Contação de história – o que é isso?
"Infelizmente, não são poucos os estudantes de mestrado que não sabem contar uma história. Eles não são bons para contar uma piada, não são bons para contarem um “causo” e não conseguem colocar no papel algo que atraia um leitor de bons jornais. Sendo assim, especialmente no campo das Humanidades, um tal inepto candidato a professor universitário não deveria ser professor universitário.
A culpa de termos péssimos contadores de história como professores universitários não deriva de algo como “somos um povo sem memória” ou “somos um povo de escolarização sofrida, fraca”. Isso é verdade, mas não é isso que nos faz termos na cultura universitária pessoas que, pela lei da profissão deveriam ser bons contadores de história e, no entanto, não são. O problema está no modo como a cultura universitária se esqueceu do próprio entendimento do que é uma dissertação. Dissertatio – é isto: conte uma história. Comece por “Minhas férias” ou “O carro do papai” e passe pela “A mulher na Guerra do Paraguai” ou “Distúrbios da fala da criança na pré-escola” ou “A lógica de Santo Anselmo”. Todavia, esse fio condutor se perdeu. O estudante quer “fazer pesquisa”. E quer uma chave milagrosa para, da pesquisa, produzir seu texto. Ele imagina, estupidamente, que fazendo a disciplina (!) “Métodos e técnicas de pesquisa” ou a disciplina “Metodologia científica” ele conseguirá resolver seu problema, o de produzir sua dissertação. O que ele não sabe é que não é aí que mora o problema. O problema todo está lá na escola primária dele. Ele não foi educado fazendo o “ditado”, a “descrição”, a “interpretação” e, finalmente, a “dissertação” – a “redação”, diriam alguns. Ele não aprendeu a contar uma história".
Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor e professor da UFRRJ
02/03/2011
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