manhã aflora quebrando os limites, os condicionamentos. A viagem começou e o infinito foi crescendo dentro do finito; ninguém deterá a irresistível subida.

Agora, é um não indagar, não planejar, não falar, agora é um simples aspirar, um leve flutuar, um entregar-se à corrente viva.

A identificação pousa no campo do silêncio e exige quietude e contemplação; derrama-se sobre tudo, unifica todos. Não mais o corpo, a mente, as ondas da emoção; tão só o campo novo da experiência, do conhecer-se, do iluminar-se, do permanecer no eterno.

Se ainda há barreiras são de luz e cores, de expressões diversas do uno intraduzível!

De repente um assombroso conhecer-se ou um comunicar-se, um expandir-se, um identificar-se. Um caminhar dentro da intuição que encontra sua forma de se firmar.

Rosas sobre a terra, lótus, sobre a água, luzes pelo ar. Um portal que se abre, passos que avançam, mas tendem a voar. Palavras que se calam por não saber qualificar-se.

Lua no seu zênite, sol no seu brilhar. Pássaros que estão libertos nas mãos, que são dança e são radar. Na dimensão nova, o novo caminhar, regresso ao mais intimo, ao mais familiar. E tudo tão sem forma, tão sem jeito de explicar.

Um místico clima de viver, do respirar, do conhecer sem separar, do tentar dizer e não saber falar.

De repente o poema onde se tentou revelação, ou se pretendeu reter o encantamento da iniciação.

Recebido via e-mail da autora. Conheça mais textos da poetisa no blog “Vida em Plenitude”, clicando aqui.

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