quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os jornais e a ruína dos modelos: entrevista com Juan Luis Cebrián


"O Observatório da Imprensa abre a temporada 2011 com uma série especial gravada no final de 2010 na Espanha. No primeiro dos quatro episódios, exibido na terça–feira (1/02) pela TV Brasil, Alberto Dines entrevistou um dos mais importantes nomes da imprensa espanhola, o jornalista Juan Luis Cebrián. Fundador e ex–diretor do jornal El País, onde atualmente atua como conselheiro delegado, Cebrián é CEO do Grupo Prisa, que reúne jornais, revistas, canais de rádio e emissoras de televisão. Voltado para educação, informação e entretenimento, o conglomerado de mídia está presente em mais de 20 países nos cinco continentes e chega a cerca de 50 milhões de pessoas.

(...) Para Cebrián, a influência da imprensa na sociedade precisa ser revista a partir do crescimento das mídias sociais: "Os jornais estão perdendo o poder, em geral, justamente porque têm desaparecido da centralidade da formação da opinião pública. Achamos que nós, políticos e jornalistas, ainda continuamos tendo um enorme poder, uma enorme influência na formação da opinião pública

(...) As características mídia mudaram e as empresas tradicionais, tanto as maiores quanto as menores, têm muitas dificuldades de adaptação. "É curioso assinalar que nenhuma dessas grandes empresas que estão agora no mundo digital, como Google, Facebook, Amazon, Microsoft ou qualquer outra que queiramos citar, nenhuma procede dos antigos impérios industriais midiáticos. Isto faz com que todo mundo fique muito nervoso, como é óbvio, sobretudo nas empresas mídia. E faz supor que estamos só no início da transformação", observou. Cebrián acredita as empresas de mídia entraram em uma nova etapa e a forma como esta configuração irá afetar a oferta de emprego, a preparação dos jornalistas e a qualidade da informação ainda é uma incógnita.

(...) Sobre o panorama na América Latina, Cebrián foi pragmático. "A realidade é que no Brasil, sobretudo também no México ou na Argentina, há evidências de grupos, senão monopolísticos, oligopolísticos, que condicionam enormemente o poder. E que o poder se queixa deles sempre, mas logo não se sente suficientemente forte para reformar a situação. Além do mais, quando tratam de fazê-lo, essa confrontação com os grupos oligopolísticos costuma ferir os menores e não resolve o problema fundamental." Além da adoção de um mecanismo regulador dinâmico, é preciso uma mudança de postura dos governos".

Oi na TV: Juan Luis Cebrián

Por Lilia Diniz em 3/2/2011

Observatório da Imprensa

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